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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Conselho Federal de Medicina repudia atitudes de senadores contra médicas ouvidas na CPI da Covid

Presidente da entidade diz que atitude de parlamentar pode ser caracterizada como misoginia

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Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

O Conselho Federal de Medicina (CFM) deve encaminhar uma nota de repúdio ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sobre o tratamento dado a médicas que prestaram depoimento na CPI da Pandemia.

Nos últimos dias, os senadores ouviram a oncologista Nise Yamaguchi e a pediatra e secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, que ficou conhecida como “capitã cloroquina”.

Em vídeo divulgado nessa quarta-feira (2), o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, classificou como “excessos” e “abusos” as atitudes dos parlamentares na CPI. “Infelizmente, o que nós temos visto nessa CPI da Covid é inaceitável, intolerável, principalmente quando nós vemos médicas, como nos casos das doutoras Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro, sendo completamente destratadas por alguns senadores que fazem parte daquela comissão. Isso, para o CFM, é intolerável, inaceitável, sob todos os pontos de vista.”

Em documento assinado por 530 mil médicos do país, o CFM pediu respeito aos profissionais da área que são ouvidos no Senado. Ribeiro ressaltou, ainda, que não entra no mérito dos conteúdos dos depoimentos das médicas. “Elas são as únicas responsáveis por aquilo que declaram dentro da CPI e cabe aos senadores da CPI fazerem o relatório, aprovarem o relatório e, se por acaso aquelas médicas estiverem faltando com a verdade naquela CPI, que elas sejam responsabilizadas e punidas”, disse.

“A nossa fala não é dando apoio àquilo que as duas médicas falaram dentro da CPI. A nossa fala é em relação à total falta de educação, de respeito, àquelas duas mulheres médicas. Elas não tiveram a oportunidade de responder, elas foram maltratadas, elas foram a todo momento interrompidas, incapazes de terminar um único raciocínio que estavam elaborando”, completou.

Ribeiro criticou especialmente a postura do senador Otto Alencar (PSD-BA), que contestou Yamaguchi, defensora do tratamento precoce contra o coronavírus. “Particularmente, o comportamento do médico e senador Otto Alencar foi inconcebível, inaceitável com aquilo que fez com a doutora. O senhor é um médico, deveria refletir sobre aquilo que o senhor fez, a deslealdade que o senhor teve com uma médica mulher. Sua atitude como senador poderia até ser caracterizada como um ato de misoginia, tamanha a agressividade que o senhor teve naquele momento.”

Otto ainda não se manifestou sobre as críticas feitas pela entidade.

O presidente do CFM também fez um apelo para que a CPI convoque a entidade para expor a posição dos médicos em relação à covid-19. “Encaminharemos um ofício ao senador Rodrigo Pacheco no sentido de que alguma coisa seja feita contra aquele ambiente tóxico, contra aquele ambiente que se estabeleceu na CPI. O CFM tem sido citado por inúmeras vezes de que vai ser convocado para estar presente. Fica aqui um apelo público para que essa convocação seja feita o mais rápido possível, porque nós gostaríamos de ser a voz dos médicos brasileiros dentro daquela CPI.”

Fonte: Itatiaia

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