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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Coluna Boca Maldita – ABRAÇO DE AFOGADOS

boca maldita
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FINALMENTE

Após vários meses de grandes conflitos testemunhados por toda a população, os vereadores de Cacoal conseguiram realizar a eleição dos membros da Mesa Diretora da Casa de Leis. Aparentemente o clima indica que a paz voltou a reinar nos corredores e nas sessões plenárias do legislativo da Capital do Café, mas as coisas podem não ser bem assim. O vereador Magnison Mota, que fazia parte do grupo de oposição à administração, agora passou a compor o grupo de vereadores favoráveis ao Executivo. Para tentar justificar a mudança de posição, Magnison Mota disse que se reuniu com muitos pastores e que os pastores teriam orientado para que ele mudasse para o grupo do prefeito. A história da reunião com pastores não foi confirmada por nenhum dos pastores ouvidos pela coluna. A mudança de postura não ocorreu somente com o vereador Magnison.  Muito estranho!

 

MAÇÃ x ABACAXI

Uma senhora que faz parte da igreja frequentada pelo vereador Magnison Mota foi ouvida pela coluna. Exigindo a condição de anonimato, ela disse que desconhece as reuniões com pastores, alegadas pelo novo presidente da Câmara de Cacoal. Em conversa com um colunista desta Boca Maldita,  ela disse que já viu cana virar açúcar, lagarta virar borboleta, água virar pedra, leite virar queijo, menino virar homem, mas nunca tinha visto uma maça virar abacaxi. Ao fazer as declarações, ela não citou quem teria virado maçã e quem teria virado abacaxi, no grupo de sete vereadores, mas deixou claro que em 2024 vai procurar outro candidato para votar. Na tribuna da Câmara de Cacoal e nas redes sociais, os vereadores que fazem parte do grupo controlado pelo prefeito Adailton Fúria dizem quem estão muito bem na cidade e que o mandato deles é aprovado pela comunidade.  Vamos esperar a abertura das urnas no próximo ano para conferir os resultados.

 

CAMPEÕES DE VOTOS

Essa teoria de imaginar que o mandato é aprovado por toda a população já foi colocada em teste algumas vezes em Cacoal e em muitas das vezes não  se sustentou. Outra tese que não representa a realidade é a ideia de pensar que os vereadores que se juntam ao prefeito e fazem tudo que ele manda conseguem ser reeleitos com facilidade. O mesmo acontece com aqueles que se colocam como oposição ferrenha. A população já mostrou que não gosta de quem critica, fala mal, mas também não faz nada.  No grupo opositor tem uns indivíduos que só por Deus. E a população cacoalense  já mostrou que nao tem problema algum em buscar a renovação! Para refrescar a memória, vamos citar os números das urnas apuradas em 2016 e em 2020. Quando a ex-prefeita Glaucione Rodrigues Neri foi eleita em 2016, o vereador Paulinho do Cinema foi o mais votado para a Câmara de Cacoal com 1.340 votos, o ex-vereador Rogerinho teve 1.257 votos, seguido de perto pelo ex-vereador Valdecir Goleiro, que teve 1.132, e Wilson Tim com 1.010 votos. Em 2020, quando disputaram a reeleição, Paulinho do Cinema teve 722, mas mesmo assim conseguiu ser reeleito. Mas os outros não tiveram tanta sorte! Rogerinho saiu das urnas com 458 votos, Valdecir Goleiro teve 115 e Wilson Tim conseguiu 200 votos. Na última eleição, apenas dois vereadores conseguiram ser reeleitos e nenhum deles foi o mais votado. Hoje ninguém sabe por onde andam os campeões de votos de 2016 e dificilmente eles conseguiriam voltar à fama. Vamos ver o que vai acontecer quando as urnas se abrirem em 2024.

 

BARULHO NAS REDES

E já que estamos a analisar os fatos ocorridos nas urnas, nas últimas eleições da Capital do Café, é necessário lembrar de outras situações. Quem se lembra da ex-candidata Lu do Orquidário? Nenhum dos candidatos a vereadores de 2020 fez mais barulho nas redes sociais do que ela. Lu do Orquidário tinha uma torcida organizada que usava até uniforme e tinham vários grupos de WhatsApp que somavam mais de 700 pessoas. O barulho nas redes sociais era muito grande e as bolsas de apostas eram muitas. Algumas pessoas chegaram a estimar que ela teria 2.000 votos. Quando as urnas se abriram após a votação de 2020, Lu do Orquidário teve 189 e ficou com a 79ª colocação entre os candidatos que disputaram a eleição, bem atrás de vários anônimos que nunca fizeram nenhum barulho nas redes sociais. Os atuais vereadores e outras pessoas podem até não concordar com a realidade e podem seguir dizendo que são aprovados e elogiados em todos os lugares da cidade, mas a verdade das urnas, a verdadeira pesquisa, pode dizer outra coisa muito diferente.

 

ABRAÇO DE AFOGADOS

Outra realidade que os atuais vereadores ignoram é que muitos deles encontrarão enormes dificuldades para arrumar uma nominata daquelas que são uma molezinha para a reeleição. Os pré-candidatos que hoje assistem essa confusão toda na Câmara de Cacoal estão se preparando para tirar do mandato os vereadores que foram eleitos prometendo mudança. Vários pré-candidatos ao legislativo no próximo ano dizem publicamente que não aceitam em nenhuma hipótese entrar nas listas de partidos que já tenham vereadores. Esse fenômeno é muito comum em qualquer eleição, porque ninguém está disposto a ser escada em 2024. Com isso, vários vereadores que hoje sorriem, achando que serão reeleitos, terão que se juntar em um partido somente, situação que complica bastante os projetos de reeleição. Então vamos imaginar os sete vereadores da base aliada do prefeito Adailton Fúria no mesmo partido na próxima eleição. Esta opção pode parecer vantajosa, já que eles hoje tem benefícios junto à administração. O problema é que a lua de mel vivida hoje por eles pode se transformar num abraço de afogados. A outra opção será pedir abrigo nos partidos onde os candidatos novatos estarão prontinhos para fechar as portas.

 

SERVIDORES MUNICIPAIS

Tudo indica que, muito em breve, o prefeito Adailton Fúria vai precisar fazer malabarismos para explicar a muitos servidores públicos municipais as razões pelas quais não dará aumento salarial a eles. Parece que já está em tratativa a aprovação de uma matéria com a finalidade de aumentar o salário do prefeito, dos secretários municipais e de outros servidores com postos/ salários mais altos no município. Dizem as más línguas, que no pacote de negociações, querem criar ainda vários cargos de luxo no município, entre eles os cargos de secretários-adjuntos. O problema é que os demais servidores, que também ralam todos os dias para fazer a coisa andar, não estariam nos planos da administração para terem aumento salarial e isto pode criar uma confusão muito grande. Para criar novos cargos, é necessário apenas que sete vereadores votem a favor. O prefeito já tem esses votos e dizem que tem também, como aliado da administração, o Sindicato dos Servidores Municipais. Resta saber como o SINSEMUC vai fazer para explicar aos demais servidores que o aumento prometido a eles pode não acontecer.

 

ESCOLINHAS DE FUTEBOL

Um assunto muito debatido nos últimos dias está relacionado com o esporte amador no município de Cacoal: as escolinhas particulares de futebol. Centenas de crianças e adolescentes frequentam diversas escolinhas de futebol na cidade e sonham se transformar um dia num grande jogador de futebol. O problema é que essas crianças e adolescentes pagam as mensalidades, pagam os uniformes e treinam frequentemente. Porém, sempre que existe a possibilidade de viajar para fazer testes em clubes de outros estados, essas crianças e adolescentes precisam sair para as ruas e vender as rifas organizadas pelas escolinhas com o objetivo de angariar recursos para pagar passagens, alimentação e hospedagem nos locais onde acontecem os testes. Alguma coisa não está funcionando bem nessa história, porque não se tem notícia de nenhum garoto dessas escolinhas que tenham conseguido aprovação nos testes realizados em clubes de outros estados e o time da cidade tem apenas um ou dois jogadores que podem ser chamados de pratas da casa. A intenção aqui não é condenar as escolinhas, porque tem pessoas sérias que trabalham treinando os garotos de Cacoal. Porém é preciso encontrar uma saída para evitar que essas crianças e adolescentes sejam obrigadas a vender rifas todas as vezes que precisam tentar um teste fora de Rondônia.

 

VEREADORES DO ESPORTE

A Lei Orgânica de Cacoal prevê, em seu artigo 111, que é dever da municipalidade fomentar práticas desportivas no setor urbano e rural do município. Além disso, no Plano de Governo que o prefeito Adailton Fúria apresentou à população na campanha de 2020 está escrito que criaria um programa chamado “Amigo do Esporte” e que este programa teria a finalidade de apoiar o esporte em parceria com a iniciativa privada. A maioria das escolinhas de futebol de Cacoal são da iniciativa privada, tanto que cobram mensalidades dos alunos. Isto significa que está na hora de colocar em prática o programa “Amigo do Esporte” e criar as condições legais para que o município possa custear os valores que essas crianças precisam para viajar e fazer testes. Os garotos que vendem rifas para tentar sair da cidade e fazer testes em outros estados certamente ficam muito frustrados, quando não conseguem vender as rifas em número suficiente para bancar as despesas ou quando a família não consegue pagar os valores. Os vereadores precisam acordar e perceber que as crianças e adolescentes que treinam em escolinhas privadas também são filhos de eleitores de Cacoal.

 

CADÊ AS PONTES?

No ano de 2021, vários políticos de Cacoal fizeram vídeos, áudios e fotos nos locais ondem foram iniciadas as construções de algumas pontes na cidade. Naquela ocasião, eles se colocavam como verdadeiros idealizadores das obras e diziam que tudo iria mudar na cidade e que as famílias e empresas vítimas das cheias dos rios e das chuvas teriam uma vida melhor. Quase dois anos e meio se passaram e até hoje as pontes que seriam construídas não foram inauguradas. Claro que os políticos que fizeram propaganda tentando tirar proveito das obras estão caladinhos e nunca mais falaram no assunto, porque já se passaram dois períodos de chuvas e enchentes e as pontes não foram concluídas. Como haverá eleição no próximo ano, é muito provável que o assunto das pontes volte a aparecer nos discursos emocionados de nossos políticos, mas é pouco provável que todas elas sejam inauguradas até as eleições de outubro de 2024. Caso sejam concluídas, vai faltar espaço para políticos nos palanques montados para a inauguração. O grande problema é que muitas das vítimas das cheias estão juntas nos palanques desses mesmos políticos batendo palmas para as novas promessas.

 

PARA REFLETIR

“A linguagem política dissimula para fazer as mentiras soarem verdadeiras e para dar aparência consistente ao puro vento.” (GEORGE ORWELL, autor do livro A Revolução dos Bichos)

 

 

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