Quando a pandemia de coronavírus chegou à América Latina, o primeiro país mais afetado foi o Equador e logo em seguida, o Brasil, embora a pior situação seja a do Peru, que teve o maior número de mortes por cada 100 mil habitantes no subcontinente. Aqui, por conta de diferentes abordagens entre direitistas e esquerdistas, nos deparamos com um intenso debate sobre que medidas os governos da União, Estados e Municípios deveriam tomar. Nas redes sociais observamos uma enxurrada de informações desencontradas, já que a população estava atônita diante da triste realidade. Alguns, apelaram para o negacionismo, o que é um erro. Outros, para o exagero, pedindo a paralisação das atividades econômicas, como se a maioria da população tivesse estoque de alimentos para sobreviver por meses e até anos.
Jair Bolsonaro teria de se posicionar sobre essa pandemia. Óbvio que não poderia cruzar os braços. Ele tomou as medidas necessárias como a compra de dispositivos médicos e investiu em medidas preventivas. Sobre a frase “gripezinha” é preciso esclarecer que ele apenas rememorava uma frase do médico Dráuzio Varella de que por aqui a covid não passaria de mais uma gripezinha.
O presidente reconheceu que a pandemia chegara e causaria efeitos danosos à vida das pessoas e à economia, mas diferentemente dos políticos ligados à esquerda, que o criticam em tudo, adotou a postura de defender que apenas as pessoas de risco, os idosos, deveriam ficar em casa e evitar expor-se ao vírus, mas a população, de um modo geral, teria de encarar a doença como qualquer outra, com precauções, mas sem se trancar em casa, pois isso faria as empresas quebrarem e por conseguinte aumentaria o desemprego, a fome e a miséria no país.
E onde entre Fernández e Bolsonaro nessa histórica? Bem, estamos quase lá. Antes, porém, se faz necessário a explicação de que não é correto que estendamos a rivalidade futebolística entre Brasil e Argentina para o campo do vale tudo. Precisamos esclarecer, sem paixão ideológica, mas baseados em números, para entendermos quem se saiu melhor nas medidas que tomou: o presidente do Brasil ou o da Argentina.
Opositores de Bolsonaro ocuparam as redes sociais no início da pandemia para elogiar Alberto Fernández por ele ter adotado o fechamento quase total do comércio e da indústria e paralisado a economia da Argentina.
Em um primeiro momento, os críticos de Bolsonaro pareciam ter razão. Mesmo observando o princípio da proporcionalidade, lá a doença fez poucas vítimas nos primeiros meses da pandemia. Entretanto, o que as autoridades argentinas conseguiram com essas medidas foi apenas represar, por uns poucos dias, o nível de contágio da doença por lá. O inevitável, porém, aconteceu. Além de gerar milhões de desempregos e desestabilizar por completo a economia argentina, Fernández agora vê os casos de covid-19 dispararem em seu país, em um ritmo muito mais feroz do que no Brasil.
Já nesta semana o número de casos por lá começou a se equiparar proporcionalmente aos números que estamos tendo aqui e houve dia até que teve mais casos de mortes do que no Brasil em um único dia, como foi o dia 24 de agosto quando morreram 382 pessoas vítimas de covid-19. Como esse país tem apenas 45 milhões de habitantes, isto significa que se igualarmos a população dos dois países, é como se lá houvesse morrido em um único dia mais de 1.700 pessoas. Como chegamos a esse número? Simples: a população argentina é 4,7 vezes menor do que a do Brasil. Logo, 382×4.7 é igual a 1795.
O que isso prova é que não há como deter o vírus se acovardando e se fechando em casa como querem as autoridades argentinas. A abordagem de Bolsonaro se revela muito melhor. Quarentena apenas serve para achatar a curva, porém, mais cedo ou mais tarde, esse vírus fará suas vítimas. O que temos de fazer é tomarmos as precauções sanitárias, como foram tomadas no Brasil, mas sem impedir as pessoas de ir e vir, como fez a Argentina.
Portanto, Bolsonaro não foi insensível e nem é o responsável pelas mortes de covid ou com convid como seus opositores o acusam de maneira covarde. Sim, é preciso explicar que há diferença entre morrer DE COVID e morrer COM COVID. Pode até ser que morreram mais de cem mil pessoas que testaram positivo para esse vírus, mas a maioria dos que perderam a vida já tinha outras doenças pré-existentes. Claro que é lamentável que essas pessoas tenham perdido a vida, seja por qual motivo for. Não podemos minimizar a gravidade dessa doença, mas também não podemos condenar o presidente por ele defender que a quarentena se restrinja às pessoas de risco. A Argentina é o exemplo claro de que Bolsonaro tem razão. Paralisar a atividade econômica é uma medida inócua, que não impede a propagação do vírus e só serve para agravar a população.