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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Brasil, 520 anos: como pesquisadores explicam o descobrimento; assista e ouça

22 de abril de 1500. Era uma quarta-feira. Coincidentemente, o mesmo dia da semana 520 anos depois. Era um outro mundo quando a esquadra de 13 navios e 1500 homens, comandada pelo jovem Pedro Álvares Cabral, de 32 anos de idade,chegou a um lugar diferente.

O relato do escrivão Pero Vaz de Caminha (confira transcrição na íntegra) indica que no dia 21 de abril (véspera do descobrimento) com especial admiração da natureza. A EBC, em 2013, destacou que a célebre comunicação  (considerado também o mais antigo registro “jornalístico” brasileiro) ao rei Dom Manuel passou a ficar disponível na internetConfira aqui a notícia.

“E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas (…). E quarta-feira seguinte, pela manhã topamos aves (…). Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz”. 

Em entrevista ao Portal EBC, a professora de linguística Enilde Faulstich, da Universidade de Brasília, destacou o extremo zelo, no vocabulário e na grafia, com que Caminha tratou o documento. “Era um homem letrado da época”.

Confira abaixo a entrevista com a pesquisadora.

Mesmo 520 anos depois, o assunto sempre foi tratado como controverso, ainda que seja um dos primeiros temas tratados nas aulas de história desde a infância. A TV Brasil, também em 2013, preparou um material especial sobre o descobrimento, em um episódio do “Construtores do Brasil”. A ideia era que o tema fosse discutido com as crianças de uma forma didática.

No material, o historiador Antônio Barbosa destacou que não se tratava de uma descoberta casual e fazia parte das disputas de terras travadas com a Espanha. “Portugal queria ficar uma bandeira nesse lugar”.

Confira o programa

Na mesma linha, a Agência Brasil resgatou também o olhar de um pesquisador português para o episódio. “Pedro Alvares Cabral não tinha ordem de procurar um caminho para a Índia pelo Ocidente”, afirmou o historiador luso José Manuel Garcia, autor do livro Pedro Álvares Cabral e a primeira viagem aos quatro cantos do mundo.

“Ele não queria ir para o Ocidente, apenas verificar se haveria terras que ele pudessem pertencer a Portugal, conforme o Tratado de Tordesilhas [1494]. Ele não poderia ir mais para o ocidente porque essas terras pertenciam aos espanhóis”, ressalta o autor descartando hipótese de acaso para o “achamento” do Brasil.

O interesse dos portugueses pelo descobrimento do Brasil foi destacado também em outra reportagem da Agência Brasil sobre documentações que registraram o “achamento” da nova terra. Portugal não teve noção imediata do registro.

O espanto de Pero Caminha com a nudez indígena não aparece na primeira edição em livro da carta, feita no Rio de Janeiro em 1817, época que Dom João VI morava no Brasil. Segundo José Manuel Garcia, o rei levou para o Brasil uma cópia da carta. A versão na íntegra só foi conhecida em 1822, em Portugal.

Outra abordagem tratada pelo Portal EBC e pela Rádio Nacional da Amazônia foi a atividade agrícola dos indígenas. Segundo Mary Del Priore,os índios já conheciam a agricultura, como o cultivo da mandioca. “Sem a sabedoria das nações indígenas, certamente os portugueses não aguentariam por muito tempo. O Sérgio Buarque de Hollanda tem um livro belíssimo que ele mostra como os índios vão ensinar aos brancos a buscar mel, a assoviar como determinados pássaros, entre outros”.

Outro pesquisador que explicou a situação dos nativos foi o antropólogo José Bessa, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. “Os indígenas foram desqualificados (pelos portugueses). Quando Caminha informa que naquela terra, se plantando tudo dá, os indígenas já tinham sacado isso muito tempo antes”. 

O programa Na trilha da história, em 2017, havia tratado sobre o descobrimento a partir de uma entrevista divertida (escute aqui) com o escritor Eduardo Bueno.  “Então Vasco da Gama escreveu para o Cabral e esse documento ainda existe, são as ‘dicas’ de Vasco da Gama. E o Cabral seguiu essa dica, mudou o rumo e chegou ao Brasil”. Em 2020, o tema voltou a ser destaque no programa com uma entrevista com o historiador Marcos Costa, doutor em História Social pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autor de “O livro obscuro do descobrimento do Brasil – como magia, ciência, religião e lutas pelo poder fizeram parte do projeto de conquista do Brasil”. O programa traz ainda programação musical do pernambucano Antônio Nóbrega.

Confira abaixo

(Agência Brasil)

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