Acidente, incidente ou armação de uma pessoa de mente doentia?
É muito estranho que uma pessoa acorde em uma possa de sangue ao amanhecer, tendo as portas do apartamento sem qualquer sinal de arrombamento, havendo uma outra pessoa no quarto ao lado, e ninguém saber o que ocorreu. Some-se a isso o fato de que a vítima, apenas cinco dias depois, torne o caso público às autoridades. Pior, depois de tempo para refletir sobre tudo, a pessoa tem a ideia de ligar o fato a um possível atentado político, quando não há os mínimos elementos para tal.
As narrativas contraditórias da deputada federal Joyce Hasselman, que apareceu do nada com a cara toda arrebentada, dente quebrado e o marido em casa, que nada soube, não convencem nem as autoridades policiais e nem a população brasileira. O que intriga é que ela, a vítima, tenta a todo o custo tirar o marido dela do rol dos suspeitos. Por que? Ela própria disse, reiteradas vezes, que acordou em meio a uma poça de sangue, gravemente ferida e de nada se lembra. Se não se lembra de nada, por qual razão quereria ela retirar o marido do rol dos suspeitos?
O mais estranho é que Joyce mora em apartamento da Câmara dos Deputados e até onde sabemos, dessa sua história mal narrada, ela só informou à Polícia Legislativa algo tão grave cinco dias depois. Por que alguém, em situação de extrema gravidade como parece ser o caso dela, procuraria os responsáveis pela guarda tardiamente? Qualquer um, em situação de suspeita de invasão do apartamento e onde quase perdeu a vida, provavelmente quereria deixar o local e só consideraria a possibilidade de retornar para o mesmo local depois de provado que o local não deixa sua vida em risco.
Assim como ela criou essa narrativa tão difícil de ser explicada, os brasileiros também estão espalhando outras narrativas em que tentam explicar o que houvera ocorrido com ela. Uns falam que ela teria tido um acidente de carro e aproveitou a situação, dias depois, para inventar um suposto atentado político, visando, obviamente, atingir o presidente Bolsonaro, de quem ela foi de aliada à traidora.
Outros acreditam que ela levou uma surra do marido e, estranhamente, em vez de denunciá-lo para que pague pelo seu crime, o protege apenas pelo desejo maquiavélico de aproveitar a ocasião para se passar por vítima, não do marido, mas do governante de quem hoje ela é opositora.
Há também quem acredite que ela tenha mesmo sofrido um acidente doméstico, coisa que ela própria não descarta, em algumas entrevistas que concedeu. Ela agora ameaça processar todos os brasileiros que vão às redes sociais levantarem suspeitas sobre o envolvimento do marido dela, sobre ela estar inventando mentiras, etc.
Por que razão a Justiça condenaria alguém, em um país democrático, apenas por expressar sua opinião sobre o que acha que teria acontecido? Obviamente que acusar alguém, sem provas, é crime. Agora comentar que fulano ou beltrano pode ser um dos suspeitos quando ele reúne condições para tal, não é crime algum. Isso é mero exercício do direito de expressão.
O marido estava no mesmo recinto da mulher que aparece toda arrebentada. Por mais que justifiquem que o apartamento é grande, é pouco crível que alguém, no mesmo ambiente, não tenha percebido nada de errado.
Enfim, é muita canalhice ela querer reparação de danos a alguém que suspeite do marido dela, que estaria na mesma residência em que ela aparece com marcas que sugerem ser de agressões, e ela própria levantar suspeitas de que o presidente da República ou alguém ligado a si, teria algo a ver com os ferimentos em seu corpo?
Embora desejemos sua pronta recuperação, não podemos evitar nossa indignação com essa atitude dela de querer transformar uma tragédia pessoal – por conta de violência doméstica, acidente doméstico ou automobilístico, em trampolim para tentar capitalizar dividendos políticos eleitorais. Ela, com todo esse imbróglio, parece revelar um caráter distorcido ou, no mínimo, um problema psicótico de relevante gravidade.