Guajará-Mirim/RO – A introdução de novas tecnologias de processamento da borracha nos seringais está motivando a volta dos seringueiros às colocações (locais em que trabalham). A extração do látex sempre foi a principal atividade extrativista na floresta amazônica, mas chegou a ponto de não haver mais comprador para o produto, que foi símbolo de riqueza na região.
Em Rondônia, os seringueiros da Reserva Extrativista do Rio Ouro Preto, localizada nos municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré já tinham desistido da atividade de extração do látex da seringueira, em decorrência dos baixos preços e da concorrência dos seringais de cultivo.
Agora, os produtores extrativistas estão confiantes na nova tecnologia de processamento de borracha, um método simples que pode ser usado pelo próprio seringueiro com um custo relativamente baixo. Trata-se da técnica de produção da Folha Defumada Líquida (FDL).
Rentabilidade
A nova técnica, desenvolvida pelo professor Floriano Pastore Júnior, da Universidade Federal de Brasília, pode resgatar a rentabilidade dos seringais e é produzida com o ácido Pirolenhoso (APL), ou com ácido acético, químicas encontradas facilmente em lojas de produtos químicos.
Os seringueiros contam também com a assessoria técnica da Emater e apoio do Centro Nacional de Populações Tradicionais do Ibama (CNPT), que financiou a compra de 13 quites de produção de FDL, que já estão à disposição nas associações dos seringueiros da Resex – Rio Ouro Preto. Cada quite é composto de duas calandras, duas bandejas de coagulação, uma proveta para dosagem, baldes graduados e tambores para coleta de látex.
Seringueiro
O seringueiro é um extrator nato e quando não consegue tirar seu sustento da floresta tenta sobreviver através da agricultura. O problema é que como agricultor, geralmente não consegue ter uma renda satisfatória.
A engenheira florestal da Emater do município de Guajará-Mirim, Helena Silva Santos, responsável pelo Programa de Assessoria Técnica Social e Ambiental à Reforma Agrária – ATES, diz que quando começou a trabalhar na reserva extrativista encontrou 95 famílias vivendo basicamente da produção de farinha de mandioca, atividade em que os seringueiros mal conseguem a subsistência.
“A atividade agrícola dentro da reserva é inconveniente porque utiliza o fogo para o preparo da área e isto põe em risco a integridade da reserva, além de degradar rapidamente o solo e exigir novos desmatamentos”, explica.
Dobro
Segundo a engenheira, atualmente 180 famílias estão morando na reserva extrativista, distribuídas em 10 comunidades e muitas delas já receberam financiamento do Pronaf para reabertura das estradas de seringa e trilhas de coleta da castanha e do açaí.