Porto Velho/RO – Rondônia já desmatou 25% dos 238.512,80 hectares de sua área, ou seja, 5% além do permitido pela legislação. O comprometimento da cobertura florestal do Estado já ameaça a biodiversidade e o ecossistema regionais, com a ameaça iminente de extermínio de diversas espécies animais e vegetais.
As denúncias são do engenheiro florestal Carlos Alberto, de Belém (PA). Ele prevê a desertificação da região nos próximos dez anos, por causa dos desmatamentos e das queimadas indiscriminadas, que acontecem, tradicionalmente, durante o rigoroso verão amazônico, fenômeno que ocorre no período de março a outubro de cada ano. “Centenas de animais e vegetais já foram extintos pela ação humana no ecossistema”, assegura o engenheiro florestal.
Retroagindo no tempo, ele lembra que a Portaria n 37, de 3 de abril de 1992, lista centenas de animais e vegetais ameaçados de extinção. Dentre estes, enumerou o pau-rosa, castanheira, sucupira, homélias, orquídeas, pau-brasil, cervo, mico-leão, tatu, ariranha, papagaio, arara e peixe-boi.
Especialista em educação ambiental, Carlos Alberto explica que o desmatamento legalmente permitido na Região Norte era de 50% na propriedade rural, sendo reduzido para 20%, por força de lei. “Mesmo assim, por falta de fiscalização, a legislação florestal não vem sendo cumprida à risca. Pela extensão do Estado, pela diminuta quantidade de fiscais e operações de fiscalização e ações preventivas quase ausentes e a precária situação institucional, é muito otimismo dizer que o desmatamento está sob rigoroso controle”, disparou o técnico do Governo paraense.
Limites ultrapassados
De acordo com o renomado ambientalista, existem municípios com intensa produção (agropecuária, por exemplo), que já ultrapassaram todos os limites permitidos, como Rolim de Moura (70% de sua área), Presidente Médici (69%), Ouro Preto do Oeste (66%), Ariquemes e Cabixi com quase 60% de desmatamentos de suas áreas.
Carlos Alberto diz que pouco ou quase nada tem sido feito, na prática, para conter o avanço do desmatamento indiscriminado, não só em Rondônia, mas sobretudo em toda a Amazônia brasileira.
Mestrando em Desenvolvimento Regional Sustentável e Meio Ambiente, Carlos Alberto garante que Rondônia é um dos estados da Região Norte , onde a falta de fiscalização ostensiva está propiciando o desmatamento indiscriminado, pois os “toreros” continuam derrubando e transportando madeira ilegalmente, inclusive roubadas de áreas indígenas e das unidades de conservação permanente.