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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Artigo DADOS SOBRE RELIGIÃO ENTRE JOVENS NOS USA

AS RELIGIÕES CRISTÃS NO OCIDENTE TÊM MOTIVOS PARA PREOCUPAÇÃO DIANTE DE UM CRESCENTE NÚMERO DE ‘SEM RELIGIÃO’ ENTRE AS NOVAS GERAÇÕES.

 *Prof. Dr. Valmor Bolan

 

2064 Valmor Bolan

Segundo os dados do General Social Survey, o número de jovens norte-americanos que se manifestaram sem filiação religiosa aumentou consideravelmente na década de 90, no final do século passado. Das estatísticas feitas, esse aspecto chama a atenção, tendo em vista que essa é uma das mudanças com menor variação, até então. Trata-se de uma mudança significativa que tem levado especialistas a estudarem as razões pelas quais estariam levando mais jovens a assumirem essa posição. “O que causou essa mudança neste ponto específico da história americana?”, indaga Ryan Burge, professor assistente de ciência política na Eastern Illinois University. E busca explicações para isso. Em artigo que escreveu sobre o assunto, ele ressalta que “em 1991, 87% dos jovens adultos indicaram que sua fé era cristã, principalmente católica e protestante. Apenas 8% dessa faixa etária disseram não ter filiação religiosa. Em 1998, apenas sete anos depois, a proporção de jovens de 18 a 35 anos que se diziam cristãos caiu 14 pontos percentuais para 73%, enquanto a porcentagem que respondeu ‘nenhum’ saltou para 20%, um aumento de 12% pontos percentuais. Uma proporção que não havia mudado em nada entre 1972 e 1991 havia se movido por porcentagens de dois dígitos em sete anos”. Os números realmente são expressivos e indicam tendência para crescer ainda mais, o que torna um desafio para as religiões tradicionais.

Isso não significa também que os jovens têm se tornado ateus. A maioria diz acreditar em Deus, mas não se sentem motivados à filiação religiosa. O fato de não seguir os ritos de determinada religião, não quer dizer que não creiam em Deus. Nesse sentido, parece que se sentem mais livres, ainda mais numa sociedade cada vez mais pluralista, com intercâmbios maiores com várias culturas, em nível global, principalmente, pelas possibilidades de trocas de ideias e experiências pela internet e redes sociais, muitos jovens se sentem mais flexíveis e abertos. Os pais são os que mais sentem essa nova situação e tentam também se adaptar como podem. Os religiosos (evangélicos e católicos) buscam compreender o que ocorre, para evitar perdas ainda maiores.

Quanto ao impacto da internet diante dessa realidade, Ryan Burge diz que “os demógrafos ignoram o impacto da World Wide Web por sua conta e risco. Faria sentido que, à medida que os jovens fossem expostos a outras crenças sobre a nova tecnologia – e vissem as falhas em si mesmos – alguns deixassem a fé para trás. Mas os dados não a suportam inteiramente. De acordo com o Census Bureau, apenas 20% dos lares americanos tinham acesso à internet em 1997. Embora muitos jovens americanos tivessem acesso à internet na escola antes de terem uma conexão em casa, o efeito provavelmente só aceleraria as tendências citadas acima. O eco dessa queda é o que estamos vivendo hoje. Muitos dos que fugiram da religião em grande número durante esse período também escolheram criar seus filhos sem religião. Hoje, quase metade dessas crianças – millennials e geração Z – dizem que não têm afiliação religiosa”. O fato é que a realidade está mudando e precisamos estar atentos a isso, porque diz respeito como estão vivendo os nossos filhos e netos, e como os princípios e valores cristãos poderão sobreviver numa sociedade em rápida e profunda transformação.

 * Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.

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