Porto Velho/RO – São registrados por ano em Rondônia cerca de 600 acidentes envolvendo animais peçonhentos. O problema se agrava nesta época do ano, em virtude do período de chuvas. Estes animais só atacam quando se sentem ameaçados.
As cobras Jararaca, Coral e Surucucu ‘bico de jaca’ representam 90% das ocorrências de acidentes com animais peçonhentos no Estado. O restante fica por conta das aranhas – 8%- e os escorpiões -2%- segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde.
Segundo o biólogo Flávio Terrassine, a chuva não é o único motivo que faz com que os animais saiam da toca nos quatro meses de inverno. “Essa é a época de acasalamento. De cada 20 aranhas que chegam até nós, por exemplo, 18 são machos, todas em busca de fêmeas para o acasalamento”, explica. Escorpiões, abelhas e formigas, especialmente a amazônica ‘tuncandeira’ complementam a lista de peçonhentos.
Flávio, que também é pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), diz que a maioria dos acidentes com animais peçonhentos poderia ser evitada, se as pessoas não invadissem o espaço desses bichos. “Só atacam quando se sentem ameaçados e os ataques geralmente acontecem no momento de se alimentar ou defender”, explica. Segundo ele, também há a falta de informação. “As pessoas não se vestem adequadamente para entrar no mato. É preciso calçar botas e vestir calças compridas”, orienta.
A aranha ‘armadeira’ é a mais comum na região. Ela pode alcançar até 13 centímetros, bem menor que a temida caranguejeira, mas muito mais perigosa. “Como o nome já sugere, ela é agressiva, se arma para atacar”, ressalta Flávio. Elas habitam com maior freqüência bananeiras e terrenos baldios, o que eleva o risco de ataques, levando em conta o grande número de imóveis abandonados, ao longo dos municípios rondonienses.
Veneno
As serpentes Sucuri e Jibóia, de acordo com o biólogo Saymon de Albuquerque habitam a região de Porto Velho. O pesquisador desmente a antiga crendice de que em alguns meses elas ficam venenosas. “Nem uma nem outra é venenosa, em época alguma”, afirma. Condutas adotadas, especialmente por ribeirinhos, para curar a picada de cobras são reprovadas pelos pesquisadores. “Amarrar com tipóia, cortar a parte mordida, colocar urina, seja o que for, não resolve. Só mesmo o soro antiofídico para curar”, afirma o biólogo.
Captura
O Corpo de Bombeiros recomenda a população a não matar animais. Segundo informações da corporação, o procedimento correto é acionar os bombeiros que farão a captura dos bichos com os instrumentos adequados. Os serviços podem ser solicitados pelo telefone número 193. Os bombeiros soltam o animal em seu habitat natural e em área isolada da população.