Cacoal/RO – A Associação de Moradores do Bairro Nova Esperança em parceria com a Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal (Facimed), Secretaria Municipal de Saúde e Fundação Nacional de Saúde (Funasa) realizaram, no último dia 18, uma ação de combate aos caramujos africanos que estão se proliferando na região. Angiostrongiliase abdominal e meningite eosinofílica são algumas das doenças que podem ser causadas pelo molusco. Além de coletar os caramujos, os participantes da ação orientaram os moradores quanto a forma de combate.
Conforme o presidente da Associação de Moradores, Joberdes Bomfim da Silva, a infestação dos caramujos começou no último mês de novembro. Ele informou, que um morador levou a espécie para o bairro, pensando que ela fosse comestível e ao perceber que não era, soltou os moluscos com vida, o que fez com que eles se reproduzissem e se espalhassem pelo bairro. “Encontramos os caramujos em cerca de 60% das residências”, disse.
O caramujo africano é hermafrodita e sua reprodução é cruzada, necessitando apenas de um parceiro para trocar células sexuais. Ele alcança a maturidade sexual entre 4 e 5 meses, podendo fazer até 4 posturas por ano, que variam, cada uma, de 180 a 600 ovos. Conforme o biólogo Celso Dias, o período chuvoso é ideal para que os ovos se proliferem. Ele destacou que a forma segura encontrada para acabar com a espécie é somente a incineração. “O contato com os caramujos só deve ser com luvas ou uma sacola plástica”, disse.
A secretária municipal de Saúde, Isabel Velasco, informou que a ação de combate ao caramujo deverá ter continuidade. Ela ressaltou, que o trabalho deverá ser estendido para o lixão municipal, já que vários moradores, antes da orientação, recolhiam os caramujos e colocavam no lixo doméstico. Ela enfatizou ainda, que até o momento, não foi registrado no município nenhum caso de contaminação pelos vermes que se hospedam no caramujo africano. “Esta ação é preventiva e precisamos do apoio da comunidade”, disse.
O caramujo africano
O caramujo africano é um molusco que já atingiu aproximadamente 20 estados do Brasil. Parcialmente arborícola e herbívoro generalista, compete com outras espécies nativas por comida ou espaço e ainda pode exercer o canibalismo, devorando ovos e caramujos jovens da mesma espécie, para sobreviver em ambientes pobres em cálcio e alimento.
De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), o caramujo é um hospedeiro do verme angiostrongylus costaricensis, causador da angiostrongilíase abdominal, doença que provoca fortes dores abdominais, febre, perda do apetite e vômitos, podendo culminar com a perfuração do intestino, hemorragias e em alguns casos, levar a morte e também do verme angiostrongylus cantonensis, causador de um tipo de meningite denominada eosinofílica, ocorrendo quando o verme se aloja no sistema nervoso central do paciente, provocando a inflamação das meningites, podendo levar a cegueira, paralisia e, em casos extremos, à morte.
Os dois vermes podem ser encontrados tanto no interior dos caramujos quanto no muco que eles secretam para se locomover. Isso amplia os riscos de infestação no homem, que pode se contaminar com os vermes e suas larvas se ingeri-lo, manuseá-lo e levar a mão à boca ou ingerir alimentos sem a correta higienização, que tenham tido contato com o molusco.