As críticas disparadas pelo presidente Lula aos Estados Unidos em sua viagem à China causaram surpresa e forte contrariedade em Washington. A passagem de Lula por Pequim foi acompanhada com atenção especial pela diplomacia americana. Há ainda desconforto com a fala de Lula responsabilizando também a Ucrânia pela invasão da Rússia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no final de sua visita a Pequim, cobrou dos Estados Unidos que “parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz” para encaminhar um acordo entre a Rússia e a Ucrânia.
“Não sabemos por que o presidente Lula escolheu criticar tanto os Estados Unidos na visita à China. O presidente Lula não criticou outros países quando esteve em Washington em janeiro”, enfatizou ao Blog uma fonte da diplomacia americana na manhã deste domingo (16).
Autoridades americanas se questionam se o propósito dos ataques foi o de agradar o governo da China. Lembram ainda que Lula fez uma boa visita aos Estados Unidos, em janeiro, e que o mandatário brasileiro tem boa relação com o presidente dos EUA, Joe Biden.
A diplomacia americana passou a recordar que os EUA avalizaram a democracia brasileira nos momentos mais difíceis: antes, durante e depois das eleições.
“Onde estavam a China e Rússia quando a democracia brasileira estava em perigo?”, questionou essa fonte da diplomacia americana para depois acrescentar: “Os Estados Unidos estavam defendendo o sistema eleitoral brasileiro, as instituições democráticas, o resultado das eleições e se posicionou depois do dia 8 de janeiro (quando teve tentativa de um golpe de estado)”.
Em Washington, também há forte contrariedade com as declarações de Lula sobre a Rússia e a Guerra na Ucrânia.
O presidente Lula voltou a responsabilizar neste domingo (16) também a Ucrânia pelo conflito que se arrasta no Leste Europeu há 13 meses.
A declaração foi feita em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde o líder brasileiro fechou acordos comerciais depois da viagem à China. Lula afirmou que a decisão pelo conflito foi tomada por dois países e defendeu a criação de um grupo para a paz.
“A Ucrânia foi a vítima. A Ucrânia foi invadida. Não dá para culpar a vítima. Sem culpar a vítima. Sem o apoio EUA e Europa, a Ucrânia não existiria. Os Estados Unidos defendem o direito da Ucrânia existir”, ressaltou essa forte da diplomacia americana, ressaltando que os comentários do presidente Lula e do assessor internacional e ex-chanceler Celso Amorim são unilaterais e não são construtivos.
“Não é verdade afirmar que os dois países têm responsabilidade pela guerra”, reforçou.