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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Coluna do Xavier – CACOAL: O POETA, A USINA E AS CHUVAS…

Por Francisco Xavier Gomes

CACOAL: O POETA, A USINA E AS CHUVAS…

 As discussões entre o Governo de Rondônia, a Prefeitura de Cacoal e os vereadores, acerca do programa de pavimentação e manutenção de vias públicas, tem como pano de fundo a possibilidade de buscar holofotes eleitorais, por parte de vários atores desse debate, e desnuda a desinformação que acomete diversos agentes públicos envolvidos nessa polêmica. Esta confusão toda vai colocar muitos obstáculos para a consolidação do antunismo político estabelecido em Nossa Urbe Obediana. Curiosamente, talvez seja uma boa oportunidade para que algumas situações crônicas sejam resolvidas, ainda que de maneira paliativa. Na mesma esteira das lambanças edílicas, surgem fatos que revelam a inocência de diversos membros do Puxadinho Legislativo, em relação às atribuições das instituições epigrafadas. A recente visita do governador do estado ao município, entretanto, pode causar um significativo desfalque na base aliada do antunismo, dadas as falas de diversos edis, durante a sessão da última segunda-feira. É muito provável que o “Programa Tchau, Poeira” provoque um redemoinho que faça acordar vários membros do legislativo, porque eles têm sido sistematicamente engrupidos pelos discursos do chapolinato…

O vereador Edimar Kapiche, conhecido pelos amigos comunistas como “Kapichão das Demandas”, demonstrou grande insatisfação, pelo fato de a administração ter demorado muito tempo para responder suas correspondências, que buscavam informações sobre a escolha de ruas a serem contempladas com o “Tchau, Poeira”. A insatisfação do nobre edil acontece, porque, no fundo, ele queria descobrir que estava equivocado e que algum deputado teria passado a perna na administração, indicando ruas de sua preferência para o governo. Claro que não!! Embora eu tenha várias divergências políticas em relação aos 24 deputados estaduais, não é deles a função de escolher que ruas devem ser pavimentadas. Esta atribuição é exclusiva dos prefeitos e vereadores. O governo do estado não pode determinar a nenhum município quais são os locais que necessitam de atendimento. Isso é uma coisa muito lógica! Quem sabe as necessidades do município é quem mora nele. E somente as autoridades municipais possuem poder de determinar onde haverá ações do Governo do Estado ou da União. E quanto aos deputados? A tradição mostra que deputados servem apenas para bater palmas em eventos do governo, quando os resultados são positivos, eleitoralmente. E todos os deputados fazem isso!

Com relação ao “Programa Tchau, Poeira”, não dá para criticar o governador por causa das ruas escolhidas, por várias razões muito óbvias. O governador não sabe os nomes das ruas de Cacoal e, ainda que soubesse, não poderia interferir nisso. Mas a confusão pode trazer bons resultados, principalmente para as pessoas que moram na rua Mário Quintana, cantada em prosa e versos por vários vereadores. Aliás, o grande problema desta rua é exatamente o mesmo do brilhante poeta gaúcho homônimo da rua em pauta, porque Quintana teve uma obra literária fantástica, mas acabou falecendo, próximo dos 90 anos de idade, na mesma semana em que faleceu o piloto Ayrton Senna. Este fato fez com que nosso exímio mestre da poesia não tenha merecido as honras fúnebres das grandes celebridades. O povo brasileiro ficou um mês chorando a morte do piloto monegasco e simplesmente esqueceu do poeta. Ainda bem que Mário Quintana conseguiu prever a situação dos políticos que, há anos, enganam os moradores da rua que tem seu nome. Ele disse isso no poema intitulado “Poeminho do Contra”, mas certamente nossos políticos desconhecem o poema…

Esse debate sobre o Programa Tchau, Poeira é importante para o eleitor obediano lembrar da Usina de Asfalto de Cacoal. Por que a usina não está funcionando? Será que nossos vereadores e o prefeito sabem que o município possui uma usina de asfalto? Um município da grandeza de Cacoal não pode ficar chorando por causa de um programa paliativo do estado. É preciso ter amor próprio! Basta colocar para funcionar a usina de asfalto do município e atender todas as ruas. Essa bringuinha de comadres sobre ruas que devem ou não devem receber favores do governo precisa acabar. As ruas já foram escolhidas pelo prefeito e fim de papo!! Não dá para arrancar o asfalto e levar para onde querem os vereadores. A não ser que eles levem os rejeitos de asfalto para pavimentar as ruas de poeira. A outra opção seria esperar acabar esse período de seca e esperar que as chuvas do inverno apaguem a poeira das ruas que nunca receberam asfalto e que foram solenemente ignoradas pela Prefeitura de Cacoal. Aliás, o critério para escolher as ruas que receberam obras do “Tchau, Poeira” revelam que o slogan do antunismo tornou-se obsoleto, porque ficou muito claro que as ruas de terra não “têm pressa” …

O problema de esperar pelas chuvas, para amenizar a poeira das ruas sem pavimentação, é que as pontes da BR – 364 e da rua Afonso Pena não estarão construídas, quando as chuvas começarem a cair e a população sofrerá, mais uma vez, enormes prejuízos, com a inevitável inundação da cidade. Neste caso, o vereador Kapichão das Demandas precisa esperar que Jair Bolsonaro venha a Nossa Urbe Obediana para uma “motociata” nas ruas empoeiradas e sente no colo dele. Quem sabe, assim, o município terá a promessa da conclusão das pontes, como os moradores da Mário Quintana tiveram a promessa do coronel. Aliás, os moradores daquela rua nem lembram mais quantos políticos apareceram por lá, em anos eleitorais, para prometer a pavimentação. Se a rua será asfaltada ninguém sabe, mas o “Poeminho do Contra” ainda é vigente, e nossas autoridades precisam fazer a leitura… Tenho dito!!!

FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista

 

 

 

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