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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Coluna do Xavier – CACOAL: A SOCIEDADE, OS PROFISSIONAIS E A IMPARCIALIDADE…

*FRANCISCO XAVIER GOMES

O debate sobre política, sobre a sociologia e a epistemologia dos mais diversos temas é algo que envolve todos os setores da sociedade. Por esta razão, logicamente, há uma diversidade de pensamentos que nem sempre atendem a todas as demandas, como diria meu amigo Kapichão das Demandas. Assim, é muito importante e necessário que as pessoas tenham posições muito claras, o que raramente acontece em cidades como Cacoal, contexto político em que milhares de pessoas fazem malabarismos para conviver, mesmo quando discordam de muitas coisas. Este fenômeno cria conceitos e situações muito divertidas e curiosas, visto que, para muitas pessoas, o mais importante é bajular os políticos de plantão, ainda que não dependam deles para absolutamente nada. Esses fatos possuem como consequências naturais manifestações que colocam muitos profissionais dos mais diferentes ramos em situações vexatórias, principalmente aqueles que atuam no universo social, considerado por muitos como uma seara onde todas as pessoas devem ser “imparciais”…

O problema, o grande problema, é que esse discurso de imparcialidade é aproveitado por um número muito grande de pessoas que se escondem para não dizer o que pensam dos políticos de plantão, ou mesmo para negar que defendem tais políticos, o que é muito mais natural. Pouco tempo atrás, em conversa com um grupo de amigos, ouvi de algumas pessoas que os jornalistas devem ser “imparciais”. Mas, afinal de contas, o que significa ser “imparcial” para essas pessoas. Na cabeça deles, ser imparcial significa discordar de muitos atos dos políticos, mas bater palminhas e dar parabéns, sempre que necessário. E, assim, vamos formando a sociedade imparcial que é doutrinada para dizer “amém”. Mas as coisas não são bem assim… No caso dos jornalistas, esse papo de ser imparcial é pura falta de amor próprio. O jornalista não deve ser imparcial. Ou pelo menos não deve ser imparcial nas concepções obedianas. O que o jornalista não pode, jamais, é ser mentiroso, leviano, caluniador… O jornalismo tem compromisso com a verdade, com a obrigação de divulgar e comentar fatos, sem inventar mentiras. Sobretudo, o jornalista não pode mentir para si mesmo, apenas para agradar pessoas, políticos ou grupos políticos. Isto não é fazer jornalismo; é fazer proselitismo…

Isto posto, é muito importante que meus leitores saibam exatamente o que penso, como avalio os fatos e que posições adoto diante de tais fatos. Eu não sou imparcial, nunca fui imparcial e nem pretendo ser. A imparcialidade é o refúgio de pessoas sem lado. E todos os profissionais possuem lado, mesmo que digam o contrário. O jogador de futebol, o ator, o comerciante, o juiz, o promotor, o jornalista, o padre, o pastor, o vendedor ambulante… Todo mundo tem lado!! O problema é que muitas pessoas tentam mentir para si mesmas. No caso dos jornalistas, os fatos estão à disposição de todos nós e precisam ser divulgados, porque a população precisa saber das informações. No caso dos magistrados, para citar um exemplo claro, todos eles possuem um lado. E possuem o dever de ter lado. O lado dos magistrados é o lado da justiça. No caso dos jornalistas, o lado mais coerente é a verdade, os fatos, a realidade, ainda que, muitas vezes, esses fatos não sejam aquilo que governantes querem ver publicados. Qual o problema em assumir o lado do que se tem? O crime está em não ter lado; não ter posição; assumir a omissão. Especificamente no meu caso, sou jornalista de esquerda. Todavia, minha formação de esquerda não me dá o direito de inventar mentiras, calúnias, fofocas… Mas me dá o direito de divulgar os fatos e comentar tais fatos. É o que faço, há mais de três décadas…

Esse medo de não ter lado, mesmo tendo, conduz muitas pessoas à omissão, ao comodismo, à prevaricação… Claro que as pessoas que não aceitam mostrar a cara e dizer de que lado estão dirão que estou completamente errado. Isto é muito fácil compreender, porque todas as pessoas que habitam Cacoal não têm vontade de mudar de cidade e muito menos de se indispor com muitos políticos que a cidade elege justamente pela omissão dos “imparciais”. Cacoal é uma cidade excelente!! O problema é a imparcialidade daqueles que deveriam ter lado. A imparcialidade elege políticos medíocres, contribui para o não desenvolvimento da cidade e passa a falsa imagem de que, aqueles que possuem lado estão na contramão. É muito importante ficar claro que esta mensagem não tem nenhuma intenção de identificar fulano ou cicrano, mas deixar bem claro que a imparcialidade é o lado dos comodistas e oportunistas. Uma sociedade justa e solidária somente pode ser construída a partir de pessoas que possuem lado. As pessoas imparciais não servem para consolidar a sociedade que buscamos. E a sociedade que buscamos precisa abominar a imparcialidade daqueles que podem construir coisas melhores, mas se escondem em cima de muros e da bajulação…

Então, caros leitores, nunca admitam as mentiras, calúnias e conceitos que atrasam Nossa Urbe Obediana; mas cobrar imparcialidade de pessoas que buscam apenas mostrar os fatos e provocar novos debates para engrandecer a cidade não é o caminho para transformar nossa cidade em algo melhor. A imparcialidade que aplaude os trenós, a pirotecnia política e o oba-oba é totalmente incompatível com a “parcialidade” daqueles que cobram as pontes para evitar enchentes, os corujões prometidos em campanha e a conclusão de obras inacabadas ou mal feitas. Pregar a imparcialidade para defender políticos medíocres é torcer para que nossa cidade transforme em tradição a hipocrisia, a demagogia e falta de capacidade de muitos políticos profissionais que buscam apenas serem campeões das urnas; enquanto a cidade é campeã do retrocesso… Tenho dito!!!

*FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Articulista

 

 

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