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domingo, dezembro 22, 2024

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Embates entre Congresso e STF reacendem crise entre os Poderes

Temas polêmicos que entraram em julgamento no STF motivaram fortes reações no Parlamento, como PECs, obstruções e pedido de plebiscito

 

Diferentemente do discurso de união entre os Poderes adotado pelos presidentes da Câmara e do Senado no início desta legislatura, o Congresso Nacional tem enfrentado, nas últimas semanas, uma série de embates com o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre discussões de determinados temas.

Alguns parlamentares caracterizam as ações do STF como “invasão de Poderes”, e os embates têm gerado crises e boicotes em votações da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O ápice da tensão ocorreu na semana passada, quando deputados e senadores de 22 frentes parlamentares e dois partidos (PL e Novo) anunciaram que vão obstruir votações nas Casas. Entre terça e quinta-feira, sessões foram canceladas e votações em colegiados acabaram adiadas.

O novo presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, negou atritos entre os Poderes em coletiva na sexta-feira (29/9). “Não vejo crise entre Congresso e STF. O que existe é a necessidade de relações institucionais pautadas no diálogo e na boa-fé. Não tenho nenhuma dúvida de que isso ocorrerá”, afirmou.

Já o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), criticou, na última quarta (27/9), o fato de o STF iniciar julgamentos sobre assuntos que, em sua visão, são de competência do Congresso.

O discurso foi enfatizado por Pedro Lupion (PP-RR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). “Sejamos deputados ou senadores, cabe a nós a tomada de decisões em nome da sociedade brasileira. Seja na relativização constante do direito de propriedade, seja na liberação das drogas e do aborto, na dificuldade constante da garantia da legítima defesa, na regulação de redes sociais e liberdades individuais… Isso tudo que as frentes parlamentares congregam”, destacou Lupion.

Marco Temporal

Entre os temas levantados pelos parlamentares, o marco temporal é o que se encontra em fase mais avançada de discussão no STF. Na última semana, a Suprema Corte considerou inconstitucional a tese que limita a demarcação de terras indígenas.

Os ministros decidiram que proprietários que ocuparam terras indígenas de boa-fé devem ser indenizados, com a análise caso a caso.

Já no Senado, os parlamentares aprovaram, na quarta (27/9), sob pressão da bancada ruralista, projeto de lei (PL) que estabelece o marco temporal. O texto teve 43 votos favoráveis e 21 contrários, aprovado até mesmo por senadores de partidos que teriam entrado na base do governo, como Republicanos e PP.

Já a ação sobre interrupção da gravidez que tramita no STF entrou em plenário virtual na semana passada, mas houve pedido de destaque por parte do ministro Luís Roberto Barroso. Assim, a votação vai a plenário presencial.

Ainda não há data para essa votação presencial acontecer. Antes de Barroso, a primeira a votar foi a ministra Rosa Weber, relatora do caso desde 2017. E ela votou pela descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

Em seu voto, Weber citou decisões mundo afora sobre o assunto. Segundo a ministra, existe a proteção dos direitos futuros do nascituro, mas que, para o direito civil, essa definição clara do que é vida não existe.

No Congresso, tramitam quase 200 projetos sobre o tema. A oposição, encabeçada pelo senador Rogério Marinho (PL-RN), apresentou proposta para que seja realizado plebiscito sobre o aborto. A iniciativa é uma consulta à população para saber se os brasileiros são contrários ou favoráveis ao tema.

Drogas

A descriminalização do porte e da posse de drogas também é discutida na Suprema Corte. O julgamento sobre o tema foi suspenso em 25 de agosto, com placar de 5 a 1 pela descriminalização, depois de pedido de vista do ministro André Mendonça. Ele tem o prazo de 90 dias para a devolutiva.

Se o plenário, que tem 11 ministros, decidir pela descriminalização, não serão liberadas as drogas no Brasil nem a venda de entorpecentes. O que está em discussão na Corte é se o ato de adquirir, guardar e transportar entorpecentes para consumo próprio é crime.

A discussão no STF também acendeu fortes reações no Congresso, desta vez capitaneadas pelo próprio presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O senador apresentou proposta de emenda à Constituição (PEC) para criminalizar a posse e o porte de qualquer tipo de droga. “O entendimento do Senado é no sentido de que a política antidrogas deve envolver a recriminação do tráfico ilícito de entorpecentes com veemência. E que a descriminalização do porte para uso, de maconha ou qualquer outra droga, sem uma política pública discutida no Congresso, é uma decisão isolada que afeta o combate ao tráfico de drogas”, explicou Pacheco.

(Metrópoles)

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