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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Núcleo do Ministério da Saúde diz que se Mandetta sair, sai junto

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O movimento de “se sair, saímos juntos” tem sido reforçado nos bastidores por parte dos secretários do Ministério da Saúde

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – “Aqui entramos juntos e estamos juntos. Quando eu deixar o ministério, vamos colaborar com a equipe que vier, mas vamos sair juntos”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, rodeado por cinco dos sete secretários da pasta e acompanhado por servidores que atuam no combate ao novo coronavírus.

O encontro em peso na mesa de auditório, comum apenas em grandes eventos e momentos de posse de ministros, ocorreu na noite da segunda-feira (6). O motivo não era a posse do titular, mas o risco de sua saída –e, com ele, do restante da equipe.

O movimento de “se sair, saímos juntos” tem sido reforçado nos bastidores por parte dos secretários do Ministério da Saúde em meio à queda de braço entre Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro.

A frase é repetida sobretudo pelo secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, e pelo secretário de Vigilância, Wanderson Oliveira, ambos na linha de frente do combate ao novo coronavírus.

“Fui convidado por ele e sairia com ele”, disse Gabbardo à reportagem nesta terça-feira (7). Em meio à crise, o ministro também tem tentado dar visibilidade à equipe, marcada pela experiência em gestão de saúde e atuação em outros governos.

Médico e ultramaratonista, Gabbardo, número 2 da pasta, é descrito por Mandetta como “o cara que prevê e resolve as coisas”. No caso do coronavírus, isso significa lidar com a gestão de leitos e a oferta de equipamentos no SUS. Antes de assumir o cargo, foi secretário de Saúde do Rio Grande do Sul de 2015 a 2018 e passou pelo ministério na gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Também foi presidente do Conass (conselho de secretários estaduais de Saúde), que representa os estados nas decisões sobre o sistema de saúde. Recentemente, foi alvo de críticas após aparecer correndo com a esposa nas ruas de Brasília em meio à defesa de isolamento social.

Mandetta saiu em sua defesa: “O pessoal pode fazer uma caminhada, pode ficar tranquilo. Só não pode aglomerar. O Gabbardo é ultramaratonista, autorizei a dar uma corridinha”, disse.

Alçado ao cargo por indicação de Onyx Lorenzoni e do deputado federal Osmar Terra, Gabbardo trouxe à equipe Erno Harzheim, médico de família e ex-secretário de Saúde de Porto Alegre e hoje responsável pelas ações na área da atenção básica.

Gabbardo desejava ter como sua principal vitrine o programa Médicos pelo Brasil (em substituição ao Mais Médicos, criado na gestão Dilma Rousseff, para levar profissionais ao interior do país). Era esse seu front mais próximo das ações e decisões do ministro.

Entre aliados, o grupo era visto como técnico, mas também entusiasta da gestão Bolsonaro. Com frequência, medidas da pasta eram anunciadas nas redes sociais com citação ao presidente e ao ministro.

As interferências recentes do Planalto em decisões, no entanto, geraram um clima de mal-estar no grupo, acostumado com liberdade de trabalho, e isso se refletiu nas postagens na rede, agora atreladas apenas ao ministério.

A chegada do novo coronavírus também conferiu força a Wanderson Oliveira, enfermeiro epidemiologista, pesquisador da Fiocruz e secretário de Vigilância em Saúde da pasta. Seu nome foi um dos últimos a ser anunciado. Na época, o próprio ministro chegou a dizer à reportagem que estava com dificuldade em encontrar um nome técnico como gostaria.

Sua escolha é atribuída a Agenor Álvares, sanitarista e ex-ministro da Saúde do governo Lula (PT), a quem Mandetta pediu indicações. Desde então, Mandetta tem definido o secretário em coletivas como o seu “controlador de tráfego”, “aquele que lê, que vê números e fica medindo”.

A presença de Oliveira tem sido respaldada por gestores estaduais de saúde, que veem no secretário experiência em situações de emergência –antes do coronavírus, fez parte da equipe que atuou no ministério em resposta à emergência pelo vírus da zika. Nos bastidores, Oliveira também tem repetido que deixará o ministério caso Mandetta saia.

A equipe que estava ao redor do ministro na mesa também tem nomes de amigos e profissionais remanescentes de gestões anteriores.

Um deles é Denizar Vianna, médico cardiologista que assumiu a Secretaria de Ciência e Tecnologia e de quem era próximo nos tempos de faculdade. Outro é Francisco de Assis Figueiredo, que já era secretário da área de assistência especializada sob Michel Temer (MDB).

Na segunda-feira, Figueiredo desceu ao térreo do ministério para esperar a chegada do ministro com outros servidores.

Dois secretários, no entanto, estavam ausentes da mesa no encontro desta segunda: Mayra Pinheiro, titular da Secretaria de Gestão Estratégica em Trabalho na Saúde e conhecida por ter participado de protestos no passado contra a vinda de cubanos ao Mais Médicos, e Robson Santos da Silva, coronel do Exército à frente da saúde indígena.

Questionada pela reportagem, Pinheiro evitou comentar a crise e disse que estava de plantão como intensivista pediátrica na hora da coletiva. “Em tempos de coronavírus, sigo também fazendo o meu papel de médica, que é salvar vidas”, afirmou. A reportagem não conseguiu contato com Silva.

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