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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Papudiskina – Nunca generalize os políticos como corruptos, pois o problema vai muito além

Daniel

Sabe aquele comentário que a maioria dos brasileiros faz de que os políticos são corruptos? Isto não está certo e vou explicar porque. Na verdade, todos os políticos saem do meio do povo, são pessoas como qualquer um de nós e dizer que todos são corruptos equivale a dizer que as pessoas, em geral, são corruptas e não tem caráter. A verdade é que, pensando bem, chegamos à conclusão de que generalizar não é algo bom. Há muita gente corrupta, sim, por essência e muitas dessas pessoas acabam entrando para a política. Temos, portanto, a missão de fazer boas escolhas, embora isso seja algo muito difícil.

Aí entra outra questão. Tem muita gente que, revoltada, diz que só vai votar em político novo, que nunca disputou um cargo, pois assim, acredita, vai ter mais chances de fazer uma boa escolha e dar uma lição em quem já está na política. Será mesmo? Não seria o caso de manter no poder aquele político que, testado, deu mostra de sua competência e zelo com a coisa pública? Claro que podemos escolher quem nunca esteve na política. Não há nenhum problema nisso. Mas também não há problemas em votar em quem já foi testado e aprovado. Eu posso votar tranquilamente em quem nunca teve um cargo político, desde que confie na idoneidade dessa pessoa e entenda que ela seja capaz de cumprir os objetivos a que se propõe e não frustrar minhas expectativas. Também não vejo nenhum problema em votar em quem já ocupa algum cargo político e deu mostra de que tem caráter e responsabilidade.

Infelizmente vemos que muitos dos que criticam os políticos, acusando-os de serem desonestos, são eles próprios oportunistas e, por extensão, também desonestos. Vimos isso agora que o governo federal liberou um auxílio emergencial por conta da pandemia. Muita gente se inscreveu e retirou o auxílio, mesmo tendo emprego. Tivemos até uma auditoria da Assembleia Legislativa de Rondônia revelando que muitos servidores se inscreveram e receberam o recurso.

Infelizmente temos um percentual muito grande de gente que, mesmo não tendo o hábito de cometer crimes formalmente, é oportunista e não pensa duas vezes em se apropriar de bens ou recursos que não são seus, quando uma ocasião favorece sua incursão nesse caminho tortuoso.

Há inúmeros exemplos de ações que a turba comete, que também é crime. Essas pessoas, que cometem esses crimes esporádicos, de acordo com a ocasião, tem em seu íntimo a sensação de que “não estão fazendo nada de errado”, mas estão. Alguém pode pensar, nesse caso do recurso emergencial, que é verba pública e que, portanto, ao pegá-lo, não está fazendo mal a ninguém. Claro que está. Os recursos públicos não são infinitos. Se o dinheiro cai nas mãos de quem não precisa, os que realmente são necessitados ficam sem acesso a ele. Isso sem contar nos males que a saída desses recursos dos cofres públicos causa, como inflação, déficit público, endividamento do estado, etc.

Precisamos educar nossos jovens e crianças para que mudem o seu modo de vida e não se inspirem nesses milhões de oportunistas. É preciso que as pessoas tenham consciência política e cívica. Não basta apenas cobrarmos da classe política que ela seja honesta. É preciso combatermos a raiz do problema, que está na sociedade, não apenas nos que são votados, mas também nos que votam.

Só existe político corrupto porque existem cidadãos corruptos. É preciso que cada um de nós entenda que a honestidade é a principal virtude que devemos praticar e cultivar. Mas nem tudo está perdido. Há sinais de que ainda temos pessoas muito honestas em nosso meio. Tem gente que, achando uma carteira na rua, com dinheiro ou joias, procura o seu dono, mesmo que ninguém o tenha visto encontrar o objeto. Isso é decência.

O criminoso não é apenas aquele que furta ou rouba, de maneira contumaz. Também é ladrão aquele que, vendo que um caminhão de carga de alimentos tombou e espalhou a mercadoria pela rua, vai lá e recolhe alguns objetos para si. Também é criminoso aquele que se aproveita de uma greve policial e junta-se àqueles que arrombam a porta de um supermercado e também leva mercadorias para si. Claro, isso é condenável, bem o sabemos. Mas tem gente que acha normal entrar na fila daqueles que estão levando tudo de um mercado cujas portas foram abertas com o simples argumento de que não foi ele que arrombou, mas todo mundo está levando coisas para casa e ele também vai levar.

É este senso de oportunismo que leva muita gente, dantes honesta, a virar corrupta depois de entrar na política. Essa gente nos frustra porque votamos nela achando que seria honesta, mas não sabíamos de sua leviandade. Os políticos corruptos – não são todos, frise-se bem –  faziam parte desse grupo de pessoas que não eram criminosas habituais, mas levianas e oportunistas. Na política, surge a ocasião, e aí revelam quão leviano era o seu caráter.

Então, para concluir, não generalize os políticos. Os eleitos são partes de nós. Mas, claro, temos de continuar tentando acertar em quem votar. Não importa se o candidato já foi eleito ou não em outras ocasiões. Devemos escolher aquele que nos passa mais confiança. Uma boa maneira de escolher um político decente é observando as redes sociais. As entrelinhas do que as pessoas postam diz muito sobre seu caráter. Então, que Deus nos ajude e façamos boas escolhas no próximo dia 15 de novembro, data em que poderemos manter nosso voto em quem foi eleito e demonstrou competência ou, se não entendermos assim, também fazermos outras escolhas, mas escrutinando bem como é a vida daquele a quem vamos eleger seja para o Legislativo ou para o Executivo.

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