
Desde os primórdios da humanidade, os seres humanos interagem entre si. Essa interação, contudo, nem sempre é pacífica. Há um ditado que diz que o “homem é o lobo do homem” e apesar dos humanos buscarem um convívio social, com o tempo houve a necessidade do estabelecimento de uma força coatora para controlar os impulsos individuais e estabelecer regras que permitam uma sociedade organizada. Essa força coatora é o Estado, com suas instituições, mas, para além da força coatora e disciplinadora do Estado, há também o que chamamos de “o contrato social”, que é uma espécie de convenções sociais não regulamentadas, que as pessoas procuram seguir. Agora, nesses tempos de redes sociais, parece que essas as convenções vêm sendo ignoradas.
Dentre as convenções sociais louváveis está aquela de que, sempre que possível, devemos evitar ofender as pessoas, confrontá-las ao extremo, ridicularizá-las e diminuí-las. Ou seja: nas redes sociais é comum a gente ver que a verdadeira natureza do ser humano, como lobo do próprio homem aflora, e muita gente se lança contra as outras, com agressividade verbal assustadora e diferentemente do contato real, onde outras pessoas geralmente interviriam para acalmar os ânimos, nas redes sociais esse comportamento está pouco presente.
As pessoas ofendem umas às outras, nas redes sociais, por quaisquer motivos, mas o que mais intensifica a animosidade é a política. O tema é tão presente no dia a dia, que vários grupos em redes sociais são criados. No caso do Brasil, a principal ferramenta utilizada pelos humanos para ofenderem umas às outras é o WhatsApp.
O grande problema dos moderadores de grupos é que eles têm lado, como todo ser humano, e poucos são os que têm uma compreensão de que, nessa condição, deveriam se esforçar para imparciais e justos.
Aqui em Cacoal temos visto alguns grupos com uma toxidade elevada. Isso acontece porque os moderadores não agem para conter os abusos ou, quando agem, são seletivos nas intervenções que fazem. Se o moderador defende determinada ideologia política ou demonstra ser apoiador de um determinado político, se alguém desrespeita outra pessoa que não é afinada contra o que ele defende, esse moderador o adverte e até o expulsa do grupo, mas se as agressões contra outra pessoa parte de alguém afinado com o moderador, a tendência é que ele simplesmente ignora e não raras vezes até ajuda a tal pessoa a xingar, desrespeitar, humilhar e massacrar por palavras o seu oponente.
A toxidade em alguns grupos de Whatsapp de Cacoal ultrapassou os limites e está na hora desses administradores repensarem suas posturas. O objetivo dessa crônica não é ofender ninguém ou expor quem quer que seja, mas vamos citar alguns grupos para que talvez assim, seus administradores repensem suas posturas e entendam que as convenções sociais que visam a harmonia entre os cidadãos no âmbito real também deveriam valer para o ambiente virtual. Cacoal na Depressão, Movimento Popular de Cacoal e Cacoal sem Rodeios são exemplos de grupos que precisam de uma atenção maior de seus administradores.
Críticas aos políticos e a partidos políticos são toleráveis, visto que os cidadãos têm o direito de opinar e expressar suas opiniões. O direito de opinar, contudo, não é um salvo-conduto para a pessoa ofender a honra e a dignidade das outras. Uma gozação aqui ou ali, tanto no mundo real como virtual, é tolerável, sempre que ficar claro que se trata disso. No entanto, quando alguém escreve, não se percebe as expressões faciais e por isso é necessário todo o cuidado possível. Não vou citar nomes, mas apenas informar como exemplo o fato de que tem um cidadão que está há seis meses ofendendo outras, com uma agressividade inaceitável dentro do marco civilizatório humano, e nesses seis meses ele continua membro ativo do Grupo MPC e de outros. Os administradores estão sendo coniventes com essa situação na medida em que o mantem no grupo e, se em um momento ou outro o excluí, coloca-o novamente um ou dois dias depois. Ocorre que tal pessoa é reincidente nesse comportamento hostil e não deveria mais ser aceita em hipótese alguma. Enfim, senhores administradores, ajudem Cacoal a ter um ambiente virtual menos tóxico. Vocês não precisam ser censores desalmados, impedindo a liberdade de as pessoas exporem os seus pontos de vistas, mas também não podem permitir que outros membros sejam moralmente ofendidos, diminuídos e atacados criminosamente atacados.
(Coluna PAPUDISKINA da edição impressa do dia 30.04.2021)