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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Bertholetia Excelsa, de Jonas da Silva (1880 – 1947)

Se há uma árvore feliz, decerto é a castanheira:
No bosque ela resplende alta e dominadora.
A árvore da balata essa é tão sofredora,
Inspira compaixão a hevea, a seringueira!

Ela sozinha é um bosque e enche toda a clareira…
No ouriço a natureza o seu fruto entesoura
E a colheita presente e a colheita vindoura
Ei-las todas na fronde augusta e sobranceira.

Na casca não se vê sinal de cicatrizes,
De feridas cruéis por onde escorre o látex…
No seu orgulho é assim como as imperatrizes!

Se a posse é disputada entre explosões de nitro,
Na luta em que se queima a pólvora aos arráteis,
— O fruto é quase o sangue: é negociado a litro!

 

No poema, Jonas da Silva descreve parte da riqueza natural da Amazônia: suas árvores nativas. Destaca, logo no título, a Bertholetia Excelsa, conhecida como Castanheira do Pará ou Castanheira do Brasil, uma árvore de grande porte muito comum na região.

Descrita como forte e imponente, contrasta com outras árvores, como a balata, a hevea e a seringueira, alvos da exploração humana. O sujeito não esconde o seu pesar, descrevendo os golpes nos troncos, através dos quais as substâncias são retiradas, como “feridas cruéis”.

Na composição, a castanheira permanece grandiosa, já que os seus frutos podem ser comercializados pelos homens. Atualmente, no entanto, as coisas estão diferentes: a Bertholetia Excelsa é uma das espécies ameaçadas pelo desmatamento.

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