Cacoal/RO – O Povo Suruí oficializa na próxima terça-feira, dia 17, na Aldeia Sete de Setembro, em Cacoal, parceria com a multinacional do mundo virtual Google Earth. Os índios vão fornecer informação sobre sua terra e sua cultura para o site de buscas Google e em contrapartida terão o direito de monitorar a situação de seu território. Cerca de 40 jornalistas de vários países do mundo devem comparecer ao município para registrar o fato histórico.
O líder indígena Almir Suruí, que já travou diversas lutas em defesa da preservação da floresta, foi quem buscou a parceria. Ele informou que a Associação Metareilá, da qual é presidente, trabalha com o plano de gestão de seu território e dentro desse plano surgiu a necessidade de ser firmada uma pareceria com sistemas tecnológicos para divulgar a atual situação da floresta e para buscar meios de conscientizar as pessoas quanto a preservação do meio ambiente. Almir explicou que propôs a parceria ao Google Earth, porque a internet está nas residências, o que facilita o acesso de todas as pessoas que estejam interessadas em contribuir com a natureza. “Através da Internet poderemos levar nossa mensagem ao mundo e juntos discutirmos sugestões para preservar o meio ambiente”, disse.
Segundo Almir, a partir da assinatura do termo de parceria ficará disponível no Google Earth o monitoramento via satélite do território indígena Suruí, a história do povo, sua cultura e o plano de gestão trabalhado pelos índios para o crescimento e fortalecimento do povo indígena. Também haverá informações da maneira como a cultura dos não índios afeta a cultura indígena e de formas para consolidar as duas culturas. Segundo ele, não serão divulgadas, informações sobre animais, plantas e conhecimentos tradicionais do povo indígena.
Sistema será administrado pelos índios
Almir afirmou também que o sistema tecnológico para a divulgação dos Susuís está sendo construído por uma equipe de profissionais de Brasília, que são parceiros dos indígenas. Ele informou que todo o processo está sendo acompanhado por assessores da Funai e que os índios é quem selecionarão o que poderá ser divulgado. “Temos uma equipe de índígenas que está sendo treinada especialmente para administrar o sistema”, disse.
Questionado sobre os riscos que a exposição na Internet pode causar ao seu povo, Almir argumentou que todo o sistema tecnológico e de comunicação, se não usado com sabedoria, pode causar perigo. Ele ressaltou que deve-se saber como e para que usar o meio de comunicação. “Acredito que os riscos são poucos, pois nós é que administraremos o sistema e o google apenas oferecerá o espaço e a estrutura para a divulgação”, disse.
O povo indígena Suruí é formado por cerca de 1250 pessoas. O território é de cerca de 248 mil hectares, abrangendo os municípios de Cacoal, Espigão do Oeste e Ministro Andreazza em Rondônia e Rondolândia e Aripuanã no Mato Grosso. Os Suruís serão pioneiros neste tipo de parceria. “Além de divulgar o nosso povo, esta parceria beneficiará e valorizará o povo de Cacoal e de toda a região”, disse.