*Daniel Oliveira da Paixão
À medida que a cidade se agita com a aproximação das eleições e o início das convenções partidárias, o foco de nossa análise para hoje está dividido entre a política e o esporte. Nesta edição de Papudiskina, além de falar um pouco do clima político que vivemos, gostaria de discutir a Copa América e suas implicações, que vão além das quatro linhas do campo.
A seleção brasileira, apesar de repleta de nomes renomados, enfrentou dificuldades e confirmou as previsões mais cautelosas ao não avançar além das quartas de final, encontrando-se com adversários robustos como Colômbia ou Uruguai. Esse desempenho é um reflexo do momento atual de nosso futebol em comparação com os vizinhos sul-americanos.
No centro das atenções está Marcelo Bielsa, cuja figura controvertida tem agitado a mídia esportiva e o público em geral. Conhecido por seu desdém pelas câmeras e seu descontentamento com a imprensa, Bielsa foi aplaudido por muitos que percebem uma parcialidade da CONMEBOL a favor de seleções como Brasil e Argentina. Apesar de ser parte do sistema, suas críticas são vistas como um sinal de coragem por muitos. Contudo, sua postura pode ser interpretada como arrogante e seu cinismo é evidente, especialmente quando fala de futebol como um “instrumento de justiça social”. É uma perspectiva nobre, mas questionável, principalmente quando consideramos o acesso limitado dos mais pobres aos estádios em grandes eventos como a Copa América, uma contradição flagrante à sua declaração de que o futebol é a única atividade que pode oferecer felicidade aos pobres.
A mistura de esporte com política ficou mais evidente quando Bielsa criticou os Estados Unidos, atacando a nação em termos que muitos considerariam desmedidos e pouco racionais. Sua crítica ao capitalismo soa irônica, visto que ele mesmo desfruta de um estilo de vida que contradiz as ideologias que afirma defender. Essa hipocrisia é reminiscente de Márcia Tiburi, uma filósofa ligada ao PT que defende o roubo como um ato de justiça social, uma visão distorcida que ignora as complexidades reais do sistema econômico. Quando a cito como ligada ao PT, de modo algum quero generalizar, pois nem todos no PT defendem esse tipo de argumentos. Só quero mostrar como o extremismo pode ser prejudicial, seja de esquerda ou de direita.
Enquanto o capitalismo certamente tem suas falhas, proporcionando vantagens aos mais competitivos e empreendedores, ele ainda oferece as melhores oportunidades para progresso individual e inovação. Em contrapartida, as nações que adotaram o socialismo muitas vezes encontraram-se presas em um ciclo de dependência e estagnação econômica, o que demonstra a importância da motivação e da competitividade tão presente e desejável no capitalismo.
Concluindo, ao explorar a interseção entre futebol e política, destaco a ironia dos que proclamam defender os desfavorecidos enquanto se beneficiam amplamente dos privilégios do sistema capitalista. É fundamental reconhecer as contradições nas falas de figuras como Bielsa ou a petista Márcia Tiburi, que, apesar de criticarem o capitalismo e os países ocidentais, frequentemente escolhem desfrutar dos benefícios gerados justamente por esses sistemas e locais que tanto criticam. São os comunistas de iphone que elegem Paris ou Miami, em vez de Havana ou Pyongyang.
Daniel Oliveira da Paixão é jornalista e ex-membro do Partido Socialista Brasileiro