Por Moiseis Oliveira da Paixão
Ainda no hospital
No hospital é assim:
Só dormir e comer
Depois olhar o vazio
Nada mais a fazer
Enquanto espera agulhada
Dói até estremecer.
O barulho das máquinas
Onde somos monitorados
Dói até minha alma
E muitos desesperados
Como os pássaros presos
Em gaiolas enjaulados.
Vejo vultos na madrugada
Que assusta, que acalma
Sombras atrás da porta
Deve ser mais uma alma
Que deixou esse mundo
Me causando trauma.
Meu vizinho da esquerda
Me olhando desesperado
Porque uma enfermeira
Já tinha lhe espetado
Quando vi aquela cena
Deveras fiquei assustado.
Mas sobra muito tempo
Olhando personalidades
Também o vazio da alma
De tantas atrocidades
Que se encontra ali
E outras disparidades.
Numa maca vejo alguém
Esperando assustado
A hora de ser atendido
E depois ser jogado
De novo em um leito
E ficar ali deitado.
Gente velha e de meia idade
Crianças e adolescentes
Tudo no mesmo pacote
Desde boas e indecentes
A doença não escolhe
Familiares e nem parentes.
Mas olhando para mim
Ali inerte e isolado
Coração ainda bate
Mas ainda assustado
Será que tenho tempo
De ser perdoado?
Se fiz coisas boas
Ou se deixei de fazer
Tudo vem à memória
Tenho que transfazer
O que fiz de errado
Consertar ou refazer.
Mas como sou cristão
Tenho Jesus na vida
Uma família linda
E uma esposa querida
Quando findar meu tempo
Vou para a terra prometida.
Moiseis Oliveira da Paixão