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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Brasil põe em jogo domínio no Mundial de Surfe

Por Breno Dines, Flávio Dilascio, Tarso Moura e Winne Fernandes — Rio de Janeiro

Campeão de seis das últimas oito temporadas do Circuito Mundial de surfe, o Brasil chega mais uma vez entre os favoritos ao título da categoria masculina este ano. Filipe Toledo, campeão em 2022, e João Chianca terão a missão de manter o retrospecto a partir desta sexta-feira, início da janela do Finals da WSL, realizado em Trestles, na Califórnia. Para explicar a supremacia dos brasileiros nos últimos anos, o ge preparou um especial apontando quatro pilares: tipo de onda, geração, manobra e equipamento. O Brasil termina a temporada 2023 com quatro brasileiros no top-10 do ranking mundial masculino, além de Tatiana Weston-Webb no feminino.

Geração ousada e vitoriosa

O termo “Brazilian Storm” (tempestade brasileira) surgiu em 2011, mesmo ano em que Gabriel Medina e Miguel Pupo se juntaram a Adriano de Souza e Jadson André na elite. A entrada dos dois marca o início de uma geração vitoriosa na categoria masculina, que evoluiu em conjunto e foi responsável por quebrar paradigmas e colocar o Brasil no topo de etapas tradicionais e com características diferentes do nosso litoral – com tubos de fundo de coral e point breaks.

No feminino, o Brasil ainda busca seu primeiro título mundial. Em 2023, Tatiana Weston-Webb foi a única representante do país e não conseguiu repetir a classificação para o Finals, como nas últimas duas temporadas. Tati terminou a três posições do top-5, na oitava colocação. Em 2021, ela chegou ao vice-campeonato mundial.

Manobras aéreas e estilo progressivo

 Quando entrou na WSL em 2011, Gabriel ficou conhecido como “Medina Airlines”. O modo progressivo e destemido de surfar do brasileiro revolucionou o Circuito Mundial. As manobras aéreas, que antes eram vistas apenas em filmes de surfe e eventos de exibição, passaram a aparecer com frequência nas baterias. O Brasil trouxe o show para as competições, revolucionando a chamada linha tradicional, de manobras de borda.

Evolução dos equipamentos

Em 2023, a WSL implementou uma corrida paralela pelo título mundial, só que entre os shappers. É uma relação semelhante às montadoras dos carros da Fórmula 1, um olhar para o conjunto. Necessariamente, a evolução do surfe está atrelada ao desenvolvimento do equipamento. Neste sentido, a chegada do Brazilian Storm não se deu apenas através dos surfistas. Gabriel Medina, Filipe Toledo e Italo Ferreira foram campeões mundiais usando pranchas de shappers brasileiros.

Shapper de Filipinho há nove anos, Marcio Zouvi ganhou destaque internacional, e hoje é quem produz as pranchas da maioria dos atletas da elite do surfe. São 11 no total, sendo que apenas três deles são brasileiros. Os outros oito são de outras seis nacionalidades. Juntos, Filipinho e Zouvi elaboram pranchas que vão além do conceito padrão e remontam as primeiras quadriquilhas criadas pelo brasileiro Ricardo Bocão em 1981.

Surfistas que usam Sharp Eye

  1. Austrália – Jack Robinson
  2. Brasil – Filipe Toledo, Miguel Pupo e Tatiana Weston-Webb
  3. Estados Unidos e Havaí – Jake Marshall, Seth Moniz e Barron Mamiya
  4. França – Johanne Defay
  5. Indonésia – Rio Waida
  6. Itália – Leonardo Fioravanti
  7. Japão – Kanoa Igarashi

A evolução das pranchas se deve a vários fatores. No caso dos materiais utilizados para confecção, inicialmente eram apenas poliéster, poliuretano e fibra de vidro. Mais tarde vieram o EPS (isopor), o epóxi e o carbono. Os tamanhos e modelos mudaram. A prancha utilizada pelo australiano Peter Townend no título de 1976 tinha apenas uma quilha e media 2,23cm, quase 50cm maior que a quadriquilha utilizada por Filipe Toledo no título de 2022, de 1,75cm. Os volumes das pranchas também diminuíram consideravelmente. Atualmente se dão em torno de 26 e 29 litros, com peso em torno de 2,4 quilos.

Tipos de ondas e fundos de praia

Ao contrário do que acontece com a maioria dos surfistas da Austrália, Estados Unidos e África do Sul, que crescem surfando ondas com formação quase “perfeita”, os brasileiros se acostumam desde cedo a improvisar. E isso se deve muito ao tipo de onda e fundo de praia que são encontrados no Brasil. Os chamados “beach breaks”, fundos de areia, mudam conforme a corrente, são inconstantes e afloram a capacidade do surfista de ler uma onda. E, neste sentido, os brasileiros são muito mais versáteis, surpreendem com aéreos e muitas vezes conseguem tirar “leite de pedra”, o que não é instintivo no caso dos atletas que cresceram em fundos de pedra ou coral.

Finals 2023

Pelo terceiro ano, o título da Liga Mundial de surfe será definido através do Finals, em Trestles, na Califórnia. Nesta proposta, os cinco melhores surfistas do ranking mundial participam da decisão da temporada. Neste caso, Jack Robinson (5º) e João Chianca (4º) fazem a bateria de estreia. Quem avançar enfrenta Ethan Ewing (3º). O vencedor surfa contra Griffin Colapinto (2º) por uma vaga na final. Por fim, Filipe Toledo disputa o título da temporada contra o sobrevivente da triagem. Na grande final, a disputa é em melhor de três baterias.

Campeão em 2022, Filipe Toledo chega como o grande favorito ao bi após três títulos na temporada regular. Morador de Trestles, onde o Finals acontece desde 2021, Filipe Toledo dividirá o conhecimento local com Griffin Colapinto. Tido como um dos grandes nomes da nova geração do surfe americano, Colapinto bateu na trave por uma vaga no top-5 nos últimos dois anos e agora chega como forte ameaça a Filipinho.

Quem também fará sua estreia no Finals é o brasileiro João Chianca. Logo em sua segunda temporada na elite, Chumbinho é considerado a grande surpresa dessa decisão. Após conquistar a etapa de Peniche, em Portugal, e se garantir nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 deixando o tricampeão mundial Gabriel Medina para trás, João pode mais uma vez surpreender nomes experientes no Circuito.

Presentes no top-5 de 2022, os australianos Jack Robinson e Ethan Ewing vão utilizar os aprendizados do ano passado na busca pelo título inédito. Após temporada espetacular, Ethan quebrou duas vértebras da lombar às vésperas da última etapa, no Taiti, e chegou a ser dúvida para o Finals. Dos atletas que estarão na decisão, apenas Filipe Toledo já tem o status de campeão mundial.

 

 

 

 

 

 

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