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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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COLUNA DO XAVIER – CACOAL: A CULTURA, AS CAMPANHAS E OS COSTUMES…

Por Francisco Xavier Gomes

 

A campanha eleitoral deste ano está a exatos 10 dias do fim. No primeiro domingo de outubro, dia 6, os quase 70 mil eleitores de Cacoal irão às urnas para escolher o prefeito do município e os vereadores/vereadoras que conduzirão os destinos de Nossa Urbe Obediana, a partir de janeiro. Isso é um fato muito importante, porque o ato de votar não é um mero direito. Votar é um direito que precisa ser exercido com muita reflexão, pelos eleitores, visto que é uma decisão que somente acontece a cada dois anos. No caso das eleições municipais, o último pleito ocorreu em 2020, quando praticamente todas as cadeiras do legislativo passaram a ser ocupadas por vereadores, naquele momento, novatos. Algumas pessoas indicavam o fato como sinônimo de “mudança”, mas o que houve, de fato, foi a troca de cadeiras e pessoas. O conceito de mudança é muito diferente do conceito de troca, embora muitas pessoas gostem de confundir, enquanto outras tantas fazem questão de confundir…

Obviamente que, para se falar em mudança, não se pode olvidar de tudo que foi prometido pelos candidatos que disputaram as eleições em 2020. Alguns prometiam gerar muitos empregos no município; outros prometiam construir hospitais, creches e escolas; outros tantos prometiam “moralizar” o legislativo e alguns prometiam investir no esporte, turismo, cultura, lazer e outras atividades. Então, qual era a realidade em 2021, e qual a realidade hoje? Em 2021, os vereadores de Cacoal tinham direito a cerca de 120 dias de férias. Eles apelidaram as férias de “recesso”, provavelmente com vergonha de chamar de férias. E vários vereadores ficam bravos, quando alguém fala sobre o longo período de férias que eles têm a cada ano. E por que os vereadores não mudaram a regra das férias? Porque não havia nenhum interesse em moralizar coisa nenhuma. Assim, permaneceu a cultura dos 120 dias de férias. Na legislatura anterior, havia brigas, confusões e futricas e, neste caso, precisamos admitir que houve uma mudança significativa, porque nenhuma outra legislatura anterior teve tanta confusão. Na legislatura anterior também havia aquele velho papo furado de emendas. Isto foi intensificado pelos atuais vereadores, e todo mundo sabe que não é verdade…

E os projetos? Quais foram os principais projetos elaborados e aprovados pelos vereadores? Essa pergunta pode ser facilmente respondida pelos próprios eleitores, porque a grande maioria dos vereadores não vai conseguir lembrar de absolutamente nenhuma lei criada por eles. Claro que há exceções, mas existe uma diferença colossal entre regra e exceção. A regra geral em um legislativo é exatamente a elaboração, discussão e criação de novas leis; as alterações de leis já existentes e a busca por novas normas municipais que atendam às demandas e anseios da sociedade. Então, vamos lá: Quais foram os projetos criados pelos vereadores para o esporte no município? Nenhum! Quais foram os projetos criados para fortalecer a cultura em Cacoal? Nenhum! Quais foram os projetos elaborados pelos vereadores para melhorar a saúde e a educação? Nenhum! No caso do esporte, por exemplo, isto representa uma grande curiosidade, porque há seis ou sete vereadores que se dizem representantes do esporte. Então, deveria ter acontecido pelo menos seis ou sete projetos para estimular a prática esportiva em Cacoal. Mas não existe nada, nesse setor. Nada! Uma simples olhada na Lei Orgânica do Município revela que várias ações sobre o esporte poderiam ter sido criadas pelo legislativo, mas isso não aconteceu. Neste caso, não houve, sequer, uma exceção. E não venham os vereadores dizer que faltou tempo. O que faltou foi capacidade técnica. E sobrou a tiflose…

E quantos empregos foram gerados pelos vereadores? Logicamente que nenhum, porque isto não está entre as atribuições do mandato, como as emendas também não estão. Somente pessoas muito inocentes acreditam nessa conversa. Deste modo, se não houve mudanças, e apenas trocas, prevaleceram os costumes. E quais os costumes prevaleceram? A troca de favores, o apadrinhamento, o compadrio, os discursos vazios… E são costumes sólidos, porque existem há décadas. As promessas vazias feitas por candidatos a vereadores em Cacoal são tão antigas quantas as leis e normas municipais. A cultura da velha política e a preocupação em manter os velhos costumes é uma marca do atual legislativo. Nenhuma mudança foi feita na Lei Orgânica do Município; nenhuma mudança foi feita nas normas que tratam do esporte. A única mudança no Regimento Interno da Câmara Municipal foi no horário das sessões. Antes, as sessões aconteciam à noite, e havia mais oportunidade para que a população pudesse estar presente. Como as sessões agora acontecem às nove horas das manhãs de segunda-feira, poucas pessoas conseguem acompanhar. Isso não é mudança…

E os eleitores mudaram? Pergunta complicada, porque muitas pessoas que faziam duras críticas contra os atuais vereadores agora andam num sol de 40 graus, lutando para mantê-los nos cargos. Não que os vereadores não tenham direito de permanecer, mas os eleitores que faziam discursos de mudança perderam a legitimidade para falar do assunto. O que se verifica hoje é a velha sistemática das campanhas do compadrio; a cultura das promessas vazias e a manutenção de costumes e vícios que colaboram apenas para degenerar a política, a cultura e os bons costumes. Mas nem tudo está perdido, porque o eleitor tem exatamente 10 dias para refletir sobre os caminhos que o município pode adotar. E que a nova composição do legislativo obediano consiga refletir sobre tamanha estagnação… Tenho dito!!!

 

FRANCISCO XAVIER GOMES

Professor da Rede Estadual e Jornalista

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