Porto Velho/RO – Os indígenas que vivem em Rondônia decidiram aguardar até o dia 16, a decisão do Governo Federal em liberar recursos para que a Funai possa pagar dívidas com fornecedores rondonienses.
Segundo Aurélio Tenharin, que está em Brasília acompanhando as negociações, representantes do Ministério da Justiça já se comprometeram em efetuar o repasse. Mesmo assim, uma comissão composta por sete indígenas de diferentes etnias ainda tenta uma audiência com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para tentar sensibilizá-lo da necessidade da liberação do recurso.
Eles afirmam que precisam de pelo menos R$ 1 milhão para o pagamento de dívidas de aproximadamente R$ 600 mil. O restante do dinheiro seria para finalizar o exercício de 2006.
Para pressionar a liberação do recurso, que pode ser viabilizado em forma de suplemento de fundo, os indígenas fecharam a BR 230 (Transamazônica), que liga os municípios de Humaitá e Apuí, no Amazonas, parte da rodovia do Estanho (Machadinho/Apuí) e ameaçam bloquear a BR 364, estrada que liga o Estado de Rondônia ao sul do País e uma das principais vias de escoamento produtivo da região norte.
“Não queremos fechar a BR 364 para não prejudicar a população, por isso vamos aguardar até segunda-feira, mas se não nos atenderem não teremos outra opção”, diz Orlando Karintiana, líder indígena na aldeia Karintiana.
Cerca de mil índios se posicionaram nas proximidades da BR 230 e outros 250 estão amontoados nas sedes da Funai de Porto Velho/RO e Ji-Paraná/RO. “Estamos passando dificuldades nas aldeias, por isso resolvemos nos espalhar”, explica Valmir Parintintin.
Conflito
O bloqueio da BR 230 gerou, na segunda-feira, um transtorno entre indígenas e um grupamento do Exército que tentava retornar ao município de Humaitá após prestar apoio ao processo eleitoral ocorrido em Apuí.
A tropa foi impedida de passar e os índios sentido-se ameaçados decidiram serrar uma ponte nas proximidades do quilômetro 150. Os próprios soldados fizeram uma ponte improvisada, com troncos de árvores e conseguiram liberação dos indígenas para que voltassem ao quartel.
Segundo o líder indígena Valmir Parintintin, os índios só liberam a passagem para ambulâncias. Alguns caminhoneiros estão parados no local e ônibus de linha tiveram que retornar para os municípios de origem.