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Coluna do Xavier – Cacoal: A Covid -19, a Saúde e a Educação… (19.03.2021)

Francisco Xavier E1599229223641

O Brasil vive uma situação de total insegurança, no setor de saúde pública e privada, em virtude da pandemia do coronavírus que afeta gravemente todos os continentes e causa dor e morte em todos os países. O problema é gravíssimo e a sociedade precisa contribuir para evitar que este mal se prolongue por vários anos. A situação é tão catastrófica que outros setores têm sido atingidos de maneira dramática, como é o caso da educação, considerada como prioridade pela legislação; mas relegada a segundo plano, em muitos estados e municípios, há cerca de um ano. No caso de Cacoal, uma das principais cidades do norte brasileiro, o município foi definido pelas autoridades estaduais como polo de tratamento de Covid-19, mas, na prática, o tal polo nunca existiu e a Capital do Café tem sofrido com a pandemia. Mesmo com todos os problemas causados pela pandemia, é muito importante que as autoridades não deixem a educação abandonada, pois isso pode causar muito mais problemas. As reclamações de muitos pais em Cacoal revelam que a saúde não é o único setor que vive o caos…

A forma agressiva com que a covid-19 toma conta de todo o país limita as ações de governadores e prefeitos e isso precisa ser compreendido como uma situação que está fora do controle das autoridades médicas e sanitárias. Todavia, é preciso que haja, por parte das autoridades, um olhar atento para outros setores, como a educação, que sofre consequências graves em virtude da pandemia, já que não existem condições seguras para retomar as atividades presenciais. Esta situação tem sido muito discutida por profissionais da Pedagogia e diversos outros segmentos da educação, todos em busca de soluções que amenizem eventuais perdas ou prejuízos que certamente podem ocorrer, com a oferta de modelos alternativos de educação, como as chamadas atividades remotas. Nesse particular é que precisamos prestar muita atenção, porque, os profissionais da educação têm feito de tudo para atender de modo satisfatório, mas em inúmeras ocasiões e circunstâncias o poder público não oferece as condições ideais…

A educação pregada nas leis federais, estaduais e municipais é sempre perfeita e atende de maneira igualitária à sociedade, mas, na prática, nem sempre as coisas acontecem desta forma. Caso alguma pessoa pare para uma rápida lida nos artigos 99 até 106 da Lei Orgânica Municipal, vai perceber que nesses dispositivos está devidamente registrado o dever que todas as autoridades e segmentos da sociedade possuem para com a educação do município. Entretanto, é preciso refletir sobre como isso acontece na prática. Em contato com diversas famílias que possuem alunos nas escolas da rede pública municipal de Cacoal, recebi diversas informações que mostram o desespero das mães pais pela situação que se instalou. Segundo essas pessoas, as famílias precisam se dirigir até as escolas e recolher as apostilas preparadas pelos professores. A partir disso, as explicações para os alunos precisam ser dadas pelos pais visto que o município não oferece aos professores nenhuma condição para realizar aulas através de meios tecnológicos e esclarecer dúvidas dos alunos. O prefeito de Cacoal e o secretário da educação talvez não saibam, mas existem muitas famílias que não possuem estrutura domiciliar para atender os filhos em atividades escolares. Muitas dessas mães e pais trabalham o dia inteiro e muitas vezes não possuem informações técnicas que possibilitem aos pais apoiar seus filhos em atividades escolares.

Uma coisa precisa ficar bem clara: se os alunos recebem as apostilas, isto significa que os professores estão cumprindo sua parte e fazendo as atividades. O problema é que falta o município ir além e oferecer condições aos professores para manter o contato com esses alunos, de maneira virtual. É isso que não tem acontecido a contento. A secretaria de educação deveria criar as condições para que os professores possam usar outros canais de comunicação com os alunos. Boa vontade dos professores não falta. As apostilas têm sido produzidas. Falta ao município perceber que precisa fazer mais que isso. Muitos profissionais das escolas públicas sofrem, porque não dispõem de equipamentos necessários para produzir melhor. No caso dos alunos, há milhares de famílias em que os alunos utilizam os aparelhos de celular dos pais. Certamente o secretário de educação não sabe dessa realidade, porque até hoje não se viu nenhuma declaração das autoridades municipais propondo melhorar essa situação…

A população deve lembrar que, pouco tempo atrás, a ex-prefeita Glaucione Maria encaminhou um projeto para o Palácio Catarino Cardoso, propondo a criação de um “kit escolar”. Esse “kit escolar” deveria ser discutido agora, já que estamos no primeiro ano de administração.  Por que não criar no município um programa municipal com a finalidade de atender as demandas de uniforme, material didático e acesso aos meios tecnológicos? Ainda que a pandemia seja controlada em dois ou três anos, nada impede que os alunos recebam assistência do município. E este é o momento para criar as condições legais, porque tanto o prefeito como os vereadores pregaram que iriam mudar a realidade da cidade. Faltam ações! A educação não funciona com promessas vazias! Ou nossas autoridades municipais oferecem aos profissionais da educação os meios para trabalhar, ou teremos futuramente uma crise no setor educacional, situação lamentável, por tudo que vimos e ouvimos nas campanhas de 2020… Tenho dito!!!

Francisco Xavier Gomes

Professor da Rede Estadual e Articulista

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