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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Coluna Boca Maldita – NÚMERO DE ELEITORES

NÚMERO DE ELEITORES

As campanhas realizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral e reforçadas por diversos artistas e outras personalidades conhecidas nacionalmente, chamando a juventude para fazer a inscrição do novo título eleitoral, parecem ter surtido o efeito esperado. Entre os meses de março e maio deste ano, o Brasil ganhou mais de 2 milhões de novos eleitores, a maioria deles são jovens com menos de 18 anos de idade. No caso de Rondônia, este ano há quase 1 milhão e 200 mil eleitores aptos a votar. Porto – Velho, a capital do estado, tem agora cerca de 345 mil eleitores, sendo a única cidade do estado em que pode haver o segundo turno em eleições municipais. O segundo turno somente é possível em municípios com mais de 200 mil eleitores. Neste caso, a notícia ruim é que mesmo com todas as campanhas realizadas com o objetivo de regularizar o título eleitoral de pessoas que ficaram mais de duas eleições sem votar não resolveram totalmente a situação. No estado, mais de 200 mil eleitores não compareceram para regularizar os títulos que possuem pendências. O título de eleitor é um documento muito importante, porque permite participar da escolha de governantes. A falta deste documento, porém, pode provocar várias restrições para as pessoas.

CAMPANHA VENCEDORA

Durante a campanha de 2020, o prefeito Adailton Fúria e seus aliados criaram uma estratégia bastante equivocada para pedir votos da população de Cacoal. Eles passaram a campanha inteira pregando a ideia de que Cacoal não precisava de deputados, porque bastava ao município eleger o prefeito Fúria. A propaganda feita pelo prefeito, que na época era deputado, funcionou e Adailton Fúria foi eleito com expressiva votação no município. Após ser eleito, ele renunciou ao cargo de deputado para tomar posse em Cacoal. Agora, passados um ano e cinco meses da posse, o prefeito, os vereadores aliados da administração e diversos cabos eleitorais da campanha vencedora de 2020 reclamam todos os dias que os deputados estaduais e federais abandonaram a Capital do Café. É possível que o prefeito e seus aliados tenham esquecido que fizeram campanha dizendo que o município não precisa de deputado, mas a população certamente lembra muito bem. O deputado Alan Queiroz, que assumiu a cadeira com a renúncia do atual prefeito de Cacoal parece ter dedicado o mandato para Porto – Velho, porque ele já não frequenta o município com a mesma frequência que fazia na campanha de 2020.

LAURO E FRITZ

Na sessão da última segunda-feira, os vereadores Luís Fritz e Lauro Kloch subiram à tribuna da Câmara de Cacoal para fazer duros discursos criticando os deputados estaduais, federais e senadores, dizendo que os atuais mandatários abandonaram a cidade. É necessário registrar que justamente os dois vereadores pertencem ao mesmo partido do prefeito e estavam no palanque em 2020 na campanha onde o grupo pregava que o município não precisa de deputados. Na época, muitas pessoas tentaram alertar sobre a maneira equivocada que foi adotada pelo grupo do prefeito para fazer campanha, mas não adiantou. Durante a gestão do ex-prefeito Franco Vialeto e da ex-prefeita Glaucione Neri, seus aliados diziam que precisavam da ajuda de todos os deputados e senadores eleitos pelo estado de Rondônia, não importando a sigla pela qual estavam eleitos. No caso do Padre Franco, ele construiu centenas de casas populares com a ajuda de deputados e senadores que não tinham nenhuma ligação com o PT. Já Glaucione Neri ganhou uma usina de asfalto e muitos outros benefícios para Cacoal.

 MUDANÇA DE ESTRATÉGIA

A situação eleitoral este ano pode ser bem diferente daquela de 2020, porque não é possível que os vereadores eleitos pela coligação do prefeito continuem pensando que uma cidade com quase 90 mil habitantes não precisa de deputados. Neste caso, resta esperar pelo início da campanha, em agosto e setembro, para saber se os vereadores e cabos eleitorais do prefeito vão mudar o discurso. Cacoal deve ter este ano a maior quantidade de candidatos a deputados estaduais e federais da história do município e vários deles já estão em pré-campanha. Certamente alguns vereadores da base aliada da administração municipal dirão que os eleitores de Cacoal precisam eleger deputados para ajudar Ministro Andreazza, Espigão do Oeste, Pimenta Bueno, Rolim de Moura e outros municípios vizinhos. Dentro da Câmara de Cacoal há vários vereadores que já manifestaram apoio a deputados estaduais que estão eleitos por outros municípios. No caso do prefeito Adailton Fúria, a vaga deixada por ele na Assembleia Legislativa foi assumida por um deputado de Porto – Velho, mas é difícil imaginar que ele fará campanha para candidatos que moram em outros municípios, porque ele costuma dizer que ama muito Cacoal.

COMISSÃO DE AVERIGUAÇÃO

A decisão da Câmara de Cacoal, em relação às denúncias de desvios de combustíveis na administração municipal certamente vai contribuir para colocar embaixo do tapete do Palácio do Café um dos maiores esquemas de corrupção de Cacoal. Os vereadores criaram uma comissão chamada por eles de “Comissão de Averiguação” e o documento que oficializou a comissão diz que a função dos vereadores será de “verificar” e “acompanhar” as investigações. Entre as atribuições dos vereadores, previstas na Lei Orgânica do município, não existe nenhum artigo dizendo que os vereadores possuem a função de verificar denúncias. Além disso, a palavra verificar não possui nenhum sentido para ser aplicado em casos de escândalos de corrupção e nenhum dos vereadores explicou o que isso significa. Ainda conforme o documento, os membros da “Comissão de Averiguação” são os vereadores Toninho do Jesus, Zivan Almeida e Paulinho do Cinema. Eles terão, segundo decidiram os vereadores, 90 dias para “verificar as investigações”. Caso não consigam verificar nada em 90 dias, o prazo será renovado para maiores verificações.

POLÍCIA FEDERAL

Enquanto os vereadores de Cacoal podem ficar até seis meses tentando verificar se houve desvio de combustíveis na administração municipal, o vereador Paulo Henrique Silva esteve no começo da semana em Ji-Paraná para denunciar o escândalo na Polícia Federal. Ele apresentou documento no ato da denúncia, informando que o próprio prefeito de Cacoal foi à Policia Civil e fez boletim de ocorrência sobre os desvios de combustíveis. Os vereadores que são contra a abertura da CPI alegam que somente abririam a investigação, caso houvesse provas contra o prefeito. Porém este argumento não tem nenhum sentido, porque o prefeito exonerou os servidores acusados de praticar os desvios. Os vereadores certamente estão imaginando que as provas serão deixadas na chaminé da Câmara de Cacoal no dia 24 de dezembro, enroladas em papel de presente e com lacinho em cores natalinas. Como as denúncias foram feitas pelo vereador Paulo Henrique na Polícia Federal, não está descartada uma operação daquelas que costumam acontecer às seis da manhã. Em Cacoal, as únicas pessoas que não sabem se houve desvios de combustíveis são os vereadores da base aliada do prefeito Fúria.

CAMELOS MUNICIPAIS

A maioria dos vereadores já bateu o pé, declarando que não aceitam a abertura da CPI dos Combustíveis. Além disso, a comissão criada por eles não possui nenhuma legitimidade para investigar o assunto e também não pode punir nenhum dos culpados. Mas, para que nosso leitor tenha uma pequena ideia da situação, existe uma roçadeira da prefeitura, dessas comuns usadas para roçar capim, que estava consumindo mais de 400 litros de gasolina por mês sem roçar nenhum canteiro. Além disso, um motor estacionário, que fica no hospital Materno Infantil, estava consumindo cerca de 1.000 litros de combustível todos os meses. No caso desse motor, ele serve para ser acionado quando faltar a energia da rua. O problema é que ninguém lembra de ter faltado energia no hospital durante o período em que o motor consome essa quantidade de combustível. A roçadeira da prefeitura está sendo chamada nos corredores da administração de Camelo Municipal. A referência deve ser pelo fato de que um camelo costuma beber 100 litros de água cada vez que sente sede. Neste caso, o motor do hospital vale por mais de 10 camelos.

GRUPOS POLÍTICOS

A campanha de reeleição do governador Marcos Rocha já começa ganhar forma e diversos prefeitos, vereadores e deputados estaduais já declaram apoio ao governador. Certamente este fato acontece porque nos últimos meses o governo intensificou a ajuda aos municípios e tenta executar diversas obras e programas antes das eleições. Os vereadores e o prefeito de Cacoal ainda não declararam quem será o candidato a governador apoiado pelo grupo do prefeito, mas é provável que eles estejam em outro palanque, porque, durante todas as sessões da Câmara de Cacoal, a base aliada do prefeito costuma fazer duras críticas contra o coronel Marcos Rocha. Assessores próximos ao governador dizem nos bastidores que não estão contentes com a postura dos vereadores e essas informações, com certeza, já chegaram ao Palácio Rio Madeira. Caso Marcos Rocha seja reeleito em outubro a administração municipal vai precisar aparar muitas arestas para conseguir o apoio do governo. Aliás, a relação atual já não é das melhores e fica sempre a impressão de que a administração de Cacoal está muito distante da gestão estadual.

FILIA RONDONIA

O movimento denominado “Filia Rondônia”, liderado pelo senador Marcos Rogério, tem buscado aliados em todos os municípios e distritos do estado. A intenção é formar um palanque mais robusto para tentar tirar a reeleição de Marcos Rocha. Aos novos aliados, o senador Marcos Rogério tem falado que é o candidato do presidente Bolsonaro e que isto significa que Rondônia vai mudar caso ele seja eleito para o comando do estado. Esse argumento não é suficiente para organizar um palanque vencedor, mesmo porque o atual governador também possui relação próxima com o presidente da República. Essa disputa deve-se ao fato de que Rondônia é um estado conhecido como bolsonarista e disputar a eleição como aliado do presidente pode render bons frutos. Marcos Rogério conta com o fato de ser filiado ao PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro, mas existem muitos bolsonaristas conhecidos em Rondônia que fazem parte do governo Marcos Rocha ou que são aliados de primeira linha do coronel. Resta saber quem vai sair no santinho ao lado do presidente a partir de agosto.

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