Porto Velho/RO – O movimento que teve início na semana passada, visando a liberação de recursos para atender as necessidade dos indígenas que vivem em Rondônia, deve continuar até que os líderes consigam uma resposta positiva por parte do Governo Federal. Eles querem o adiantamento de um suplemento de fundo para cobrir despesas com fornecedores em todo o Estado. Se não forem atendidos, os indígenas prometem fechar a BR 364 na próxima quarta-feira, dia 4.
O protesto pela liberação de recursos teve início na quinta-feira da semana passada, com a paralisação das atividades administrativas em sedes da Funai de vários municípios. Foi intensificada com o fechamento da BR 230 (transamazônica) e no início da próxima semana representantes de oito etnias que vivem em Rondônia desembarcam em Brasília para tentar uma audiência com o ministro da Justiça Marcos Thomaz Bastos.
Atualmente cerca de 150 índios lotam o alojamento da Funai em Porto Velho. Ainda nesta sexta-feira, dia 29, mais 60 indígenas devem se juntar aos que se aglomeram na sede da Funai e contam com o auxílio de representantes de Ongs para se alimentarem. ´Estamos recebendo apoio para que o movimento não se enfraqueça´, diz Clóvis Kassupá, cacique da tribo Kassupá, etnia que vive na região de Guajará-Mirim, em Rondônia.
Segundo Kassupá, a maior dificuldade que os indígenas encontram atualmente é a falta de transporte. ´Muitos estão vindo para Porto Velho de carona´, ressalta. A dificuldade tem uma explicação. Só a postos de gasolina a Funai deve cerca de R$ 100 mil. As altas dívidas impedem os fornecedores de continuar cedendo produtos e serviços.
Reflexos
A dívida total dos indígenas no mercado rondoniense chega a R$ 600 mil. Os reflexos já foram sentidos na agricultura. Algumas etnias não refizeram as plantações durante o verão, por falta de equipamentos agrícolas e até sementes.
O problema da falta de recursos não se reflete na saúde indígena, pois recentemente foram enviados R$ 1,5 milhões para atendimento nesta área, através da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Segundo Humberto Terena, coordenador da Federação da Organização Indígena de Rondônia (Foir), a falta de recursos para o indígena se repetiu em todo o País. Rondônia não contou com orçamento para a área indígena em 2006.
Os 400 índios de quatro etnias da região de Humaitá (AM), que se posicionaram no quilômetro 150 da BR 230 (transamazônica), nesta terça-feira, continuam barrando a passagem de transportes no local.