Além de sequestro e bloqueio de bens, estão sendo cumpridos dez mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva, todos expedidos pela 1ª Vara Federal de Itajaí/SC. A ação ocorre em endereços da organização, situados em Balneário Camboriú/SC, Santana do Parnaíba/SP e nas capitais dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Segundo apurado na investigação, desde o ano de 2001, garotas eram convencidas a serem filmadas e fotografadas com roupas de banho e sem peças íntimas, sob a promessa de que o material seria utilizado para agenciamento de modelos em trabalhos de moda e publicidade, além do argumento de que as fotos seriam exigência das empresas.
Entretanto, as imagens, nomes e perfis de redes sociais eram vendidas na deepweb, por meio de sites na internet controlados pelo grupo, em países como a República Tcheca, Estados Unidos e Rússia. Identificou-se, ainda, que essas imagens eram comentadas e compartilhadas por indivíduos que expressavam interesse em abuso sexual infantil e também em fazer contato com as garotas.
O principal fotógrafo do grupo é também acusado da prática de crimes sexuais e de induzir as modelos a trocarem de roupa em seu carro e em seu estúdio fotográfico, onde haveria espelhos e câmeras estrategicamente posicionadas para registrá-las nuas. Mais de 120 crianças e adolescentes brasileiras, com idades que variam entre quatro e 18 anos, foram identificadas até o momento. Esse investigado foi preso preventivamente hoje.
Cerca de 200 mil arquivos de imagens e vídeos estão sendo analisados pelo Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil (SERCOPI/DRCC) da Polícia Federal, em Brasília/DF, que atua na investigação.
Os trabalhos policiais tiveram o apoio do Secretariado Geral da Interpol, localizado na cidade francesa de Lyon, tendo em vista que há vários anos as imagens das menores eram reportadas por estarem associadas a pornografia infantil e serem catalogadas no banco de imagens de exploração sexual infantil da Interpol.
Além disso, como parte da cooperação policial entre as autoridades norte-americanas e brasileiras, a Polícia Federal também contou com informações provenientes da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI), da Embaixada dos Estados Unidos, uma vez que diversos integrantes da organização criminosa eram cidadãos norte-americanos condenados por crimes sexuais contra crianças.
Destaca-se que a comercialização das imagens aconteceu por muitos anos, por diferentes meios de pagamentos, como cartões de crédito, transferências internacionais e, mais recentemente, também por criptomoedas. O montante total das transações está sendo apurado.
Dez pessoas foram indiciadas pelos crimes de organização criminosa, violação sexual mediante fraude, importunação sexual, assédio sexual, registro não autorizado da intimidade sexual, disponibilização de material pornográfico e estupro de vulnerável. Na medida de suas participações, os indiciados poderão responder pelos crimes citados, tipificados em Lei e no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Denúncias e informações sobre o caso poderão ser enviadas ao e-mail [email protected]
(Fonte: Comunicação Social da Polícia Federal em Itajaí/SC)