A população de Cacoal foi surpreendida, poucos dias atrás, com uma correspondência do Governo de Rondônia em que se verifica um grau de hostilidade, ingratidão e traição jamais vistos em terras de Rondon. Marcos Rocha e seus amigos decidiram comunicar ao prefeito da antiga Nova Cassilândia que vão retirar do município a Usina de Asfalto instalada na cidade e prometida em verso e prosa pelo mentor de Marcos Rocha, Confúcio Moura, durante todos os dias da campanha eleitoral de 2014. Essa conduta revela um governo sem planejamento e de decisões muito maldosas contra a cidade que deu a ele 72.77% dos votos na eleição de 2018. Marcos Rocha e seus amigos do DER certamente não lembram mais dos resultados da eleição em que a população de Cacoal foi absolutamente generosa com um candidato que vive tantos anos em Porto-Velho e não sabia onde fica o Mercado do Km 01…
Os assessores do governador talvez não saibam, mas, para instalar a usina de asfalto em Cacoal, o município teve custos. Esses custos podem configurar grandes perdas para o erário obediano; e o governo precisa avaliar melhor esta situação. A presença da usina de asfalto em Cacoal pode atender diversos municípios da região, sem nenhuma necessidade de levar para outra cidade. Municípios como Pimenta Bueno, Ministro Andreazza, Espigão do Oeste e Rolim de Moura, para citar somente alguns, podem muito bem fazer seus planejamentos para utilizarem a usina em Cacoal. Além disso, caso o estado decida mesmo levar a usina, também terá gastos exorbitantes, porque não é simples deslocar aquele equipamento de um município para outro. O chefe do DER pode até não entender de logística como Eduardo Pazuello, mas precisa perceber que essa decisão vai causar prejuízos econômicos para o município de Cacoal e para o estado. Seria mais inteligente, por parte do estado, se é que se pode cobrar inteligência desse pessoal, planejar ações em municípios vizinhos, a partir da produção da usina de Cacoal.
Neste caso, embora eu não seja prosélito da Turma do Arrancadão, não posso desejar que a usina seja levada de Cacoal apenas para pressionar Seo Antunes. O governador de Rondônia pode ser covarde com a cidade que deu a ele mais de 30 mil votos; mas eu não posso. Quando houver necessidade, vou criticar o prefeito de nossa Urbe Obediana; quando houver necessidade, vou cobrar do prefeito as promessas de campanha que ele fez; quando houver necessidade, vou lembrar ao prefeito que Cacoal perdeu uma cadeira na ALE, quando ele deixou o mandato de deputado… Entretanto, não posso agir com a mesma irresponsabilidade do chefe do DER. A população de Cacoal merece respeito!!! Estarei junto para exigir do governo a permanência da usina em Cacoal. O ato do governo de Rondônia é de uma deselegância que talvez nem o terraplanista Weintraub conseguiria igualar. É um absurdo dar um presente a alguém e depois tomar de volta!!! Já pensou se a Câmara de Cacoal resolvesse tomar de volta os terrenos que doou para igrejas de nossa Urbe Obediana? Nem pensar!!! Eu estou entre os eleitores arrependidos de Confúcio Moura, porque cometi o erro de votar nele em 2010, mas não posso ser ingrato a ponto de ignorar o fato de que ele foi o autor da proposta de presentear Cacoal com a usina de asfalto. E vejam que Confúcio teve apenas 52,75% dos votos de Cacoal em sua reeleição. Marcos Rocha teve 72,77%…
A retirada da usina de asfalto de nossa Urbe Obediana configura uma traição incomensurável de Marcos Rocha para com os cacoalenses e está muito longe de ser considerada como uma atitude digna de quem teve a maior votação da história da cidade. Essa forma hostil de tratar Cacoal se assemelha muito com a fábula do escorpião. Lembram?? O escorpião estava morrendo afogado, quando um monge entrou no rio, enfrentou a correnteza e salvou o animal. Mesmo estando a salvo, o ingrato escorpião picou a mão do monge. Ao ser questionado por seus discípulos, pelo fato de salvar quem o picara, o monge serenamente respondeu que o escorpião agiu conforme sua natureza. Quando o monge Confúcio Moura ensinou a Marcos Rocha o caminho do Mercado do KM 01, certamente jamais imaginou que seu pupilo fosse picar os 32.635 eleitores que garantiram a ele uma estrondosa vitória contra Expedito Junior nas eleições de 2018. Mas é a natureza…
A única coisa que pode servir de consolo aos cacoalenses é que Marcos Rocha prometeu, na campanha de 2018, concluir a obra do Hospital Regional de Guajará-Mirim. A obra está parada desde o governo de Confúcio Moura e faltam apenas 14% para ser concluída. Hoje Guajará-Mirim é uma das cidades mais atingidas pela covid-19; mas a realidade poderia ser bem diferente, se o hospital tivesse concluído. O problema é que a Pérola do Mamoré é umas das três cidades onde Marcos Rocha perdeu a eleição. Em Guajará-Mirim, cidade de 29 mil eleitores, ele perdeu para Expedito Junior por 48 votos de diferença. Se a cidade que deu ao governador 72,77% dos votos tem a usina de asfalto retirada, claro que a cidade da fronteira não pode esperar muita coisa. Neste caso, minha sugestão aos meus conterrâneos é a seguinte: caso Marcos Rocha apareça na cidade e caia no rio Mamoré, na campanha de 2022, lembrem-se de que o monge também tirou um escorpião que se afogava num rio… Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual E Articulista