Preocupados com os casos de infecção por coronavírus detectados entre os índios, magistrados se mobilizam para colaborar no enfrentamento da Covid-19, nas diversas comunidades de todo Estado. O titular dos Juizados Especiais Criminais de Ji-Paraná, juiz Maximiliano Deitos, aderiu ao movimento de uma rede de colaboradores (instituições, pessoas físicas, movimentos sociais) com objetivo de confeccionar, em caráter emergencial, máscaras artesanais destinadas às etnias indígenas, povos originários do Estado.
Os Juizados Especiais destinaram 7 mil e 500 reais para a confecção de cerca de 4 mil máscaras, recursos provenientes de transações penais oriundos de infrações ambientais de apreensão de madeira. O repasse foi feito mediante parceria com as Comissões Locais de Apoio ao Ingresso e Permanência Indígena da UNIR – Campus de Ji-Paraná, Presidente Médici e Rolim de Moura, com o apoio da pró-reitora de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis (Procea).
“A história dos povos indígenas no Brasil está marcada pela superação de grandes epidemias que assolaram suas aldeias ao longo dos séculos de contato entre povos indígenas e não indígenas. Assim, sabendo da vulnerabilidade dos povos indígenas no contato com os vírus, além dos impactos trágicos que epidemias ocasionaram/ocasionam às trajetórias desses povos, é de fundamental importância que instituições e sociedade civil se articulem para o combate ao coronavírus”, defender coordenadas pela professora Roseline Mezacasa, do Departamento de História, Câmpus de Rolim de Moura.
“Devemos honrá-los (os povos originários) e protegê-los, sob pena de ocorrer uma extinção em massa. Se não cuidarmos de nossos índios, quem irá cuidar? Não podemos esquecer que eles sempre estiveram aqui antes da colonização do Estado. Milhões já faleceram ao longo de nossa triste história por diversas epidemias avassaladoras, tais como varíola, sarampo, gripe e tuberculose. A vulnerabilidade biológica, somada à social, são motores de propagação do vírus, principalmente quando em contatos com garimpeiros ou invasores de terra, e isso deve ser levado em conta na análise da questão. Somos privilegiados, pois possuímos em nosso território um mosaico étnico indígena. O desaparecimento de uma cultura indígena é um bem imaterial inimaginável. Cabe a nós olharmos com mais carinho para nossos índios. Sociedade que não aprende com a história está fadada ao fracasso”, defendeu Maximiliano Deitos.
Pimenta Bueno
A juíza Roberta Cristina Garcia Macedo, titular da Vara Criminal de Pimenta Bueno, também aderiu à campanha, encaminhando 300 máscaras confeccionadas pelos apenados da comarca.
As etnias a serem contempladas nessa fase incluem Povo Aikanã, Terra Indígena Tubarão Latundê (50 máscaras); Povo Indígena Gavião e Arara, Terra Indígena Igarapé Lurdes (300 máscaras); Povo Indígena Kariana, Terra Indígena Kariana (500 máscaras); Povo Indígena Sakyrabiar, Terra Indígena Mequens (100 máscaras); Povo Indígena Suruí, Terra Indígena Sete de Setembro (224 máscaras); Povo Zoró, Terra Indígena Zoró (1.000 máscaras); Povos Indígenas de Guajará-Mirim, Terra Indígena Igarapé Ribeirão, Igarapé Lage, Rio Negro Ocaia, Pacaás Novos, Sagarana, Rio Guaporé (11.000 máscaras).
Fazem parte da rede de colaboradores, ainda, o Grupo Costureiras Flores do Campo – MST; Grupo de Pesquisa Geografia Socioambiental, Kanindé, Agir – Associação das Mulheres Indígenas de Rondônia, Grupo Costuras de Amor.
(Assessoria de Comunicação Institucional)