Porto Velho/RO – A ação ilegal dos toreiros (responsáveis por levar a madeira das reservas para o pátio das serrarias) pode ser comprovada nas estradas vicinais que cortam o Estado de Rondônia, onde o tráfego de caminhões carregados é intenso.
As rodovias federais e estaduais são evitadas porque nelas, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) fazem constantes vistorias, o que acaba dificultando a ação ilegal de exploração da madeira, mesmo assim, segundo a PRF até o mês de outubro quase três mil metros cúbicos de madeira, o equivalente a uma pequena floresta, foram apreendidos nas rodovias federais de Rondônia, resultado de mais de 100 ocorrências policiais.
As regiões mais devastadas pelos toreiros são a Ponta do Abunã, Ariquemes e Pimenta Bueno. Eles desmatam áreas preservadas e até indígenas, mesmo com a constante fiscalização da polícia, de órgãos ambientalistas e da parceria de indígenas, que costumam delatar este tipo de procedimento.
Clandestinidade
A ação de fiscalização e os perigos enfrentados nas estradas e nas florestas parecem não assustar os toreiros. Muitos afirmam atuar na clandestinidade por não ter condições financeiras para manter um projeto de manejo, que é solicitado pelo Ibama, para a exploração de madeira. Eles acreditam que somente os grandes madeireiros têm condições para explorar legalmente a madeira em Rondônia.
Um outro saldo negativo que decorre da exploração ilegal da madeira, é que todos os anos dezenas de acidentes ceifam a vida destes profissionais. Em caso de fatalidade, por atuar na ilegalidade, a família da vítima não tem direito a nenhum benefício por parte da seguridade social.
“Pode ser gerado mais um problema social porque a família pode ficar totalmente desassistida”, diz o inspetor Alvino Domingues, chefe da seção de policiamento e fiscalização da Polícia Rodoviária Federal RO e AC. “Sem contar o extresse diário que estes profissionais enfrentam, além do risco de ser presos. O ideal é que façam um plano de manejo. Além de trabalhar na legalidade, vão permitir que se mantenha a cultura e terão madeiras de forma racional e sempre”, recomenda Domingues.
Fiscalização
Segundo o inspetor Alvino Domingues, as fiscalizações são feitas nas rodovias federais, porém há alguns casos de apreensão nas estradas vicinais. “Geralmente os toreiros precisam passar por algum trecho da rodovia federal e geralmente são abordados pelas equipes”, explica.
Sanções
Toreiros flagrados realizando transporte ilegal de madeira são presos e em seguida liberados para aguardar condenação. São condenados por cometer crime ambiental e o valor das multas pecuniárias estipuladas pelos órgãos ambientalistas (Ibama e Sedam) variam de acordo com o local em que foram apreendidos. Perante a Polícia Judiciária (civil ou federal), os toreiros cumprem sanções disciplinares como pagamento de cestas básicas ou realizam trabalhos comunitários.
Apreensões
Além do trabalho de fiscalização contra crimes ambientais, como o transporte ilegal de madeiras, a PRF atua paralelamente ao combate ao tráfico de drogas e contrabando. “Os traficantes tentam agir nas áreas mais obscuras possíveis e realizamos as atividades de fiscalização uma paralela a outra”, explica Domingues.