A legislação eleitoral e as normas para as eleições deste ano determinam que o prazo para as convenções partidárias será de 20 de julho a 05 de agosto. As convenções são realizadas para que os partidos, coligações ou federações definam os seus candidatos. Assim, somente após o último dia para a escolha dos nomes, teremos uma informação mais precisa sobre as composições partidárias em Rondônia, especialmente sobre os nomes que disputarão os cargos majoritários, caso dos candidatos ao governo, os vices e os candidatos ao Senado Federal. Antes de 05 de agosto, tudo ficará no campo das especulações ou pretensões, mas o desenho dos grupos já começa a ganhar forma. Com relação aos candidatos ao governo, pelo menos quatro nomes já são citados em Rondônia. Além do atual ocupante do posto, Marcos Rocha, também são tidos como nomes que estarão na disputa pela sucessão estadual o senador Marcos Rogério, o deputado Leo Moraes e o advogado e professor universitário Vinicius Miguel. Claro que podem surgir outros nomes, mas esses são os pré-candidatos que hoje reúnem os grupos políticos mais articulados e com melhores estruturas partidárias…
Nos primeiros meses do ano, várias pessoas, inclusive adversários políticos do governador de Rondônia, diziam que o coronel daria um passeio nas urnas em outubro, pela ausência de adversários à altura. Entretanto, os movimentos iniciais dos grupos que se organizam no estado indicam que teremos em Rondônia uma disputa muito acirrada pelo cargo de governador e o aparente favoritismo do atual mandatário pode encontrar adversários duríssimos pelo caminho, inclusive os adversários administrativos do próprio governo. Uma coisa podemos afirmar com certa segurança: é muito difícil alguém dizer que a definição acontecerá em 02 de outubro. Além disso, não existe condições seguras, no contexto político, para afirmar quem estará no segundo turno das eleições de Rondônia, porque muitas coisas podem acontecer. Obviamente que o fato de ser o governador dá ao coronel da PM uma possibilidade maior de garantir uma vaga na disputa, porque somente eleitores e analistas políticos muito inocentes ignoram o poder da máquina administrativa, fato que, por si só, não é suficiente para adiantar nenhum prognóstico. Apenas para lembrar um fato da História de Rondônia, quando disputou a reeleição, José Bianco era o amplo favorito e contava, na época, com praticamente todos os deputados estaduais em seu palanque, até o dia em que o presidente da Assembleia Legislativa de então, Natanael Silva, resolveu entrar na disputa…
Claro que o atual presidente da Casa Legislativa de Rondônia não deve ter nenhuma intenção de fazer a mesma graça, mas outros natanaéis podem surgir no caminho do governador, e esses natanaéis podem ter sofrido mutações, muitas mutações… Um dos natanaéis possíveis é a situação da estrutura de saúde pública do estado, atualmente objeto de críticas duríssimas de todos os usuários do SUS e de potenciais adversários de Marcos Rocha, isso sem falar da insatisfação de categorias profissionais de Rondônia, como é o caso da própria Polícia Militar, que nunca viveu uma relação de Romeu e Julieta com o coronel, nesses três anos e cinco meses de mandato. Como ainda há vários meses para as eleições, é possível que o clima seja outro futuramente, mas é apenas uma possibilidade. O coronel Marcos Rocha também não deve estar muito feliz com a ideia de ter que encontrar pelo seu caminho a provável candidatura do seu xará, por razões muito óbvias: os dois marcos tentarão, a todo custo, dizer que são os candidatos do presidente da república, para atraírem os votos dos bolsominions de Rondônia. Essa será uma situação bem interessante nas eleições, principalmente porque Jair Bolsonaro fará absoluta questão de ficar bem distante da disputa aqui no estado… Pelo menos no primeiro turno. A vinda dele a um dos dois palanques pode causar um estrago no reduto bolsonarista, porque os eleitores de Rocha ou Rogério certamente iriam considerar uma traição. Assim, a turma do “Família, Pátria e Deus”, vai passar o primeiro turno em ervaçais distintos…
Com relação ao deputado Leo Moraes, ele foi o campeão de votos em 2018 no estado e isso tem peso significativo, embora não seja o fator preponderante. Além disso, ele também vai buscar o apoio das instituições da Segurança Pública de Rondônia, um legado do seu pai, para reforçar sua eventual campanha. E claro que ele vai encontrar apoio nessa categoria, ainda que não seja a unanimidade. Leo Moraes também tem boa capacidade de argumentação e aliados qualificados nos bastidores. Nenhum concorrente, em sã consciência, subestima uma candidatura como a de Leo Moraes. Aliás, algumas pessoas próximas ao deputado dizem que ele seria o “candidato da esquerda”. Mesmo que tente, Moraes não vai convencer o eleitor de esquerda de que ele é o candidato de Lula no estado, por dois motivos: primeiro, porque não é verdade. Segundo, porque, quando Lula e o PT negarem, fica complicado consertar esse tipo de situação com a campanha em andamento. Lula e o PT não estarão na campanha do herdeiro de Paulo Moraes. Isto até os bolsominions mais mesozoicos e obtusos sabem claramente. Num provável segundo turno, a história é outra…
Quanto ao professor e advogado Vinícius Miguel, ele terá o privilégio de dizer que é o candidato das forças de esquerda no estado. Evidentemente que não haverá unanimidade, porque alguns partidos da esquerda ou de centro podem não estar no mesmo palanque. Mas a grande maioria da esquerda, com certeza, estará com Vinícius. Além disso, ele certamente terá, desde o primeiro turno, a presença de Lula em seu palanque, porque Lula não tem dois candidatos no estado. Essa é uma das principais razões para pensar que a candidatura de Vinícius Miguel será muito sólida, porque, sem ter um palanque, em 2018, ele teve uma votação expressiva em Rondônia. No Brasil, indiscutivelmente, o político com a maior capacidade de transferir votos (e talvez seja o único) é Luís Inácio Lula da Silva, e Vinícius Miguel pode ser muito beneficiado por esta situação. Como a coluna não tem nenhuma pretensão científica nesta breve análise, não vou bater o pé e dizer que este será o quadro até agosto, mas a tendência é que não haja muitas novidades, até lá. O leitor pode ter estranhado a alusão às candidaturas senatoriais apenas no parágrafo introdutório, mas é proposital. Em breve, faremos uma publicação exclusiva sobre este assunto, porque a guerra será muito mais intensa nesta seara… Tenho dito!!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e Jornalista