Cacoal/RO – A diretora do Google Earth Solidário, Rebecca Moore, representantes da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), da Amazon Conservation Team Brasil (ACT Brasil) e de outras entidades internacionais permaneceram em Cacoal durante uma semana, para tratar da parceria firmada entre o Google e o Povo Suruí. Por meio da parceria, os índios vão disponibilizar na Internet, informações sobre sua história e sua cultura, além de poder acompanhar a situação do desmatamento em suas terras. 20 índios Suruís estão sendo treinados pelo Google para administrar o sistema tecnológico.
Rebecca Moore afirmou que não haverá monitoramento em tempo real da terra dos Surís. Segundo ela, com a parceria os usuários do Google do mundo inteiro vão poder conhecer a história e outras informações sobre os Suruís, enquanto os índios vão poder usar o sistema como uma ferramenta para mostrar suas necessidades, seus projetos e outras informações que julgarem necessário para buscar um futuro sustentável.
Questionada sobre a posição do Governo Brasileiro em relação a parceria, Rebecca disse que a legislação brasileira não impede que ela seja firmada. “O Google está disponível para todo o Brasil. Milhares de pessoas disponibilizam suas informações lá. Os Suruís é que estão começando agora”, disse.
Quanto a data em que o sistema tecnológico entrará no ar, Rebecca disse que vai depender apenas dos próprios índios, já que são eles que vão decidir o que vão disponibilizar na Internet, como também adicionar as informações. “Eu ofereço a ferramenta e ensino a usá-la, mas são eles que vão fazer”, afirmou.
Segundo Rebecca Moore, o mesmo treinamento oferecido em Cacoal será realizado em Porto Velho, nos dias 23 e 24 desse mês, para índios de 12 comunidades diferentes. Rebecca também elogiou a política de inclusão social do Governo Brasileiro, citando como exemplo a oferta de Internet a diversas comunidades indígenas.
Acontecimento histórico
O presidente da Associação Metareilá, Almir Suruí, que buscou a parceria com o Google, acredita que o sistema tecnológico facilitará o trabalho que ele e outros líderes indígenas vêm realizando em defesa do meio ambiente, inclusive do território Suruí. Ele também não vê riscos na exposição de informações na Internet. “Somos nós que vamos escolher o que divulgar”, disse.
Segundo Almir Suruí, não serão fornecidas informações sobre plantas nem animais. A previsão, segundo ele, é a de que as informações estejam disponíveis na Internet dentro de no máximo 60 dias.
O coordenador do Programa de Meio Ambiente da Usaid, Ernane Pilla, classificou a parceria como um fato histórico. Ele também afirmou que trata-se de um sistema seguro para os Suruís. “O Google está dando a ferramenta e os índios é que vão fornecer as informações que eles quiserem”, disse.
Segundo Ernane Pilla, a parceria com o Google é uma forma dos Índios Suruís se fortalecer como povo. “Se fortalecendo eles têm mais chances de ter o controle do que está acontecendo na terra deles”, afirmou.
Nova sede
A programação preparada para comemorar a assinatura do termo de parceria do Google com os Suruís incluiu a inauguração da nova sede da Associação Indígena Metareilá, no distrito do Riozinho. Além de membros de instituições internacionais, prestigiaram o evento, representantes da Polícia Federal, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Prefeitura de Cacoal, da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e de outras Ongs rondonienses.
Na Aldeia Indígena Sete de Setembro, localizada na Linha 11, também houve atividades especiais. Durante três dias, os índios apresentaram danças e outros rituais aos visitantes. Houve ainda visitas a mata e a áreas de reflorestamento dos Suruís. A programação foi registrada por equipes jornalísticas de vários países.