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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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BRASIL Metade dos pacientes com covid apresentou sequelas que duraram mais de um ano, mostra estudo

Pesquisa conduzida pela Fiocruz Minas avaliou os efeitos da doença em 646 pessoas contaminadas pelo coronavírus

Os sintomas de pós-infecção foram constatados em três formas diferentes: grave, moderada e leve | Foto: Reprodução/Unsplash

Um estudo conduzido pela Fiocruz Minas constatou que metade dos pacientes que já foram diagnosticados com covid-19 apresentou sequelas que duraram mais de um ano. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), essas pessoas têm a síndrome chamada covid longa.

A pesquisa foi publicada na sexta-feira 6 na revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene e avaliou os efeitos da doença em 646 pacientes que tiveram covid-19, durante 14 meses. Desse total, 324 (pouco mais de 50%) apresentaram sintomas de pós-infecção.

Ao todo, os pesquisadores contabilizaram 23 sintomas, depois do término da infecção aguda. A fadiga, caracterizada por um cansaço excessivo e dificuldade para realizar atividades do dia a dia, foi a principal reclamação, sendo mencionada por 115 pessoas (pouco mais de 35%).

As outras sequelas relatadas foram:

  • tosse contínua: 110 pessoas (quase 35%);
  • dificuldade para respirar: 86 pessoas (pouco mais de 25%);
  • perda do olfato ou paladar: 65 pessoas (cerca de 20%);
  • dores de cabeça frequentes: 56 pessoas (17%)
  • insônia: 26 pessoas (8%);
  • ansiedade: 23 pessoas (7%)
  • tontura: 18 pessoas (pouco mais de 5%);
  • trombose: 20 pessoas (6%).

A pesquisadora Rafaella Fortini, coordenadora da pesquisa, ressaltou que todos os sintomas descritos acima começaram depois que os pacientes testaram positivo para covid-19, e que muitos dos sintomas continuaram por 14 meses, menos a trombose, que foi devidamente tratada, durando cinco meses.

“Há casos em que o paciente continua sendo monitorado, pois os sintomas permaneceram para além dos 14 meses”, explicou Rafaella, em entrevista ao portal da Fiocruz nesta quarta-feira, 11. “Nos casos em que o paciente, além de ter ficado com covid-19, possui algumas comorbidades, como diabetes, câncer, doença pulmonar, entre outros, aumentou a possibilidade das sequelas”.

Gradações da covid longa

Os sintomas de pós-infecção foram constatados em três formas diferentes: grave, moderada e leve. A forma grave afetou 260 pessoas — desses, 86 pacientes (33%) tiveram sintomas duradouros. Já a categoria moderada atingiu 57 pessoas — desse total 43 (75%) apresentaram sequelas. Na forma leve foram constatados 329 pacientes — desses, quase 200 pessoas (cerca de 60%) apresentaram sintomas constantes.

Os pacientes citados no estudo foram atendidos no pronto-socorro do Hospital da Baleia e no Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, que são referência em covid-19, em Belo Horizonte. Os pacientes foram atendidos entre abril de 2020 e março de 2021 e todos fizeram o teste RT-qPCR, exame em que são coletadas com um cotonete amostras de secreção do nariz e da garganta do paciente, para detectar fragmentos do vírus.

A faixa etária dos participantes variou entre 18 e 91 anos, sendo pouco mais de 50% do sexo feminino. Dos 646 pacientes, somente cinco foram vacinados contra covid-19. Desses, três desenvolveram a covid longa.

Segundo a pesquisadora Rafaella Fortini, a covid longa deve ter acompanhamento médico. “Há uma tendência de procurar tratamento apenas para as sequelas mais graves, como a trombose. Entretanto, é fundamental buscar ajuda médica para as outras questões, pois elas também podem interferir bastante na qualidade de vida das pessoas”, afirma.

(Revista OESTE)

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