Uma semana após o início da guerra na Ucrânia, o avanço nos preços de algumas matérias-primas básicas indica que o impacto da inflação no bolso do consumidor deve ser forte.
Desde 23 de fevereiro, o petróleo subiu 16,6%, de US$ 96,84 para US$ 112,93 o barril do óleo tipo Brent.
Na Bolsa de Chicago, a cotação do trigo aumentou 19,7% (de US$ 8,85 para US$ 10,59 por bushel) e o milho, outros 6,5% (de US$ 6,81 para US$ 7,25 por bushel).
Esses são os produtos nos quais Rússia e Ucrânia são mais fortes no comércio global.
A guerra e disparada no preço do petróleo pegou a Petrobras com seus preços inalterados há 47 dias. A Petrobras disse, porém, que a valorização do real frente ao dólar contrabalançava a alta do barril e ajudava a segurar os preços dos combustíveis. Com isso, ganharia tempo para avaliar se as mudanças trazidas pela guerra seriam estruturais e permaneceriam por um longo prazo, o que justificaria novos aumentos, ou se eram eventos pontuais.
Com a guerra, o dólar voltou a se valorizar sobre o real.
A Petrobras sofre grande pressão do governo para não reajustar a gasolina e o diesel, porque isso gera inflação e afeta o orçamento das famílias.
Com isso, crescem as exigências para que o governo e o Congresso apresentem uma solução urgente. O senador Jean-Paul Prates (PT-RN) espera votar na semana que vem dois projetos de lei que vão tentar frear a alta dos preços dos commbustíveis.
Um dos projetos de lei, prevê a criação de um fundo de estabilização para os combustíveis, abastecido pelas receitas com royalties de petróleo, participações especiais e dividendos pagos pela Petrobras à União. O outro, prevê a criação de uma alíquota única de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que é um tributo estadual, sobre os combustíveis.
“É a primeira vez que o Brasil é pego por uma onda de alta (do petróleo) sem nenhum escudo de proteção da volatilidade lá de fora. Estamos completamente expostos”, disse o senador.
A depender do desenrolar do confronto, analistas alertam que o avanço dos preços não deve parar por aí, e o impacto nas cotações dos produtos e de seus derivados no Brasil deve aparecer em breve.
Fonte: Estadão, Folha de São Paulo, Exame