João Vilhena construiu parte de sua história quando Ji-Paraná era Vila de Rondônia, tempo em que o serviço de alto-falantes era o ‘point’ da comunicação
Por Roberto Gutierrez – Morreu hoje, aos 89 anos de idade, o jornalista e imortal da Academia Ji-Paranaense de Letras João Vilhena. Nos últimos anos Vilhena vivia sob os cuidados especiais da mulher, a pastora Noemi Vilhena. O jornalista estava lúcido, mas tinha dificuldade com os movimentos do corpo.
Vilhena tinha enfisema pulmonar, doença que se manifestou no tempo em que era funcionário da Assembleia Legislativa de Rondônia. Há três dias ele estava internado no Hospital Municipal Claudionor Roriz com pneumonia. A inflamação, que se agravou muito rápida, levou o escritor à morte às 10 horas da manhã desta segunda-feira.
Acreano
Natural de Xapuri, interior do Acre, João era o terceiro filho de oito irmãos do casal João Silva Vilhena e Ana Costa Vilhena.
Ao completar 18 anos, João Vilhena se alistou na Aeronáutica e foi servir em Belém do Pará. Numa de suas idas a Porto Velho, gostou do lugar e acabou fincando raízes em Rondônia, onde o seu irmão mais novo, Osmar Vilhena, um grande comunicador, recém havia chegado.
João Vilhena foi correspondente de muitos como o Guaporé, Alto Madeira, diretor fundador da Tv Ji-Paraná. Ajudou a instalar a antena da TV Rondônia em Porto Velho, foi servidor da Assembleia Legislativa de Rondônia e lançou quatro livros. São três edições ampliadas do livro Os Pioneiros e escreveu ainda o livro Vila de Rondônia. O primeiro livro, Os pioneiros, foi uma parceira com o empresário Luiz Bernardi.
Escritor
Incentivado pelo Imortal da Academia de Letras de Rondônia Aparício Carvalho, João Vilhena, junto com o advogado e escritor José Dapenha e a escritora Luíza Marilac fundaram a Academia Ji-Paranaense de Letras (Ajil).
Folha de Rondônia
Na década de 90 João Vilhena lançou o jornal semanário Folha de Rondônia. Em 1999, ele acabou cedendo a marca para o empresário Pedro André de Souza que lançou a Folha de Rondônia como jornal diário, tonando-se um dos mais influentes jornais do Estado.
Uma curiosidade é que a Televisão chegou primeiro que o Rádio a Ji-Paraná. Na verdade chegou quando a cidade ainda era Vila de Rondônia.
Ainda, na década de 1970, João Vilhena acabou se mudando para a Vila de Rondônia. Não havia rádio nem televisão. Apenas um serviço de Alto Falantes no Mercado Modelo na qual Wellington Mendes, o filho do ‘seo’ Clodomir Amiguinho era o locutor. Esse veículo de comunicação ficava onde hoje é a Praça do Teatro Dominguinhos. Não demorou muito para a Televisão dar o ar da graça. Foi aí que João, ganhou a missão de montar a estação de TV, aos moldes que como ocorreu em 1974 em Porto Velho, com a TV Rondônia. O irmão dele, Osmar Vilhena, que morreu de Covid 19 no início da pandemia, era do diretor da TV Rondônia na época. Assim, nascia a Tv Vila de Rondônia, que um ano depois se tornou TV Ji-Paraná com a emancipação do município em 1977.
O velório do imortal da AJIL acontece na Igreja Batista do Habitar Brasil, em Ji-Paraná. O enterro está previsto para acontecer amanhã, às 9 horas, no cemitério da Saudade.