CACOAL: O FUNDÃO, AS CAMPANHAS E O EMPATE…
A história política de Rondônia é marcada por um contexto oligárquico que começou ainda nos tempos dos arigós. Nesse tempo todo, muitos eleitores foram adestrados para sair dizendo que “somente com dinheiro é possível vencer eleições”. É claro que essa ideologia nunca teve nenhum fundamento, mas inúmeras pessoas ainda batem o pé e garantem que esta é a regra. Para constatar que esse pensamento não faz sentido, basta citar que os vereadores obedianos Toninho do Jesus e Lauro Kloch não teriam mandato em Cacoal atualmente, caso essa história fosse a regra. Isso para citar somente dois exemplos. Entretanto, para desafiar quem acredita nessa fantasia, vamos esperar a apuração dos votos em 02 de outubro e vamos ver se a eleição para senador em Rondônia terminará empatada. Entre os 07 candidatos que disputam, cinco deles fazem campanhas milionárias, sendo que apenas Jaime Bagattoli, entre as campanhas milionárias, não recebeu recursos do Fundão Eleitoral…
Antes de tecer outros comentários acerca da teoria de que somente com grana é possível vencer eleições, é necessário registrar que não há crime em receber recursos do Fundão Eleitoral, uma vez que a legislação vigente permite essa pequena ajuda aos candidatos. Assim, os candidatos ao Senado Federal foram agraciados com os seguintes valores: Acir 2,5 milhões; Expedito Júnior 2,8 milhões; Jaqueline Cassol 3,5 milhões; Mariana Carvalho 2,5 milhões. Não consta, no portal do Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia, nenhum valor referente ao Fundão Eleitoral no perfil de Jaime Bagattoli; consta 1,9 milhão, referente a doações de pessoas físicas. A partir de tais fatos, se tivesse fundamento a teoria de ter grana, todos esses candidatos deveriam ser eleitos. Todavia, existe somente uma vaga a ser conquistada… Neste caso, pela “lógica” da turma que prega o dinheiro como meio de garantir eleição, Jaqueline Cassol seria eleita com os pés nas costas. Mas não se pode afirmar quem vencerá a disputa, porque somente após a apuração, é possível saber os resultados. Os fatores que determinam a vitória de um candidato numa disputa são muito mais complexos do que pensam as pessoas que defendem a teoria citada acima. A apuração das eleições em Rondônia vai colocar por terra esse embuste de pensar que dinheiro é tudo…
A Dra. Rosângela, que recebeu, até hoje, 300 reais de doações de pessoas físicas, e o pastor Josinelio, que recebeu mil reais da mesma natureza, também disputam a vaga ao Senado Federal, mas a legislação vigente não permite que eles recebam recursos do Fundão Eleitoral, pelo fato de pertencerem a partidos sem deputados federais eleitos na última eleição. Quero registrar minhas desculpas aos dois candidatos, mas acompanho todas as eleições de Rondônia, desde 1986 e nunca tinha ouvido falar destes nomes. Por esta situação, somos obrigados a pensar que eles enfrentam muito mais problemas que os demais concorrentes, porque a ausência de recursos numa campanha majoritária é algo bem complicado. Isto somado ao fato de não serem conhecidos, como os concorrentes, realmente configura dificuldades múltiplas. Entretanto, não se pode afirmar que eles não possuem nenhuma, porque, matematicamente, todos os candidatos possuem chances de chegarem ao Senado da República. A propósito desta singela avaliação, as campanhas ao Senado Federal nunca estiveram tão mornas em Rondônia, faltando poucos dias para a eleição. Quando os candidatos não tinham tanta grana, as campanhas eram menos insossas…
É necessário ficar bem claro que não acredito nessa teoria de prevalência do poder aquisitivo dos candidatos, embora seja necessária uma estrutura mínima. A Eleição de Marcos Rocha em 2018 também mostra que grana não é tudo. A possibilidade de um empate, pelo número de votos, numa eleição para senador, com 07 candidaturas, é praticamente impossível e isto também descaracteriza a tese da plebe ignara. Após as eleições, voltaremos a analisar esse tema e vamos buscar as informações sobre quantos candidatos a deputados estaduais e federais com repasses milionários não serão eleitos este ano. Finalmente, o eleitor menos informado pode não saber, mas os candidatos que disputam a vaga de governador também não podem reclamar de falta de recursos, fenômeno que vai mostrar quem é bom de voto, quem é rejeitado e quem governará o estado nos próximos 04 anos. Se houvesse o empate entre os candidatos ao governo ou senado, possivelmente a disputa na porrinha seria muito mais animada do que foi esta monótona campanha, até o dia de hoje… Tenho dito!!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e Jornalista