A maioria dos dez municípios mais populosos de Rondônia, a partir das estimativas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último dia 27 de agosto, apresenta bons indicadores de desenvolvimento econômico e figura no arco do crescimento do agronegócio. O setor movimentou em 2020 cerca de R$ 7 bilhões com a exportação de produtos agropecuários, um crescimento de 5,2% se comparado aos indicadores de 2019. Resultado da atuação do Governo de Rondônia, por meio da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater-RO) e Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), que leva assistência às produtores rurais do estado.
Desde a elevação do ex-Território de Rondônia à categoria de Estado, a sua população mais que triplicou. Passou de 590 mil habitantes em 22 de dezembro de 1981 para mais de 1,8 milhão em 2021. Em comparação com a estimativa de 2020, a população de Rondônia teve aumento de 1,04% neste ano, passando de 1.796.460 pessoas no ano passado para os atuais 1.815.278 habitantes.
O economista e memorialista Anísio Gorayeb (in memoriam), uma das mais de seis mil vítimas da Covid-19, registrou em palestras e artigos publicados nas redes sociais que Rondônia foi o único Estado no qual o projeto de reforma agrária definido pelo governo federal para expansão da fronteira agrícola em direção ao Norte deu certo.
“Hoje temos mais de 1 milhão de habitantes e Rondônia foi um dos estados que mais cresceu fora da média e ainda cresce. Deu um salto rumo ao desenvolvimento sustentável e nossa força está no campo, no agronegócio”, enfatizava Gorayeb.
Ele atribuía o bom desempenho à prática da agricultura diversificada, uma agropecuária forte, piscicultura em crescimento e ao início do processo de industrialização dos derivados do leite com a instalação de grandes laticínios, frigoríficos e indústrias de torrefação de café. Mas lembrava que tanta pujança tinha que ser compartilhada com os esforços de cada migrante que veio para Rondônia, a partir dos anos de 1970 e 1980.
Entre janeiro e junho de 1984, haviam chegado mais de 82 mil pessoas ao estado e, até dezembro, seriam 130 mil. Para assentar um terço deste contingente de migrantes, o governo projetou investimentos de 12 bilhões de cruzeiros apenas para os projetos do Incra. Deste total, oito bilhões reservados para abertura de estradas vicinais, vias secundárias de escoamento da produção agrícola.
Já o historiador Aleks Palitot assinala que o primeiro projeto de colonização foi criado no município de Ouro Preto do Oeste, em 1970. Com o assentamento de cerca de 5 mil famílias, cada uma recebeu sua gleba de terra para à produção agrícola. Esse projeto, feito pelo Incra deu certo e vários outros tiveram sequência.
Veio depois o projeto Sidney Girão em 1971, na região de Guajará-Mirim, que deu origem ao município de Nova Mamoré, com o assentamento de mais de 4 mil famílias à época. Rondônia encontrava então sua nova vocação econômica. Se no passado, no século 18, teve o ciclo do ouro, com a construção do Forte Príncipe da Beira, em seguida deu-se o ciclo da borracha, fase da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) e das linhas telegráficas de Rondon, que cortava e atravessava o estado, e por último o ciclo agrícola, impulsionado por uma política de reforma agrária que gerou oportunidades e trabalho para milhares de desempregados de regiões mais pobres do país.
De 1970 a 1982, houve o maior surto migratório na história do Brasil, quando 500 mil pessoas vieram para Rondônia. “Nunca se viu isso no Brasil”, afirmou Palitot, acrescentando que “pessoas que vieram de várias regiões do país, por outro lado, isso ocasionou impactos ambientais, impactos nas populações nativas indígenas. Houve também o encontro do sulista, que veio derrubar floresta para plantar para poder produzir, em contraste com os seringueiros que exploravam a floresta em pé”.
A vinda de grandes levas de mineiros, capixabas, paranaenses, gaúchos, mato-grossenses e nordestinos atraídos pelo modelo de reforma agrária nas décadas de 1970 e 1980, deflagraram o processo de colonização e contribuiu para definir a matriz da agropecuária de Rondônia, por meio de projetos de assentamento rural implantados pelo Incra e a criação dos Núcleos Urbanos de Apoio Rural (Nuares), que deram origem à maioria dos municípios do interior.
O estado alcança agora mais de 1,8 milhão de habitantes – agosto de 2021- e seu Produto Interno Bruto (PIB) é estimado em R$ 45 bilhões. A prospecção mineral, principalmente a manual de ouro e cassiterita, no entanto, provocaram danos ambientais.
Estudos da MapBiomas, divulgados dia 30 de agosto último, revelam que a Amazônia abriga 72,5% da área minerada em 2020 e que o garimpo no país já é maior que a mineração industrial.
A área minerada no Brasil saltou de 31 mil hectares em 1985 para 206 mil hectares em 2020, um aumento de 564% ou de seis vezes o tamanho de 35 anos atrás. Os estados com as maiores áreas mineradas são o Pará (110.209 ha), Minas Gerais (33.432 há) e Mato Grosso (25.495 ha).
Em terras indígenas, a área ocupada pelo garimpo cresceu 495% entre 2010 e 2020. Em unidades de conservação, a área ocupada pelo garimpo cresceu 301% de 2010 a 2020. Quase a totalidade, ou 93,7% do garimpo do Brasil está na Amazônia.
MAIOR REBANHO BOVINO
Porto Velho, com 548.952 habitantes concentra a maior população e é a terceira capital mais populosa da região Norte, atrás apenas de Manaus (AM) e Belém (PA). Com forte vocação agropecuária, o município tem mais de 1 milhão de cabeças de gado. O seu rebanho bovino já é o quarto maior do país, segundo Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) divulgada pelo IBGE em 2019.
Com 1,1 milhão de cabeças de gado, em nível nacional a capital rondoniense perde apenas para São Félix do Xingu (PA) — com 2,2 milhões —, Corumbá (MS) — com 1,8 milhão — e Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) — 1,2 milhão.
Em Rondônia, outros municípios também integram o ranking dos maiores rebanhos bovinos como Nova Mamoré (730 mil cabeças), Jaru (517 mil cabeças), Buritis (516 mil cabeças) e Ariquemes (477 mil cabeças).
Com infraestrutura aeroportuária, porto fluvial alfandegado, terminais de embarque e silos de estocagem de grãos para exportação pela Hidrovia do Rio Madeira para Ásia e Europa, a capital desponta também como entreposto de oportunidades, negócios e serviços.
As estimativas demográficas do IBGE em 2021 levam em conta todos os 5.570 municípios brasileiros, e é um dos parâmetros utilizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para o cálculo do Fundo de Participação de Estados e Municípios, além de referência para indicadores sociais, econômicos e demográficos.
A capital rondoniense concentra 30,2% da população do estado, mas municípios com forte vocação para o agronegócio e indústria de transformação como Ji-Paraná (131.026), Ariquemes (111.148), Vilhena (104.517) e Cacoal (86.416) também se destacam neste ranking. Rolim de Moura (55.748), Jaru (51.469), Guajará-Mirim (46.930), Machadinho d’Oeste (41.724) e Buritis (41.043) completam a lista dos dez mais populosos do estado.
A maioria interliga-se com a BR-364, rodovia federal que se transformou em corredor de transporte das riquezas regionais e principal via de consolidação do transporte intermodal com a Hidrovia do Madeira, por onde são exportadas commodities da região para o mercado internacional.
São microrregiões com características e detentoras de bons índices de crescimento econômico e que movidas pela força de trabalho da gente que migrou para colonizar o estado, estão hoje no radar da política de desenvolvimento regional.
PAÍSES IMPORTADORES
As exportações cresceram mais de 35% neste primeiro semestre, cerca de R$ 3 bilhões e 100 milhões. Os cinco países que mais compram produtos e aquecem o agronegócio regional são a Turquia, China, Espanha, Hong Kong e Países Baixos, como a Holanda.
Rondônia exporta carne fresca e congelada, soja, milho, algodão, madeira entre outros produtos para vários países, entre eles, Coreia do Sul, Itália, Vietnã, Índia, China, Espanha, Israel, Alemanha, Rússia, Portugal, Egito, México, entre outros. Em 2020, as exportações alcançaram mais de US$ 1,37 bilhão, batendo recordes em relação aos anos anteriores.
Lideraram a pauta de exportações, nesse período, as carnes fresca e congelada (US$ 678 milhões) e a soja (US$ 421 milhões). Uma das metas do Plano Estratégico de Governo é aumentar em 10% ao ano o valor de produtos exportados até 2023, na modalidade Free On Board (FOB – livre a bordo).
Assim, o governo atua forte na integração, lavoura e pecuária (ILP), contribuindo para que o estado saísse de um VBP de R$ 9,8 bilhões para R$ 15 bilhões até o final de 2020.
A soja é o grão considerado carro-chefe da pauta de exportação com cerca de R$ 2 bilhões e 800 milhões. O segundo produto, vendido para mais de 150 países, é a carne reconhecida pelas missões internacionais de inspeção como de boa qualidade e produzida agora em área com status livre de vacinação para febre aftosa.
Os três produtos com melhores cotações no mercado consumidor internacional são os derivados de carne (congelada, refrigerada, fresca). O rebanho bovino de Rondônia está estimado em mais de 15 milhões de cabeças. É ainda um dos grandes produtores nacionais de café, exporta madeira em prancha e comercializa vários produtos minerais, como o estanho (cassiterita) e o nióbio, item considerado estratégico e que entrou nos últimos meses na pauta de exportação, e encontrado no Brasil apenas em estados como Rondônia e na Bahia.
O tântalo (usado em aços, aviões, filamento de lâmpadas incandescentes, instrumentos cirúrgicos e dentários) é outro minério incluído na pauta de exportação, seguido do vanádio outro componente mineral muito procurado pela indústria farmacêutica por ter a capacidade de produzir no corpo humano efeitos parecidos como os da insulina.
Os municípios que mais exportaram seus produtos para fora do Brasil são Vilhena, em primeiro lugar com mais de 1 bilhão e 540 milhões, seguido de Porto Velho com R$ 829 milhões e Rolim de Moura, o terceiro da lista, com R$ 778 milhões.
Na edição de janeiro de 2020 do Boletim Informativo da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), elaborado pelo Agrodados, registra que o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de Rondônia alcançou R$ 15,2 bilhões, crescimento médio de 7% ao ano. O indicador ultrapassa a meta do Plano Estratégico de Governo de alcançar até 2023 o VBP no valor de R$ 14 bilhões.
Mesmo cenário em que a agricultura alcançou R$ 4,9 bilhões, com destaque para a soja (R$ 2,3 bilhões), milho (R$ 1,02 bilhões) e café (R$ 975,2 milhões). Já a pecuária representa R$ 10,2 bilhões, com destaque para bovinos (R$ 9 bilhões), leite (R$ 908,9 milhões) e suínos (R$ 1,6 milhões). A meta para a agricultura e pecuária era aumentar a produtividade em torno de 20% até 2023, já ultrapassada em 2020.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o agronegócio representa 21% do Produto Interno Bruto (PIB) de Rondônia, que gira em torno de R$ 45 bilhões e ocupa a segunda posição como setor que mais movimenta a economia regional.
O estado tem um grande potencial para produção de alimentos e se tornou o terceiro maior produtor de grãos da região Norte e o 14º do país, batendo recorde de produção na safra 2019/2020, com 2.405,3 mil toneladas. Segundo o anuário do IBGE, Rondônia é responsável por 4,1% da produção total da região Norte do Brasil, com aproximadamente 10,7 milhões de toneladas.
Destaca-se também como maior produtor de café conilon, milho, arroz e o algodão, e o terceiro maior produtor de soja. Fez ainda avanços significativos no plantio de culturas como amendoim, cacau, banana, cana-de-açúcar, feijão, laranja, mandioca, inhame, tomate, uva entre outros.
São produções vindas de pequenas propriedades da Agricultura Familiar que estão em constante evolução. “Nosso objetivo é ajudar o pequeno produtor a desenvolver suas produções com ajuda da assistência técnica, doação de insumos, novas tecnologias e muito mais. Com o apoio do governador, Marcos Rocha, vamos investir muito mais na agricultura familiar”, disse o secretário da Seagri, Evandro Padovani.
METADE DA POPULAÇÃO VIVE EM 5,8% DAS CIDADES
A divulgação anual das estimativas da população residente nos municípios brasileiros obedece ao artigo 102 da Lei nº 8.443/1992 e à Lei complementar nº 143/2013. As populações dos municípios foram estimadas por método matemático e é o resultado da distribuição das populações dos estados, projetadas por métodos demográficos, entre seus diversos municípios.
Na última década, as Estimativas da População dos Municípios mostraram um aumento gradativo na quantidade de grandes municípios do país. No Censo de 2010, somente 38 municípios tinham população superior a 500 mil habitantes e apenas 15 deles tinham mais de 1 milhão de moradores. Já em 2021, eram 49 os municípios brasileiros com mais de 500 mil habitantes e 17 com mais de 1 milhão.
Mais da metade da população brasileira (57,7% ou 123,0 milhões de habitantes) está concentrada em apenas 5,8% dos municípios (326 municípios do país com mais de 100 mil habitantes).
Apenas 49 municípios do país com mais de 500 mil habitantes concentram aproximadamente 1/3 da população brasileira (31,9% da população do país ou 68 milhões de habitantes). Por outro lado, 3770 municípios (67,7%) que possuem menos de 20 mil habitantes, concentram 31,6 milhões de habitantes, o que corresponde a apenas 14,8% da população.
A população das 27 capitais mais o Distrito Federal supera os 50 milhões de habitantes, representando 23,87% da população total do país.
São Paulo segue como o estado mais populoso, com 46,6 milhões de habitantes, concentrando 21,9% da população total do país, seguido de Minas Gerais (21,4 milhões de habitantes) e do Rio de Janeiro (17,5 milhões de habitantes). Os cinco estados menos populosos, somam cerca de 5,8 milhões de pessoas estão na Região Norte: Roraima, Amapá, Acre, Tocantins e Rondônia.
As menores populações de Rondônia estão em Pimenteiras do Oeste (2.127 habitantes), Primavera de Rondônia (2.697), Castanheiras (2.923), Rio Crespo (3.843), Teixeirópolis (4.160), São Felipe d’Oeste (4.962), Cabixi (5.067), Santa Luzia d’Oeste (5.942), Cacaulândia (6.307) e Parecis (6.319).
(SecomRO)