Por Franscico Xavier Gomes
CACOAL: A DENGUE, A COVID-19 E A PUBLICIDADE…
O pesado inverno que cai na Amazônia, todos os anos, entre os meses de outubro a abril, certamente não representa nenhuma novidade para as pessoas que vivem em Rondônia, visto que, apesar de todas as alterações climáticas, o período chuvoso mais intenso continua acontecendo no ciclo tradicional do clima amazônico. Este fenômeno traz como consequência o crescimento de grandes matagais nos quintais urbanos, e o mato pode esconder vasilhames que acumulam água e proporcionam a reprodução do mosquito da dengue. Isto é um perigo! Paralelamente ao problema da possibilidade de aumento dos casos de dengue, Rondônia precisa abrir os olhos para os casos de Covid-19, em diversos municípios do estado. Especificamente no caso de Cacoal, somente no mês de janeiro, quase 400 casos foram confirmados no município. O fato de ter diminuído significativamente o número de mortes, uma vez que o país chegou ao pico de cinco ou seis mil mortes diárias, não garante que a doença está erradicada e todos os cuidados possíveis devem ser adotados pelos órgãos públicos e pela população.
Ainda hoje, no Brasil, existem pessoas que afirmam categoricamente, que a covid-19 é uma doença “criada em laboratório”, com a finalidade de promover o domínio político do planeta. Evidentemente que isso não passa de um grande delírio, mas o fato é que a verdadeira origem da doença não está muito clara para todos os habitantes do planeta. Entretanto, sabe-se que a transmissão ocorre por meio de um vírus e, quanto a isso, parece não haver nenhuma dúvida. Neste caso, considerando a forma de transmissão, e considerando que a doença se multiplica com uma velocidade assustadora, o melhor caminho é buscar a prevenção, porque o Brasil já assistiu ao enterro de quase um milhão de pessoas vitimadas pela Covid-19. Após a grave pandemia, restou claro que a vacina é a forma de proteção mais segura, porque mesmo que a pessoa venha a contrair a doença, as consequências serão leves. O grande problema está na teimosia, na desinformação, no negacionismo, porque há milhares de pessoas que resolveram brigar com a ciência nos últimos anos. Por esta razão, é muito importante que haja campanhas publicitárias nos estados e municípios, alertando sobre os perigos da Covid-19 e para a necessidade da vacina. Para se ter uma ideia, no município de Cacoal, somente no mês de janeiro deste ano, foram registrados, até este momento, algo em torno de 400 casos. Estes números são preocupantes e exigem reflexão, prudência e prevenção…
No caso da dengue, o mecanismo de transmissão da doença é completamente diferente da Covid-19. A dengue é transmitida pela picada de um mosquito que se reproduz em água parada, ainda que a quantidade de água seja mínima. Por este motivo, é que os quintais devem ser limpos e fiscalizados pelos proprietários, porque uma simples tampa de garrafa pode ser suficiente para a reprodução do mosquito. Uma lata velha, um frasco de plástico, um saco dobrado, um papelão e muitos outros objetos que possam acumular água, mesmo em quantidades mínimas, oferecem enorme perigo. Por tudo isso, é claro que o controle da dengue parece muito mais fácil, já que depende da própria população. A falta de organização e cuidado com o lixo é outro fenômeno que pode gerar o mosquito da dengue, porque os animas de rua podem rasgar os sacos e espalhar objetos que acumulam água da chuva. Então, meus amigos, evitar a proliferação de dengue na nossa cidade também é uma tarefa nossa, da população, embora o poder público tenha suas obrigações também e, muitas vezes, não cumpre seu papel.
O leitor não precisa ficar alarmado com os números de casos de Covid-19 registrados neste texto, mas são números produzidos pela Secretaria de Saúde do Município. Da mesma maneira, não precisa haver alarme com a possibilidade de proliferação do mosquito da dengue, mas é preciso adotar alguns cuidados e as medidas cabíveis. No caso da Secretaria Municipal de Saúde, é muito mais simples, porque recentemente o município se movimentava para fazer uma licitação no valor de 740 mil reais para divulgação de publicidade da administração. Ora, minha gente, não custa nada usar pelo menos 7.400 para fazer a divulgação de esclarecimentos à população, sobre os casos de Covid-19 e Dengue no município. Alertar a população, passar as orientações técnicas, divulgar procedimentos que devem ser adotados para evitar as doenças. Todo mundo sabe que existem secretarias municipais que adotam a seguinte conduta: os servidores comissionados e subordinados que não fizerem propaganda do prefeito e da administração correm o risco de perder os cargos. Todo mundo sabe disso! Eles são obrigados a fazer postagens diárias em suas redes sociais. Então, basta mandar esses servidores reproduzirem as informações e orientações sobre dengue e covid-19 em suas redes sociais. Claro que os secretários municipais dirão que isso nunca aconteceu, porque muitos deles são caras de pau, mas até os bagres do rio Pirarara sabem disso…
Agora, se o pessoal de comunicação da Prefeitura Municipal disser que não pode usar 7.400, desses 740 mil reais, para fazer campanhas de divulgação sobre as citadas doenças, fica difícil acreditar na seriedade dessa administração. Basta falar com as empresas contratadas para fazer propaganda do prefeito e exigir que 1% deve falar da dengue e covid-19. A divulgação de campanhas informativas é fundamental para orientar a população e as campanhas informativas não possuem proibição pela legislação. Esconder as verdades sobre a dengue e a Covid-19, e dar preferência para propagandas inúteis, é uma forma de financiar o descaso e a desinformação. Assim como a Covid-19 e a dengue, a má utilização dos recursos públicos também faz muito mal ao contribuinte… Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e Jornalista