OS AUTORES, OS FINANCIADORES E INCENTIVADORES DO TERRORISMO E DA AGRESSÃO AOS SÍMBOLOS DA DEMOCRACIA BRASILEIRA DEVEM SER SEVERAMENTE PUNIDOS.
O CAPITÓLIO BRASILEIRO
Prof. Dr. Valmor Bolan
Ocorreu no domingo, 8 de janeiro de 2023, o “Capitólio brasileiro”, com a invasão de centenas de pessoas aos edifícios públicos mais importantes da República, e o que parecia ser mais uma de tantas manifestações, acabou se tornando um ato de vandalismo, com depredações e quebradeira, e agressão ao patrimônio público, obras de arte, chocando o Brasil e o mundo. As autoridades de Brasília responsáveis pela segurança pública falharam em proteger os edifícios públicos atingidos (o Senado Federal, o Palácio do Planalto e o plenário do Supremo Tribunal Federal). No mesmo dia, o presidente Lula decretou intervenção federal na Secretaria de Segurança da capital do País, e o ministro Alexandre de Moraes determinou a retirada dos manifestantes que continuavam em frente dos quartéis, não apenas em Brasília, mas em várias cidades brasileiras. Foi um ato sem precedentes na História, quando os três edifícios dos poderes da República foram depredados e vandalizados. Mais de mil pessoas ficaram detidas num estádio em Brasília, aguardando encaminhamento para presídios. O ministro Alexandre de Moraes afirmou também que irá atrás dos financiadores e todos os que – direta e indiretamente – estiveram envolvidos no atentado aos edifícios públicos sede e símbolos da República.
Todo vandalismo e depredação do patrimônio público deve ser repudiado. Obras de arte valiosas foram danificadas, sem que se saiba quem arcará com a restauração do que foi destruído ou atingido pela violência. Busca-se também a responsabilização das autoridades que deveriam tomar todas as providências para evitar o que aconteceu. Por isso que há questionamentos sobre a omissão ou quem sabe colaboração do ex-ministro da Justiça do Governo Bolsonaro, Anderson Torres, bem como do próprio governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Até mesmo policiais militares foram flagrados fazendo selfie e tomando água de coco, enquanto deveriam estar atuando no sentido de evitar a invasão e depredação dos edifícios públicos. Senadores querem fazer uma CPI para investigar o ocorrido. A ministra Rosa Weber, presidente do STF, afirmou também que irá se empenhar para a reforma do plenário da Suprema Corte, que foi destruído pelos vândalos. Tudo isso chocou a tantos, perplexos com o número de pessoas envolvidas, foram mais de mil presos, e ônibus que vieram de várias partes do País. Nunca antes a democracia passou por uma prova como essa, o que tem levado muitos a estudar o fenômeno, para compreender melhor as razões do porquê se chegaram a esse estado de coisas e quais as medidas mais eficazes para garantir o retorno à normalidade.
O papa Francisco, em audiência com o Corpo Diplomático do Vaticano, mencionou o Brasil, expressando a sua preocupação com o enfraquecimento da democracia: “Sempre é preciso superar as lógicas parciais e trabalhar pela construção do bem comum”, afirmou. É preciso que encontremos os meios para evitar as polarizações e extremismos, que dividem a sociedade, para que haja pontos de convergência que permitam a civilidade. Nada se constrói com a barbárie. É um desafio de todos, nesse sentido, que requer de cada um, o discernimento para escolhas amadurecidas, o respeito às diferenças, e o diálogo incessante. Esperamos que o Brasil logo recupere aquilo que sempre foi uma característica do seu povo: a tolerância e a boa convivência com a diversidade.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.