A cada ano aumenta o número de nascimento de filhotes de quêlônios no Rio Guaporé, um dos maiores produtores destas espécies no Brasil. Em 2003 foi registrado o nascimento de 220 mil filhotes, enquanto que em 2004 este número subiu para 400 mil. O trabalho de fiscalização realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e por pessoas da comunidade, é apontado como o principal fator de contribuição para o aumento da quantidade dos animais.
Os quelônios começaram a ser protegidos em 1976, por pessoas da própria comunidade, que se preocuparam com a rápida diminuição do número de animais. Cerca de 10 anos depois, o Ibama assumiu a coordenação do trabalho. No período de agosto a dezembro a equipe de fiscalização monta barracas nas praias onde há o maior número de desova, para proteger os animais adultos, seus ovos e seus filhotes. De acordo com o biólogo Fernando Raeder, responsável pelo projeto, as fêmeas começam a acampar na praia em agosto, para desovar no mês seguinte. Os filhotes começam a nascer somente em novembro. “Montamos as barracas na ilha, para não incomodá-las na praia”, explicou.
A maior perseguição às tartarugas, segundo Fernando, ocorre na época do acampamento delas. As pessoas procuram os animais e os ovos, tanto para comer, quanto para comercializar. A multa para quem for pego com qualquer uma das espécies é de 500 reais por animal. Além de numerar os ninhos, a equipe de fiscalização conta os filhotes, para ter controle do número de nascimentos.
Sobrevivência não chega a 50%
Menos da metade dos filhotes dos quelônios consegue sobreviver. Além da depredação humana, existem os riscos provocados por animais maiores e por outros fatores naturais. O tempo que uma tartaruga leva para chegar a maturidade sexual também contribui para que a espécie continue em extinção. “Uma tartaruga leva no mínimo 10 anos para começar a reproduzir”, disse o biólogo.
Se não houvesse depredação, segundo o biólogo, existiriam não só mais tartarugas, mas também animais maiores, já que um reptil nunca pára de crescer. Além disso, quanto mais velha, maior a tartaruga fica e quanto maior, mais ela bota. “Ela pode viver e reproduzir por mais de 100 anos”, afirmou.