Por Franscisco Xavier Gomes
CACOAL: MAQUIAVEL, A FILOSOFIA E O MAQUIÁVEL…
A situação política e administrativa do Poder Legislativo de Nossa Urbe Obediana não tem sido fácil nos últimos meses. É lamentável constatar que uma Casa com tantos jovens encontre tantos obstáculos para entender as reais atribuições do mandato. Igualmente lamentável é verificar que a ausência de preparo para o exercício da vereança seja tão evidente em grande parte da edilidade obediana. Pior ainda é ter que ouvir incontáveis declarações ilegais, absurdas e inaceitáveis de pessoas que foram eleitas para defender os interesses da população, mas preferem enveredar para as picuinhas, conchavos e negociatas de toda ordem, em nome de uma suposta honestidade que se revela mais frágil a cada dia. Essa relação de promiscuidade entre vários vereadores e a Administração Municipal somente é aplaudida por pessoas que não possuem nenhum compromisso com a coletividade e que estão preocupadas apenas com seus umbigos. Diante desse cenário desanimador, ainda aparecem aqueles que tentam filosofar e defender a teoria de filósofos importantes, sem saber nem quem foram ou o que pensavam tais filósofos. Sobrou até para Maquiavel, um dos nomes mais ilustres da Filosofia…
Os conflitos políticos vividos pelos vereadores, e com enorme participação do prefeito de Cacoal, jamais existiriam, caso a marca dos últimos dois anos e três meses não fosse a vassalagem, por parte de metade do legislativo; a evidente falta de preocupação de muitos edis em estudar e conhecer as atribuições do mandato; a interferência direta da Procuradoria Jurídica da Câmara de Cacoal nos mandatos legislativos e a conduta incauta daqueles que batem palminhas para os atos circenses praticados no plenário da Casa e nas redes sociais. E, sempre que alguém questiona, aparecem os vereadores do mimimi, asseclas e guachebas da administração, para tentarem justificar marca de batom em cueca. Mas não faltam exemplos de lambança. A coisa está tão séria que até sessões extraordinárias são convocadas por quem não tem essa atribuição e isto é considerado normal por muita gente. Total descalabro!!! Agora, mais recentemente, aparece até quem afirma que o filósofo italiano Maquiavel pregava a ideia de que “os fins justificam os meios”. Maquiavel nunca escreveu isso em nenhuma de suas obras e provavelmente nunca disse isso a ninguém, porque ele era republicano, embora tenha vivido nos tempos da monarquia renascentista. O que ele escreveu foi que um líder deve ser bondoso, religioso e ter moral. Aliás, chamar Maquiavel de maquiável é muita sacanagem!! Maquiáveis são os vereadores que se maquiam de impolutos e fazem conchavos nos bastidores…
As pessoas que tiverem curiosidade podem buscar sessões anteriores da Câmara de Cacoal e vão encontrar discursos dizendo que “não há virgens nesse bordel” chamado Câmara de Cacoal. A teoria diz que a rotina do legislativo mirim é “cobra engolindo cobra”. Isso está registrado nos anais da Casa. Então, os emocionantes discursos que pregam a honra, a moral e os bons costumes não passam de pura hipocrisia. Talvez a solução para tanta lambança fosse mesmo o Niilismo de Nietzsche. O próprio Maquiavel escreveu que pureza em política é pura utopia. Assim, quem prega Maquiavel não pode ser utópico a ponto de imaginar que existe pureza nos discursos que pregam a moralidade na tribuna da Casa Obediana. E, cá entre nós, os escribas contratados pelos vereadores são péssimos, porque induzem os edis a fazerem discursos contra eles mesmos e apresentarem conceitos completamente distorcidos sobre diversos temas, entre eles “política e politicagem”. Ora, meus amigos, politicagem significa a arte de negociar cargos, interesses pessoais, trocas de favores, conchavos… Essa turma que prega a moralidade pratica essas coisas todos os dias. Aliás, é justamente a troca de favores que faz com que vários vereadores tenham o rabo preso com a administração municipal, e todo mundo sabe disso. A Comissão de Ética criada na Câmara de Cacoal não serve para absolutamente nada…
E não adianta dizer que dentro da Câmara de Cacoal tem apenas serpentes e traíras. Claro que não! Ali também existem camaleões, aqueles que mudam de cor conforme as conveniências das “almas sem brio”. E nem cabe falar sobre as “pesquisas” no Jusbrasil, porque esta semana o professor Flávio Dino, professor de Direito Constitucional e Direito Penal da Universidade Federal do Maranhão e Ministro da Justiça, deu uma belíssima aula sobre o tema, na tarde da última terça-feira. Quanto às benesses, sinecuras e prebendas distribuídas pela Administração Municipal, com a finalidade de ganhar a eleição para a presidência da Câmara de Cacoal, embora Maquiavel jamais tenha dito que “os fins justificam os meios”, essa tem sido a prática mais comum nas relações políticas de Cacoal, entre os vereadores que praticam a vassalagem e a administração. Mas isso a Filosofia também explica… Tenho dito!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e jornalista