Ministro da Justiça expôs plano de sergurança para 23 países da União Européia, o que para entreguistas não é nada demais
- Por Mara Paraguassu
Leio em Poder360 que o ministro da Justiça Flávio Dino achou de bom tom, por considerar que a Amazonia é de interesse mundial, ter reunido em Brasilia na semana passada embaixadores e representantes de 23 países da União Europeia para prestar contas sobre o Plano Amazônia: Segurança e Soberania, ocasião em que também expôs ações da Polícia Federal executadas no primeiro semestre, “sobretudo aquelas em cooperação com a Europol”, diz o site, uma especie de agencia policial européia.
Que, juro, muito menos o padeiro da esquina, eu não tinha noção de estar cooperando com a nossa gloriosa Federal de tão poucos homens para atuar no pantano de imundicie que assola o país e a Amazonia. Como se vê, a transparência, que não era o forte na gestão do antecessor, também não o é na atual, inclusive sobre uso de cartão corporativo e viagens internacionais, e a subserviência aos gringos europeus para mim demonstrada por Flávio Dino agride a consciência nacional, sendo eu capaz de apostar que nem mesmo aos governadores da Amazonia Legal o plano foi apresentado antes.
Mesmo sem saber detalhes, esse plano de segurança é bem suspeito. E para mim atende mais aos interesses externos do que internos, do contrário não recorreriamos a dinheiro que não é nosso e, gravissimo, se destina, pelo histórico do tratamento dado pelo Brasil e ingerências ocorridas, mais do que a combater a criminalidade solta na Amazonia a engessar a população que nela vive e trabalha, sejam nativos – ribeirinhos, indígenas, extrativistas, cidadãos das suas cidades sem água e esgoto tratados – como também migrantes que para la foram com o projeto de plantar a terra incentivados por governos pretéritos.
É farta a literatura sobre isso, e fartos são os exemplos de obras paradas sob ação de ONGs em conluio com o próprio Estado brasileiro, via Ministério Público Federal, Ibama e Ministério do Meio Ambiente.
O plano não tem autonomia nacional. É co-organizado por exigência de articulação européia diuturna, pelo interesse dos que “doam” bilhões de dolares via Fundo Amazônia, em verdade investimentos, porque o tal plano se resume a duas palavrinhas do jargão policial-militar: comando e controle.
Significa reprimir e paralisar qualquer iniciativa de produção econômica por parte das populações locais dos 9 estados da Amazonia Legal a troco de, nada mais nada menos, entregar anéis e dedos da fabulosa diversidade amazonica aos que por anos vêm subtraindo riquezas e intervindo na gestão de um território que representa 60% do Brasil .É uma imundicíe que ninguem, nem na Justiça e nem no Parlamento, dá a devida atenção.
A repressão ao povo e paralisação ao desenvolvimento da Amazônia já ocorrem faz tempo, e foram muito bem relatadas no dia de ontem, terça-feira, 11, pelo ex ministro da Defesa Aldo Rebelo na CPI das Ongs, mas agora a coisa ganha a proteção inequivoca e ainda maior do governo Luiz Inácio Lula da Silva 3 que garante a construção de um aparato de segurança mediante, pasmem, a implantação de um Centro de Coooperação Policial Internacional, com sede em Manaus, capital de um Estado com mais de 90% de seu território preservado.
Mediante a construção de centros integrados de comando e controle, sobre os quais nenhum governador da Amazonia legal levantou uma palavra sequer, o que torna tudo mais suspeito. E isso tudo Lula anunciou no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.
Nenhuma linha na época na grande imprensa, nenhuma palavra em emissora de televisão sobre o que é o Centro de Cooperação Policial Internacional. Se fosse anunciado por Bolsonaro! Falta consciência e despertar sobre o que está acontecendo, inclusive sem haver o menor questionamento da presença de militares americanos na região.
Lembro muito bem quando a Polícia Federal, sob ordens de Marina Silva e Ibama, fazia rasantes com helicopteros e metralhadoras nas propriedades rurais dos agricultores de Rondônia a pretexto de combater o desmatamento e defender o meio ambiente. Constrangia os pequenos produtores, obrigados manter intactos 80% da propriedade, e o que se denunciava nos jornais era que o Ibama criava dificuldades para vender facilidades.
Se executava, nos primeiros anos do governo Lula da Silva, uma política ongueira avalizada dentro do Ministério de Marina Silva, que bancava essas entidades a título de proteger o meio ambiente, na verdade uma concertação com os interesses econômicos de outros países.
Noticia o Poder360 que o Plano Amazonia: Segurança e Soberania prevê o aparalhamento e a modernização de meios e infraestrutura dos órgãos de segurança pública que atuam na Amazônia Legal, 34 bases fluviais ou terrestres com gente da PF, PRF ou Força Nacional e policias estaduais. O dinheiro a ser usado? Do Fundo Amazonia, cujo cofre engorda com o mais recente anúncio de “doação” de R$ 30 milhões pela Suiça. Pesquise o site do Fundo ou do BNDES, operador dos projetos e recursos, para ver se voce vai encontrar!
É um plano estranho e suspeito, só não é nada estranho para o povo da Amazônia, colocado em último plano na geografia nacional com a ausência efetiva de Estado, de serviços básicos essenciais, noticiado como vilão da natureza e manipulado por organizações nacionais e estrangeiras protegidas pelo Estado brasileiro, que fazem da vitrine da defesa do meio ambiente o escudo para os interesses econômicos de grupos empresariais e governos globalizados, que detem tecnologia e defesa de alto nível. Tudo o que não temos. Bom para eles, ruína nossa.