Reeleito para mais quatro anos no comando da Prefeitura da capital, Ricardo Nunes (MDB) se diz grato à “lealdade” de Tarcísio de Freitas (Republicanos) pelo apoio recebido durante a campanha eleitoral e defende a candidatura do governador à Presidência da República em 2026, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também lhe apoiou, continue inelegível.
Em entrevista ao Metrópoles, Nunes promete cumprir seu novo mandato (2025-2028) até o fim, descartando concorrer ao governo estadual caso Tarcísio dispute o Palácio do Planalto daqui a dois anos, mas se vê como ministro caso o governador se eleja presidente. “Se Tarcísio vencer a eleição e me convidar para ser ministro, aceitaria trabalhar com ele [risos]. Ele assumiria e, em 2028, caso eu seja chamado, irei”, diz.
O prefeito recebeu a reportagem em seu gabinete, no Edifício Matarazzo, centro da capital, nessa terça-feira (29/10), para entrevista em que avaliou a campanha eleitoral, após derrotar o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que contava com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com mais de 1 milhão de votos a mais do que o adversário no segundo turno, ele afirma que, caso Pablo Marçal (PRTB) não tivesse entrado na disputa, poderia ter sido eleito ainda no primeiro turno.
Apesar do distanciamento durante a campanha, Nunes diz que sua reeleição “reflete também uma vitória para Bolsonaro”, que não fará “distinção ideológica” para montar a nova equipe de governo, e reafirma compromissos assumidos em sua propaganda, como bater novo recorde de investimentos públicos na cidade e subir a posição da cidade no Índice de Desenvolvimento Básico (Ideb).
Confira a íntegra da entrevista:
O senhor foi criticado na campanha por não ter uma marca de gestão, e sempre rebatia mencionando a saúde financeira da Prefeitura, que permitiu aumentar os investimentos em várias áreas da cidade. Qual marca o senhor gostaria de deixar neste segundo mandato?
Na verdade, nunca me preocupei muito com isso. Meu foco sempre foi realizar ações concretas. Por exemplo, criei o Faixa Azul, a Rede da Hora, com cursos para a juventude e economia criativa, o programa habitacional Pode Entrar, o Domingão Tarifa Zero, o transporte aquático, entre outros. Posso listar várias inovações. Sempre defendi que não se governa uma cidade como São Paulo, maior que muitos países, buscando uma única marca. Acredito que um conjunto de políticas públicas é o que realmente importa.
Agora, além dessas ações, que vamos expandir no próximo mandato, temos algumas novidades. O Centro TEA, para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, já vai inaugurar o primeiro agora, e até o fim do ano teremos um em cada região da cidade. O Paulistão da Saúde, que vai reunir vários equipamentos de saúde em um único local, facilitará o acesso dos usuários a consultas e exames. Também temos o EmpreendaSP, com cursos profissionalizantes. Atualmente, para o jovem empreendedor, já existe o Meu Trampo, que ensina a empreender, e o Avança Tech, com cursos de tecnologia em parceria com o Centro Paula Souza. Hoje, estamos presentes em 42 CEUs, vamos expandir para 58 e, com mais 12, teremos 70 unidades. Esses serviços serão fundamentais para os jovens, sem a preocupação de estabelecer uma única bandeira de marketing.
No discurso após a vitória, o senhor atribuiu a reeleição ao governador Tarcísio, fazendo uma única menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Qual foi, afinal, a importância de Bolsonaro na sua reeleição?
O Bolsonaro teve uma importância significativa desde o início. Ao trazer o PL para nossa coligação e evitar o lançamento de um candidato à direita, ele foi fundamental. Depois, ocorreu a candidatura de Pablo Marçal, algo inesperado e fora de controle. Até então, nossa estratégia sempre foi clara: unir o centro e a direita contra a extrema esquerda. Ele também indicou o coronel Mello Araújo, que contribuiu bastante, e esteve em nossa convenção. É importante ressaltar que, embora Bolsonaro tenha feito campanha para outros candidatos do PL, seu apoio foi simbolizado pela presença de Tarcísio, que é governador graças a ele e esteve firme ao nosso lado.
Mas a sua vitória também pode ser considerada uma vitória do ex-presidente?
Ao derrotarmos Guilherme Boulos, candidato do Lula, nossa vitória reflete também uma vitória para Bolsonaro. Quando uma candidatura apoiada por ele supera a extrema esquerda e o candidato do principal adversário, o Lula, isso representa uma vitória para o ex-presidente.
E como será a relação com Bolsonaro daqui para frente, no próximo mandato?
Será uma relação de normalidade. Hoje mesmo conversei com ele, em uma chamada de vídeo com o Fábio Wajngarten [assessor e advogado do ex-presidente], que estava com ele. Bolsonaro me apoiou, indicou o vice e também teve o apoio do Tarcísio, que é próximo dele. Vou retribuir esses apoios. Sempre tive como princípio a lealdade e o reconhecimento, e espero continuar assim, aguardando o que ocorrerá em 2026.
O apoio de Tarcísio foi “fundamental”, algo que o senhor já afirmou diversas vezes. Na sua opinião, ele tem condições de disputar a Presidência e derrotar o Lula em 2026 ou deve buscar a reeleição no governo?
Se o presidente Bolsonaro não conseguir reverter sua inelegibilidade, apoio Tarcísio como candidato. Ele demonstrou seriedade, resultados concretos, capacidade de gestão, equilíbrio e lealdade. Não é uma pessoa extremista, mas construtiva, e isso ficou claro nesta eleição. Teve gente aí que, na hora que eu dei uma caidinha na pesquisa, saiu. Isso demonstra a falta de caráter das pessoas, e o Tarcísio mostrou justamente o contrário. Na hora que eu mais precisei, ele não se preocupou em receber críticas, em correr o risco de carregar junto com ele uma derrota. Esse comportamento consolidou a imagem de Tarcísio como um grande vitorioso.
Nesse cenário, se ele realmente sair em 2026 para concorrer à Presidência, o senhor consideraria uma candidatura ao governo do estado?
De forma alguma. Meu compromisso é cumprir os quatro anos como prefeito. É um compromisso tanto com a cidade quanto comigo mesmo.
E depois disso?
Se Tarcísio vencer a eleição e me convidar para ser ministro, aceitaria trabalhar com ele [risos]. Ele assumiria e, em 2028, caso eu seja chamado, irei.
O senhor já conversou sobre isso com ele?
Só deixei claro para o Tarcísio que, qualquer que seja sua decisão futura, seja como candidato à Presidência ou à reeleição, terá em mim seu primeiro aliado.
Nas eleições, o senhor se posicionou no espectro centro-direita, aproximando-se de Bolsonaro e Tarcísio. Mas, até então, o governo iniciado pelo Bruno Covas e assumido pelo senhor incluía nomes mais à esquerda, como Marta Suplicy, Soninha Francine e Aldo Rebelo. Neste novo mandato, o senhor manterá essa diversidade, ou o governo será mais à direita?
Se o perfil do nome for adequado para as políticas públicas necessárias, não farei distinção ideológica. Todos esses nomes, como o Aldo, que fez um bom trabalho enquanto esteve aqui, e a Soninha, que também é uma boa secretária, contribuíram de forma relevante. Lógico que, numa nova gestão, haverá mudanças em algumas posições e pastas para atender a novas metas, mas isso não será motivo de exclusão. Em 2022, o presidente Lula já demonstrou seu posicionamento ao apoiar o Boulos, retirando-o da disputa para governador e lançando-o como candidato a prefeito. Ou seja, já estava claro que tanto Lula quanto Boulos se posicionariam contra minha candidatura. Meu posicionamento sempre foi de centro, com convergências em pautas que o presidente Bolsonaro defendia, como o livre comércio, a posição contra a liberação das drogas e o aborto. Sempre mantive minhas convicções. No contexto eleitoral, vi que a união do centro com a direita venceria a esquerda, então, estrategicamente, essa foi a escolha. Se o PL tivesse lançado um candidato, poderia ter sido desfavorável. Pablo Marçal [PRTB] entrou na disputa, mas, com sua arrogância e falta de equilíbrio acabou não chegando ao segundo turno. Foi dentro desse cenário, que começou em 2022, que montamos nossa estratégia para 2024.
O senhor avalia que Marçal foi um adversário mais difícil do que Boulos? No segundo turno, Boulos não foi uma ameaça?
No primeiro turno, as pesquisas indicaram momentos em que eu poderia ir ao segundo turno com Marçal, com Boulos em terceiro. Embora a realidade final possa ter sido diferente, os trackings indicavam que venceríamos Marçal mais facilmente que Boulos no segundo turno. De todo modo, para nós, não fazia muita diferença quem fosse para o segundo turno, mas sem Marçal talvez não houvesse segundo turno.
Seu governo, então, será mais alinhado ao bolsonarismo?
Não, vou continuar do mesmo jeito. Fiz questão de dizer no meu discurso que governarei para todos. Carrego isso comigo e seguirei aplicando em uma cidade deste tamanho, onde é essencial agir com equilíbrio e responsabilidade.
Alguns aliados sugerem que seu vice, Coronel Mello Araújo, pode ocupar uma secretaria importante, como a de Transportes. Ele terá um papel no governo?
Ele terá uma participação relevante sim. Não decidimos ainda, mas cogito algo como uma secretaria executiva de questões estratégicas. Ele pode, estando aqui no dia a dia, ajudar em áreas como segurança, transporte e zeladoria, atuando como uma voz do vice-prefeito nesses temas de importância para a cidade.
E quanto à composição do secretariado? São 12 partidos, e o PL, Podemos e MDB cresceram na Câmara. Como será a divisão?
Não fiz compromisso de secretaria com partido algum, o que sempre afirmei desde o início. Todos sabem que meu diálogo é muito aberto, e eles podem sugerir nomes, que analisaremos. A responsabilidade final sobre o secretariado, porém, é minha, e a população cobrará de mim se não entregarmos o que prometemos. Os partidos já participam do governo. Ajustes serão feitos conforme necessário, sempre com foco em quem contribui.
O senhor aumentará o número de secretarias, como defendem alguns aliados, como o presidente da Câmara, Milton Leite (União)?
A princípio, não. Defendo um governo enxuto e eficiente. Não vejo necessidade de ampliar o número de secretarias.
Se não houver nomeação para secretarias, como o senhor pretende retribuir o apoio recebido na campanha? Os partidos certamente desejam fazer parte do governo.
Eles já participam. A maior retribuição que posso oferecer é uma boa gestão, com acesso direto ao prefeito. Cada partido poderá defender seus temas, e estamos abertos a boas ideias e projetos. Sei dizer sim e não quando necessário.
O senhor pretende trocar os subprefeitos? Como distribuirá as subprefeituras? Os vereadores ainda vão manter a influência nesses órgãos?
Os partidos poderão sugerir nomes sim. É um governo desgastante, então, se percebemos que alguém está sobrecarregado, é hora de trocá-lo ou realocá-lo. Essa manutenção é constante devido à alta demanda. Todos podem ser substituídos, exceto o prefeito e o vice.
Na Câmara, a base que apoiou o senhor possui 37 cadeiras, mínimo necessário para aprovações qualificadas. Porém, alguns parlamentares apoiaram Pablo Marçal. Como será sua relação com esses eleitos?
Se o projeto é bom, eles vão lá e votam. Mas são poucos [os apoiadores de Marçal] ali. A gente teve dois traidores. O traidor Rubinho Nunes e o traidor que é o cara da Rota lá, o sargento Nantes, que não soube o que está escrito na Rota. Não tem honra. É o cara da Rota sem honra. Então, são esses dois traidores aí. Eu mando um projeto bom lá, se eles não votarem, eu conto para todo mundo que eles não votaram. Mas, de traidor, eu quero distância.
O senhor foi vereador por dois mandatos. Como avalia a política municipal sem a figura de Milton Leite, que é muito influente na cidade e anunciou aposentadoria?
Milton me disse que vai se dedicar à vida pessoal e privada, o que ele tem todo o direito, considerando seu histórico e sua base. Ele sempre terá minha consideração e é alguém com quem posso contar para conselhos. Na Câmara, sempre surgem novas lideranças. No passado, tivemos nomes como Brasil Vita, Antônio Carlos Rodrigues e Milton, cada um sucessivamente melhor que o anterior. Agora, novas lideranças surgirão, o que é natural e positivo para a renovação.
O senhor vê alguém com potencial para assumir essa função? Vai incentivar alguém?
Existem muitos experientes. Sidney Cruz (MDB) relatou o orçamento várias vezes e tem boa capacidade de diálogo. Fabio Riva (MDB), que já foi líder do governo, e Ricardo Teixeira (União), muito respeitado e articulado. João Jorge (MDB) e Sandra Tadeu (PL), também com bagagem significativa.
Quase um nome de cada partido, não?
Não foi intencional. Temos, de fato, muitas pessoas capazes que, acredito, farão um bom trabalho e trarão novas lideranças. A saída do Milton abre espaço para renovação que será positiva para a Câmara.
Até o fim do seu mandato, quantos ônibus elétricos São Paulo terá?
Todos que a indústria conseguir entregar. Dinheiro já temos, incluindo recursos do Banco Mundial, do BNDES e da Caixa Econômica Federal. Os financiamentos estão prontos e aprovados. A única questão é garantir o uso eficiente do recurso público. O contrato estipula que os ônibus circulem por 10 anos, e substituímos cerca de mil ônibus anualmente. Se trocarmos um veículo antes dos 10 anos, há um custo extra para a Prefeitura. O ideal é que, conforme a regulamentação, os concessionários substituam ônibus a diesel apenas quando completarem 10 anos. Com isso, teremos cerca de mil novos ônibus elétricos anualmente, totalizando de 4 a 5 mil nos próximos quatro anos, dentro das limitações da indústria. Alguns dizem que vão trocar metade da frota, mas a indústria atualmente não tem essa capacidade. Também não seria economicamente viável substituir veículos com menos de 10 anos. Então, equilibramos a questão ambiental com a financeira, evitando custos desnecessários para o município.
Em relação à questão financeira, a tarifa de ônibus, que está congelada há quatro anos em R$ 4,40, vai subir no próximo ano? Há planos para equipará-la à do metrô, que cobra R$ 5?
Equiparar, não. Em dezembro, recebo as planilhas de custos para ver se conseguiremos manter a tarifa, que é meu objetivo. A do metrô está em R$ 5? No momento, não há planos para elevar a tarifa para R$ 5, R$ 5,10, R$ 4,90 ou R$ 4,50. Em dezembro, com a planilha em mãos, avalio a situação. Minha intenção é manter a tarifa, desde que seja viável. No entanto, não vou tirar recursos da saúde ou da educação para subsidiar o transporte. É necessário equilibrar todas as políticas públicas. Então, em dezembro faremos uma análise detalhada e tomaremos uma decisão.
A Prefeitura assumiu a operação das empresas de ônibus Transwolff e a Upbus há mais de seis meses, após operação do Ministério Público por suspeita de lavagem de dinheiro do PCC. No período de intervenção, encontraram irregularidades nos livros caixa ou desvios? Qual a situação atual das empresas?
Recebo o relatório de auditoria esta semana. Hoje [terça-feira] pela manhã, [o secretário da Casa Civil] Edson Aparecido solicitou a conclusão do documento. Vou revisar o material e agendar a apresentação.
Até agora, o senhor tem alguma avaliação preliminar?
Identificamos apenas problemas pontuais, como ajustes no pagamento de horas extras. Não há indícios de irregularidades graves até o momento. O relatório nos trará mais detalhes.
Sobre as finanças, o senhor mencionou a saúde financeira de São Paulo. Em um ano, a reserva em caixa reduziu de R$ 32 bilhões para R$ 22 bilhões. Neste ano, até aqui, a Prefeitura arrecadou R$ 80 bilhões, mas já gastou R$ 88 bilhões. É possível esperar redução no ritmo de investimentos em 2024?
Não, teremos recorde de investimentos. É uma questão contábil: parte dos recursos do ano anterior está sendo usada no seguinte. Mesmo com a redução no caixa, estamos com boa capacidade de investimento e possibilidade de financiamento. Em 2024, daremos continuidade a obras como a Ponte Pirituba-Lapa, duplicação da Ponte Interlagos, túnel Chucri Zaidan, entre outros projetos. Além disso, o orçamento será de R$ 123 bilhões, e vamos intensificar as operações urbanas, como o boulevard na JK. Vamos bater recorde de investimento novamente no próximo ano.
O senhor continuará com a política de realizar obras sem licitação em casos de “emergência”, prática criticada pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) e investigada pelo Ministério Público?
Se houver necessidade de uma obra emergencial, ela será feita. A emergência é determinada pela Defesa Civil e pelos engenheiros da Prefeitura. Eu nunca solicitei que fizessem uma obra de emergência sem justificativa. Contudo, se for necessário, ela será realizada.
Mas era isso que acontecia?
Estou dizendo que não farei isso. Não sei se faziam antes, mas eu sei que eu não farei. Já realizamos as principais ações. Agora, o que caracteriza uma obra emergencial? Vou citar um caso concreto para que todos compreendam. O T5, o viaduto na Marginal do Pinheiros que cedeu em 2018, foi uma obra emergencial durante a gestão do Bruno. Não havia alternativa a não ser fazer. Embora o relatório do Tribunal de Contas tenha sugerido que aquela emergência foi “fabricada”, isso mostra o nível de confiança que se pode ter em alguns relatórios [tom irônico]. O importante é que tenhamos consciência tranquila, façamos o que é correto e combatamos a corrupção de forma exemplar. Todos os processos passam pelo controle rigoroso da nossa Controladoria, com total determinação de responsabilidade. Se alguém está em risco, precisamos agir. Infelizmente, há muita desinformação, e isso é usado de maneira política.
Mas fazem isso porque é algo atípico, prefeito. O número de obras emergenciais foi bem acima da média histórica da cidade.
Faça uma análise proporcional em relação ao total de obras. Foram 8 mil obras. Quantas foram emergenciais? Em torno de 235. Ou seja, para quem realizou milhares de obras, ter cerca de 50 emergenciais é pouco.
Não, o IPTU não vai subir, já definimos isso. Haverá apenas a correção pela inflação, sem aumento de imposto.
Já fecharam o índice?
Não, será com o índice de fechamento do ano.
Em dezembro de 2028, no fim do novo mandato, qual será a posição de São Paulo no Índice de Desenvolvimento Básico da Educação (Ideb), depois da queda registrada na última avaliação?
Estaremos entre as 10 melhores cidades do Brasil, talvez até entre as 5 melhores.
No seu plano de governo, foram listadas diversas melhorias na saúde, mas não houve uma análise específica sobre quais áreas precisam de maior atenção. Quais serviços da saúde serão priorizados?
Não é um serviço específico; precisamos reduzir as filas para exames e cirurgias. Já avançamos muito, mas continuaremos investindo para melhorar. Aumentaremos os investimentos, expandiremos a capacidade de atendimento e aplicaremos novas metodologias para aprimorar o serviço. Contudo, há desafios. Alguns contratos antigos limitam a flexibilidade para implementações rápidas, como nas licitações de exames, que enfrentaram judicialização e nos obrigaram a fazer contratos emergenciais. Para contornar isso, estamos instalando minilaboratórios nas UPAs e planejando um laboratório próprio da Prefeitura. Esse trabalho de modernização será contínuo e com rigor no cumprimento dos contratos, garantindo que bons serviços sejam pagos e falhas sejam corrigidas.
Como ficará a relação com a Enel por causa dos apagões agora que o senhor foi reeleito? Vai buscar alguma nova abordagem com a concessionária distribuidora de energia?
Precisamos que a imprensa ajude a evidenciar a relação do ministro de Minas e Energia [Alexandre Silveira] com a Enel, principalmente pelo fato de o amigo dele presidir o Conselho da Enel. É difícil acreditar que seja coincidência. O governo federal precisa assumir responsabilidade, largar a postura omissa e romper o contrato com a Enel. Com o respaldo que recebi nas urnas, espero que entendam que a população quer uma solução para essa situação e não mais tentativas de jogar a responsabilidade para a Prefeitura.
Há outro fornecedor importante para a cidade que também enfrenta críticas pela baixa qualidade de serviço: as duas concessionárias de coleta de lixo, que registram apenas 2% de material reciclado. O senhor renovou o contrato com elas. Ao final do próximo mandato, qual percentual de reciclagem São Paulo terá alcançado?
Temos como meta alcançar os 6% previstos pelo Marco do Saneamento e, talvez, superá-los. Com a renovação, fizemos um processo muito detalhado e responsável, verificando a capacidade de investimento das empresas e levando em conta estudos de entidades, como a FGV, a Agência Reguladora da Prefeitura e o Tribunal de Contas do Município. Essa renovação inclui investimentos em seis ecoparques, que melhorarão o índice de reciclagem. Atualmente, mais de 70% da cidade já conta com coleta seletiva, mas precisamos melhorar a separação e a reciclagem.
Qual será o futuro do Minhocão, a via elevada que corta o centro da cidade? O senhor pretende abordar esse assunto durante seu mandato?
A questão do Minhocão está judicializada. Vamos realizar a extensão da Avenida Marquês de São Vicente até o Tatuapé, o que permitirá atender ao fluxo de veículos entre as zonas oeste e leste, passando pelo centro. A desativação do Minhocão só ocorrerá após essa obra, para evitar aumento de trânsito na cidade. Nossa equipe já elaborou um pré-projeto de interligação com o Parque Augusta e atividades para tornar o espaço mais atraente, mas precisamos de alternativas viárias antes de desativá-lo. (Metrópoles)