Esquece o 7 a 1: Scolari obteve 11 vitórias seguidas por Brasil e Portugal, foi penta, lançou CR7, e só perde para Zagallo
Luiz Felipe Scolari anunciou neste domingo (13) o seu adeus como técnico de futebol. Encerrou a temporada no Athletico-PR e agora vai ser coordenador. Encerra assim uma carreira de 40 anos como treinador, uma das mais vitoriosas da história, com mais de 1.700 jogos, 800 vitórias, e uma coleção de títulos que lotaria um museu. Deixa também a gratidão dos clubes por onde passou e um legado de recordes, lições e histórias para quem aprendeu a amar o seu jeitão rabugento e autêntico. Felipão fez histórias no futebol mundial.
Recorde de vitórias
Ele tem um incrível recorde de 11 vitórias seguidas em Copas do Mundo. Foram sete vitórias com o Brasil em 2002, contra Turquia, China, Costa Rica, Bélgica, Inglaterra, Turquia e Alemanha. E mais quatro vitórias seguidas dirigindo Portugal em 2006, contra Angola, Irã, México e Holanda. Superou de longe o técnico italiano Vitorio Pozzo, que obteve sete vitórias seguidas com a Azzurra entre as Copas de 1934 e 1938,
Só perde para Zagallo
O currículo de Felipão dirigindo nas Copas do Mundo só perde para o de Zagallo. Tem um título mundial (o penta de 2002) em dois quarto lugares (com Portugal, em 2006, e com o Brasil, em 2014). Zagallo, como treinador, foi campeão do mundo em 1970, vice em 1998, e quarto colocado em 1994. Além de outro título mundial, em 1994, como coordenador técnico.
Colocou 21 em campo
Scolari foi o técnico brasileiro que mais usou os jogadores do elenco em uma Copa do Mundo. Na conquista do penta, em 2002, Felipão colocou em campo 21 dos 23 convocados. Apenas os goleiros reservas Dida e Rogério Ceni não jogaram. Todos os jogadores de linha entraram, até o Anderson Polga e o Belletti.
Lançou o CR7
Outro mérito de Felipão foi ter sido o treinador que lançou Cristiano Ronaldo na seleção de Portugal. O robozão era um garotão de 18 anos quando estreou no time, em 20 de agosto de 2003, entrando no lugar de Figo.
Mestre da união
Se Felipão uniu aquele time de estrelas de 2002 em torno da Família Scolari, em Portugal ele fez muito mais. Quando foi convocar a seleção para a Eurocopa de 2004, disputada naquele país, lançou uma campanha na TV anunciando a lista de convocados com nomes de cidadãos portugueses. O espírito de nacionalidade aflorou no país. Mas Portugal perdeu a final daquela Eurocopa para a Grécia e, dois anos depois, caiu na semifinal da Copa de 2006 para a França de Zidane, e na disputa do terceiro lugar, perdeu para a Alemanha, dona da casa.
A gratidão do povo português é eterna. Neste domingo, em nota a Federação Portuguesa de Futebol agradeceu Scolari por tudo o que fez pelo futebol daquele país:
“A sua passagem pelo futebol português foi única e jamais será olvidada pelos portugueses. Foi finalista do Euro 2004 e conquistou o quarto lugar no Campeonato do Mundo de 2006, na Alemanha, a segunda melhor classificação da história do futebol luso na mais importante competição mundial.
Mais do que as vitórias e as derrotas pelo nosso país, Luiz Filipe Scolari deixou aos portugueses um legado de fraternidade e indelével amizade. A sua carreira, que hoje termina, será sempre um ponto alto da nossa própria história. Por tudo o que nos deu fica o nosso profundo agradecimento.
Obrigado, Luiz Felipe Scolari!”
Mas teve o 7 a 1…
É verdade, Felipão vai ficar por um bom tempo com o recorde de técnico da maior derrota da história do Brasil em uma Copa do Mundo, o 7 a 1 contra a Alemanha, no Mineirão, em 2014. Errou na escalação, errou no comando do time, errou na maneira como lidar com a ausência de Neymar. É por isso que o futebol é tão maravilhoso. Perder faz parte. Scolari nunca se esquivou de suas responsabilidades naquela derrota. Perder faz parte. Esquece o 7 a 1. Felipão foi gigante!
(Paulo Guilherme Guri – Band)