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Coluna do Xavier – CACOAL:  AS ELEIÇÕES, AS CADEIRAS E A MATEMÁTICA… (12.04.2024)

 

O fim da janela partidária, ocorrido na semana passada, causou verdadeiro frisson nos bastidores políticos de Cacoal. A janela partidária é o prazo estabelecido pela legislação eleitoral para que vereadores possam mudar de partido, sem sofrer a perda de mandato. A regra também é aplicada nos anos em que há eleições para deputados estaduais e federais. Todavia, o encerramento desse prazo não determina o começo da campanha oficial, que somente estará liberada a partir da segunda quinzena de agosto. A agitação, neste momento de pré-campanha, porém, foi inevitável, porque as especulações surgem naturalmente. Assim, as pessoas que gostam de discutir sobre eleições, os chamados “Cientistas Políticos” de ponta de esquina, resolveram passar o fim da semana passada “decidindo” quem serão os eleitos e quais os partidos que terão cadeiras na nova composição do Poder Legislativo de Cacoal. O grande problema nisso é que as especulações beiram o delírio, já que os “cientistas” ignoram completamente os fatos eleitorais da cidade e aplicam uma matemática que ninguém sabe de onde vem…

Em função de tantos delírios, os componentes de um grupo de WhatsApp completamente apaixonados pelo atual prefeito resolveram “fazer as contas”. Na matemática dessa turma, o prefeito Adailton Antunes “elegerá” 4 vereadores; o deputado José Cassiano elegerá 4 vereadores; o deputado Moreira Deiró elegerá 4 vereadores; e o PL de Bolsonaro elegerá 3 vereadores. Eles também acreditam que os candidatos do PSD somarão entre 9 e 12 mil votos. Para arrematar os delírios, a turma da matemática bate o pé e garante que, para ter uma cadeira, um partido necessita ter 4 mil votos. Ninguém consegue saber de onde as pessoas tiram esses números, porque, no mundo real, há outra matemática, que parece ser a mais palpável, mas que é completamente ignorada pela paixão e fanatismo dos analistas. É claro que não há razão nenhuma para condenar os delírios e as paixões, porque o sistema democrático permite a todos os eleitores o direito de sonhar, além do que a política é uma ciência que produz paixões exacerbadas e inevitáveis. Certamente é essa paixão que fez com que algumas pessoas esquecessem que Cacoal tem apenas 12 cadeiras, embora alguns vereadores tenham tentado de tudo para elevar o número a 17 vagas…

Então, para que nosso leitor consciente reflita sobre os fatos, vamos apresentar alguns números que estão no relatório das eleições municipais de 2020, relatório final e oficial da Justiça Eleitoral. Primeiro, é preciso lembrar que, nas eleições de 2020, os partidos que participaram da eleição em Cacoal tinham direito a apresentar 23 candidatos. Este ano, somente 13 nomes poderão ser apresentados. Então, vamos lá! Os candidatos do PSD somaram juntos 5.536 votos e tiveram mais 765 votos de legenda, cujo total foi 6.301 votos. Com esse número, o PSD ganhou duas cadeiras. Os candidatos do PSC somaram 4.936 votos e também ganharam duas cadeiras. Nenhum outro partido conseguiu mais do que 1 cadeira. O Podemos somou 2. 316 votos e elegeu o vereador Toninho do Jesus; o PTB somou 2.223 votos e elegeu o vereador Paulo Henrique; o PSB somou 2.175 votos e elegeu Paulinho do Cinema; o PDT somou 2.091 votos e não elegeu nenhum vereador, mas poderia ter deixado Paulinho do Cinema sem mandato, caso tivesse 85 votos a mais. Todos esses números estão no relatório final das eleições e constam no portal da Justiça Eleitoral. Então, parece ser um delírio imaginar que, com a metade de candidaturas, em relação a 2020, algum partido chegará a 4 cadeiras. Mas não é nenhum delírio afirmar que alguns partidos poderão ter cadeiras, se passarem de 2 mil votos. É isso que a eleição passada mostrou, após a apuração dos votos…

Outro fenômeno real que os matemáticos do zap ignoram é que, este ano, certamente surgirão nomes que podem estar muito menos desgastados do que os atuais vereadores. Então, afirmar que os atuais vereadores irão dobrar o número de votos é pura imaginação. Basta observar que, nas eleições de 2016, seis vereadores foram eleitos com mais de 1.000 votos, entre eles estavam Rogerinho, com 1.257 votos; Valdecir Goleiro, com 1.132 votos e Wilson Tim, com 1.010 votos. Na eleição seguinte, Rogerinho teve 458 votos; Valdecir Goleiro teve 115 votos e Wilson Tim teve 200 votos. Um detalhe que não pode ser esquecido é que esses vereadores faziam parte da base aliada da então prefeita Glaucione e tinham todos os privilégios da administração. Quem disser outra coisa vive em Marte. Outro fato que ninguém pode negar é que a atual Câmara de Cacoal está, há vários anos, produzindo apenas confusão e muitas brigas pessoais. Mesmo com toda a paixão das pessoas que idolatram a atual administração, é muito difícil afirmar que os atuais vereadores dobrarão seus votos, em relação à última eleição. Valdecir Goleiro, Rogerinho e Wilson Tim são a prova viva dessa realidade que muitos apaixonados tentam negar…

A campanha eleitoral desse ano começará em agosto, mas o relatório das eleições de 2020 está disponível no portal da Justiça Eleitoral. Como o documento tem apenas 60 páginas, não é tão difícil ler em 4 meses. Afirmar que os fatos da eleição deste ano serão os mesmos pode não ser o melhor caminho, porém a matemática oficial da eleição de 2020 não pode ser jogada no lixo pela vã paixonite eleitoral dos zapianos. Assim, vamos esperar que os candidatos disputem a eleição em alto nível; que não haja na campanha a baixaria que os atuais vereadores têm feito, nos últimos três anos; e que o eleitor reflita sobre os destinos do município e busque fazer boas escolhas. No mais, Wilson Tim, Valdecir e Rogerinho poderiam ser bons conselheiros, nesse momento de ebulição eleitoral… Tenho dito!!!

 

FRANCISCO XAVIER GOMES

Professor da Rede Estadual e Jornalista

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