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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Coluna do Xavier – CACOAL: A EDUCAÇÃO, O PISO E AS BICICLETAS…

Por FRANCISCO XAVIER GOMES

Os professores da rede municipal de Cacoal devem lembrar, muito bem, que,  no ano passado, a administração municipal realizou um festival de distribuição de bicicletas, apenas para fazer barulho político, mas sem nenhum critério didático ou pedagógico. Tanto que a distribuição atendeu pessoas que doaram ou venderam as bicicletas no dia seguinte. Claro que os vereadores bateram palminhas e ficaram uma semana dando os parabéns para o prefeito, porque os vereadores (com as justas exceções) adoram idolatrar Seo Antunes. Agora, o prefeito se alia com alguns vereadores da chamada “base aliada” para propor aos professores que abram mão do direito de receber seus salários com a correção dos valores previstos na legislação referente ao Piso Salarial. É muito estranho que haja vários vereadores defendendo essa teoria, sob o frágil argumento de que o município não tem dinheiro. E são os mesmos vereadores que bateram palminhas para as bicicletas…

Inicialmente, é importante lembrar que o Piso Salarial é um direito dos professores e não pode ser negligenciado por meia dúzia de pessoas. Além disso, é um absurdo o sindicato dos servidores públicos municipais levar para uma assembleia geral a tropa de choque da administração para impor as vontades da prefeitura. Os secretários municipais, os vereadores controlados pelo prefeito e outras pessoas até podem defender ideias que prejudiquem os servidores, mas fazer isso em uma assembleia geral de trabalhadores é muita cara de pau!!! Alguns áudios gravados pelos professores e compartilhados nas redes sociais deixam claro que os assessores e outras pessoas ligadas ao prefeito fizeram de tudo para impor os interesses da prefeitura contra os direitos dos professores. O argumento usado por aliados do prefeito de que não adianta acionar o Poder Judiciário para reclamar o direito ao Piso Salarial é ridículo. Dizer que o prefeito daria o reajuste porque quer também é um argumento completamente infundado. Ao assumir o mandato, no ato da posse, os prefeitos juram cumprir as leis do Brasil.

O argumento de que o município não pode arcar com o Piso Salarial, porque não possui recursos não combina com a farra de gastos promovida pela prefeitura de Cacoal e com as bênçãos dos vereadores. Basta lembrar dos shows patrocinados pela administração, dos quase meio milhão de reais utilizados para enfeites natalinos, dos quase um milhão de reais utilizados para comprar bicicletas, dos milhares de reais utilizados para alimentar a farra de diária dos vereadores e vários outros fatos. O próprio projeto enviado pelo prefeito à Câmara de Cacoal, criando um monte de cargos de luxo na Procuradoria Geral do Município e a criação de diversas gratificações de luxo deixam claro que o município tem dinheiro. O próprio prefeito e o vereador Tonhão Fritz usaram a tribuna da Casa de Leis para dizer que Cacoal arrecada 6 bilhões de reais. É lógico que eles não sabem o que estão falando, mas fizeram as declarações publicamente.

Ainda sobre este tema, quero registrar minha total discordância em relação ao discurso proferido pelo meu amigo Paulinho do Cinema, durante a sessão ordinária da última segunda-feira. Ele revelou que nunca gostou de sindicatos e que considera sindicatos um problema. As coisas não são bem assim, meu amigo! O mesmo direito que os vereadores têm de fazerem parte da UCAVER; o mesmo direito que os prefeitos têm de fazerem parte da AROM; o  mesmo direito que as empresas têm de fazerem parte da ACIC/CDL… É o mesmo direito que os trabalhadores têm de fazerem parte de sindicatos ou associações. Eu não posso querer tirar das empresas e dos empresários o direito constitucional de fazerem parte de suas entidades. Aliás, as entidades de classe, sejam elas de trabalhadores ou de patrões, são absolutamente necessárias para a consolidação da democracia e para o devido cumprimento da Carta Magna que todos os vereadores juraram cumprir. Especificamente no caso do prefeito de Cacoal, ele não precisa ser defendido por nenhum sindicato ou sindicalista, porque esse papel é da AROM ou da PGM. O dever do SINSEMUC, por exemplo, é defender todos os filiados e brigar por seus direitos. O Piso Salarial é um direito dos servidores. Não é o prefeito de Cacoal que decide que tem direito a receber ou não!!

Outro argumento que não faz sentido é discurso de diretor de escola abrindo mão do Piso Salarial. Os diretores de escola são representantes do prefeito; não dos professores. E não venham os bajuladores de plantão falar que diretores de escola são independentes. Não são!!! Exatamente por esta razão é que eles não representam professores. Os presidentes de sindicatos é que são independentes (ou deveriam ser), porque são eleitos, como os vereadores. Entretanto, existem vários vereadores em Cacoal que foram eleitos pela população para defender a população; mas dedicam 24 horas todos os dias para bajular o prefeito.  Vereadores que se colocam contra a população para ficar do lado do prefeito, mesmo quando o prefeito está errado, são traidores. A intenção de prejudicar os professores é tão grande que as pessoas pregaram a ideia de dizer que, caso pague o piso, vai faltar merenda para os alunos. É muita cara de pau!! Que mentira deslavada!! Dinheiro de merenda não tem absolutamente nada a ver com salários de professores. E tem mais uma coisa: caso a Prefeitura de Cacoal não pague os valores retroativos a janeiro, o SINSEMUC tem o dever de acionar o Poder Judiciário e cobrar o cumprimento da lei. O prefeito e os vereadores que possuem conchavos com o prefeito têm o direito de prejudicar os professores; o que não pode é o sindicato aceitar esse tipo de absurdo… Tenho dito!!!

FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Articulista

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