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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Coluna Boca Maldita – PEDAGOGIA DA CONFUSÃO

 

CAMPEÃO DA DENGUE

Esta semana, uma emissora de TV de Rondônia mostrou uma reportagem informando que Cacoal é o município com o maior número de casos de dengue registrados nos últimos dias. Conforme a matéria, são mais de 1.000 casos da doença na Capital do Café. Quase a metade das pessoas afetadas residem, segundo a reportagem, no bairro Jardim Clodoaldo, região central da cidade, onde está localizada a Câmara Municipal de Cacoal. Como o mosquito transmissor da dengue pode voar por uma distância de até 100 metros, é possível que os focos estejam no próprio bairro. Assim,  é muito importante que todas as pessoas residentes na região façam uma fiscalização e observem se há locais com água parada, visto que o mosquito se abriga nesses lugares. Até mesmo numa tampa de refrigerante, garrafas vazias e outros objetos podem ser locais de criadouros do mosquito. A coleta de resíduos sólidos realizada pela prefeitura não é suficiente para garantir que os locais fiquem protegidos contra a reprodução do mosquito, é preciso adotar outras medidas. O sistema de fumacê utilizado em administrações passadas ajuda combater a doença e salva vidas, mas a campanha contra a dengue depende de toda a população.

QUEM QUER DINHEIRO?

No mês de março, o governo de Rondônia realizou em Porto Velho um encontro político do qual participaram dezenas de prefeitos e vereadores do estado. Na ocasião, os vereadores de Cacoal fizeram fotos abraçados à uma imagem de um cheque gigante no valor de 28 milhões de reais que seriam enviados a Cacoal. Os vereadores fizeram questão de compartilhar a imagem em suas redes sociais e fizeram muitos elogios ao governador Marcos Rocha. O problema é que até hoje ninguém sabe quando os recursos chegarão ao município e existem muitos problemas a serem resolvidos. Aquela imagem patética dos vereadores abraçados ao cheque lembrava os programas de auditório da TV nos quais o apresentador anima a plateia e pergunta quem deseja ganhar dinheiro fácil. Esse evento tinha um caráter muito eleitoral do que técnico e muitos prefeitos e vereadores foram levados a assinar ficha de  filiação em partidos ligados ao governo. Como os recursos prometidos não chegaram a Cacoal ou outros municípios do interior, alguns vereadores estão revoltados e prometem abandonar o eventual apoio à reeleição do governador. Claro que a revolta é apenas de momento e basta a realização de novo evento do gênero para que os vereadores voltem para os braços do governo de Rondônia. No ano passado, um encontro semelhante foi realizado e os mesmos vereadores foram à capital para participar.

PISO SALARIAL

Os professores da rede municipal de Cacoal não estão muito contentes com a administração do prefeito Adailton Fúria. O problema é que o prefeito enviou para uma assembleia dos professores vários assessores da administração municipal que apresentaram a proposta do chefe do executivo para os trabalhadores. A proposta do prefeito, também defendida pelo presidente do sindicato, é que os professores abram mão de receber os valores referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março do Piso Salarial para ajudar a administração. Entre os argumentos usados pelo prefeito e seus assessores, eles afirmam que não dá para pagar os valores retroativos, porque as crianças das escolas municipais ficarão sem merenda. Esse argumento, porém, não tem a ver com a realidade e muito menos com a verdade. Os recursos utilizados para pagar professores não possuem nenhuma relação com a compra de merenda. Recursos de merenda não podem ser usados para pagar pessoal e recursos de pagamento de pessoal não podem ser usados para compra de merenda. Essa regra e muito básica na administração pública e o prefeito deveria saber disso. O maior problema da secretaria de educação de Cacoal é exatamente a falta de planejamento. No ano de 2021 milhares de reais foram gastos para distribuir bicicletas para os alunos da rede municipal utilizando critérios muito mais políticos do que técnicos.

BASE ALIADA

Vários vereadores ligados ao prefeito defendem a tese de que os professores não precisam receber os valores retroativos e alguns chegam a dizer que fizeram contas. Mas esses mesmos vereadores defendem a criação de inúmeros cargos novos na administração em que as gratificações são altíssimas. Na mesma semana em que apresentou a proposta de não pagar os valores retroativos aos professores, o prefeito enviou aos vereadores um projeto para criar muitos cargos comissionados na Procuradoria Jurídica do Município, com gratificações que chegam bem perto do valor do salário dos professores municipais. Além dos vereadores da base aliada, há dois ou três diretores de escolas que fazem discursos dizendo que abrem mão de receber o retroativo. Certamente esses diretores imaginam que serão diretores de escolas eternamente. Muitos professores do município dizem que não reclamam das propostas do prefeito, porque não querem ter conflito com a direção do Sindicato dos Servidores Municipais, onde, segundo eles, o prefeito teria fortes aliados. Conforme disseram os vereadores que defendem o prefeito na Câmara de Cacoal, uma comissão com cinco pessoas foi formada e decidiu abrir mão dos valores retroativos em nome de todos os professores, mas esta não parece ser a medida mais adequada para decidir sobre fato tão importante. Em contato com a coluna, alguns professores declaram,  sob a condição de sigilo, que o próprio presidente do SINSEMUC seria aliado de primeira hora do prefeito, mas, nas redes sociais, ele nega as acusações e afirma que defende apenas os interesses da categoria.

PEDAGOGIA DA CONFUSÃO

Falando em educação, o prefeito de Cacoal e o secretário de educação do município resolveram retirar cinco aparelhos de ar-condicionado da escola José Mauro de Vasconcelos, localizada no setor rural de Cacoal. Os aparelhos teriam sido levados para a escola José de Almeida para atender parte da escola que foi reinaugurada poucos dias atrás. Servidores da escola José Mauro de Vasconcelos afirmam que os cinco aparelhos de ar-condicionado não funcionavam porque faltava instalar uma central elétrica no local. Um fato curioso é que a escola de onde foram retirados os aparelhos está localizada no reduto eleitoral do vereador Toninho do Jesus, mas ele até hoje não e manifestou sobre o assunto e talvez não tenha nem sido informado, já que ele faz parte do grupo de vereadores aliados do prefeito Adailton Fúria. A atual administração tem encontrado muitas dificuldades para administrar as escolas rurais e o ano letivo nas escolas rurais começou apenas no mês de abril, porque não havia transporte disponível para carregar os estudantes. Esta situação certamente vai comprometer a conclusão do ano letivo na zona rural e isto já foi objeto de muitos protestos das famílias que residem nas linhas do município. Vale lembrar que Cacoal é um município em que a produção rural é uma das principais fontes de economia da cidade e contribui de maneira significativa para o desenvolvimento de Cacoal.

MAGNISON MOTA

O vereador Magnison Mota não está nem um pouco contente com a administração do prefeito Adailton Fúria. Na última segunda-feira, o edil usou a tribuna da Câmara de Cacoal para dizer que o secretário de Obras do município e o secretário da Agricultura agem de maneira muito covarde contra os vereadores. Magnison declarou que os secretários se recusam a atender ligações telefônicas de pessoas da comunidade, quando essas pessoas são orientadas pelos vereadores para cobrar ações das secretarias. Na ocasião, o vereador Toninho do Jesus pediu um aparte e declarou que os secretários municipais se recusam a prestar informações simples e não atendem às demandas levadas pelos vereadores. Toninho de Jesus afirmou que não gosta de reclamar da administração, mas que a situação ficou insustentável, por causa da falta de ação de vários secretários municipais. Realmente não é comum ver o vereador Toninho reclamar da administração, fato que revela um problema maior da administração. Nenhum dos vereadores citou o nome do prefeito Adailton Fúria, mesmo porque eles fazem parte da base aliada, mas as duras críticas deixam claro que o prefeito não tem mais aquele domínio total que tinha no começo do mandato dos vereadores. Caso ele não adote medidas urgentes e não coloque seus secretários no eixo, em pouco tempo terá um grupo de opositores fortes dentro da Casa de Leis.

EDIMAR KAPICHE

Os vereadores Toninho do Jesus e Magnison Mota não são os únicos a criticarem a administração do prefeito Adailton Fúria. Na mesma sessão de segunda-feira, outro aliado do prefeito, o vereador Edimar Kapiche fez críticas duríssimas à administração municipal e citou fatos muito semelhantes aos citados pelos colegas. Segundo Kapiche, a coisa mais difícil nesta atual administração é um secretário municipal responder aos documentos enviados pelos vereadores. O vereador citou inclusive o fato de que prefere fazer lives para cobrar ações da municipalidade, porque, conforme as palavras do vereador, quando ele publica vídeos cobrando os secretários, obtém resultados imediatos. Certamente esse fenômeno acontece porque a atual administração adora fazer vídeos e áudios dizendo que tudo funciona de maneira maravilhosa. Fontes da coluna informam diariamente que os servidores municipais de todas as secretarias são obrigados a compartilhar em suas redes sociais propagandas a favor da administração. O vereador Edimar Kapiche reclamou recentemente que os vereadores aliados do prefeito são convocados apenas quando é para resolver os problemas do prefeito, mas que não recebem convites para os bons momentos políticos e de lazer patrocinados pela administração.

PRONTO SOCORRO MUNICIPAL

Esta semana, o prefeito de Cacoal Adailton Fúria anunciou a reinauguração do Pronto Socorro Municipal em Cacoal. A medida pode ser uma boa solução para evitar as filas gigantescas no HEURO de Cacoal. Os vereadores que defendem a administração municipal costumam fazer duros ataques ao governo de Rondônia e colocam no governador e no secretário estadual de saúde a culpa pela falta de atendimento da população de Cacoal. Entretanto, a falta de unidades de saúde no município causa um grande problema e provoca a superlotação das unidades estaduais. O HEURO e o Hospital Regional de Cacoal possuem a finalidade de atender as demandas de mais de 30 municípios do interior de Rondônia. Assim, é necessário que Cacoal cuide das atribuições que tem no atendimento à saúde básica. É claro que os hospitais estaduais precisam funcionar de maneira eficiente e atender a população, mas não se pode afirmar que a culpa pelas deficiências da saúde básica em Cacoal seja do governo do estado.

PACIENTES DE HEMODIÁLISE

O vereador Luís Fritz, ferrenho defensor do prefeito de Cacoal, Adailton Fúria, está entre os vereadores que cobram do estado o funcionamento do HEURO  e Hospital Regional, porém ele tenta esconder os problemas da saúde municipal e declara em todas as sessões que tudo está uma maravilha. Recentemente ele declarou que foi conversar com pacientes da hemodiálise sobre como funcionam os serviços na clínica que foi requisitada judicialmente pelo prefeito nos primeiros dias do mandato. Segundo Fritz, os pacientes conhecem tecnicamente como funciona uma clínica de hemodiálise e podem opinar sobre o assunto. É claro que os pacientes não vão falar contra os serviços, porque são atendidos no sistema. Além disso, os pacientes não possuem formação técnica para opinar sobre aparelhos e equipamentos de hemodiálise e não devem ser incomodados pelos vereadores. O que essas pessoas precisam é receber o atendimento, não interessa para eles quem faz. Usar pessoas doentes para fazer discursos em defesa da administração é uma coisa desumana. Os vereadores precisam agir com mais responsabilidade, porque eles foram eleitos para representar a população. Quem tem a obrigação de representar o prefeito são seus assessores. Se a clínica de hemodiálise tivesse melhorado sob a administração do prefeito Adailton Fúria, o número de óbitos não seria o dobro do que acontecia antes da atual administração.

AUXILIO  EMERGENCIAL

Há muitos dias, talvez meses, os vereadores fizeram uma grande festa para comemorar um projeto de autoria do prefeito Adailton Fúria e que foi aprovado por unanimidade na Casa de Leis em Cacoal. Trata-se de um projeto que autorizava o município a pagar o valor de 2 mil reais para as famílias atingidas pelas fortes enchentes no município. Passados muito dias depois da aprovação da matéria, até hoje as famílias contempladas pelo projeto não receberam os recursos e tudo ficou na conversa. No período crítico de cheias, centenas de famílias perderam seus moveis e objetos pessoais, ficando em situação de calamidade. Não dá para entender o motivo pelo qual essas pessoas seguem esperando até hoje por uma ajuda tão festejada pelos vereadores. Será que os vereadores estão felizes com a espera dessas famílias pela ajuda? Por que criar esse tipo de situação e deixar as pessoas esperando tanto tempo?

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