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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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ZÉ LOPES – O CARA QUE DEMARCOU A ZONA URBANA DE ROLIM DE MOURA

 Zé Lopes, recém-chegado a Cacoal em 1977 e agora, advogado em Porto Velho

 

Autor: João Paulo das Virgens Lima  – No ano de 1977 (11 de abril), com mais seis colegas de turma de Engenharia Agronômica, José Lopes de Oliveira veio para o então Território Federal de Rondônia. Recrutado e contratado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, foi destacado para laborar no Projeto Integrado de Colonização Gy Paraná – PIC GPN, com sede na então Vila de Cacoal, à época Município de Porto Velho/RO.

Desembarcou no PIC GPN no início do mês de maio do ano de 1977, recepcionado numa precária pista de pouso da Funai na localidade de Riozinho, pelos índios Suruís. Eram três silvícolas, pacificamente postados às margens da pista, nus, portando arcos e flechas, uma temeridade para quem nunca antes tivera contato com índio.

Minutos depois chegou a viatura do INCRA, terminando o primeiro impacto daquele neófito, nas terras de Rondon. E assumiu, imediatamente, a Chefia do Grupamento Técnico – GT do PIC. Cerca de um mês após, já foi designado para o Cargo de Executor Substituto, cumulado com a chefia do GT.

No Grupamento Técnico, coordenava todas as atividades fins do PIC GPN, que abrangia as áreas territoriais denominadas setores: Gy Paraná, Abaitará, Rolim de Moura, Tatu e Prosperidade, totalizando quase 500.000 (quinhentos mil) hectares de terra, hoje fatiado e dividido entre 11 Municípios (Cacoal; Pimenta Bueno; Espigão D’Oeste; Primavera de Rondônia; São Felipe; Santa Luzia D’Oeste; Alta Floresta D’Oeste; Novo Horizonte; Rolim de Moura; Castanheiras; e Rolim de Moura).

As atividades do Grupamento Técnico, em suma, consistiam em: demarcação dos lotes; assentamento de famílias; infraestrutura (estradas, pontes, bueiros, balsas, escolas, postos de saúde, etc.); assistência técnica (convênios); concessão de crédito; distribuição de sementes; assistência à saúde; titulação dos lotes; etc.

Em agosto de 1977, pessoalmente, coordenou a demarcação da primeira quadra do Núcleo Urbano de Rolim de Moura e promoveu a entrega das primeiras datas (lotes urbanos), marco inaugural que promoveu a destinação do território de 1.600ha, localizado no cruzamento das linhas 25 e 184, uma das três áreas reservadas pelo INCRA ao longo da linha 184 do setor Rolim de Moura, com fim de ocupação urbana.

Ali, naquela oportunidade, foram lançadas as sementes que germinaram e constituíram a pujante cidade de Rolim de Moura.

Em setembro de 1977, desfrutando de uma licença de duas semanas, viajou para o Rio Grande do Norte e casou-se com a potiguar Maria José Pinto de Almeida Lopes, hoje servidora pública aposentada do INCRA.

Do matrimonio nasceram três filhos: (Allan Cassio – Advogado; Alysson Ricardo – Analista de Informática; e, Lilian Patrícia – Médica Anestesista), todos naturais de Cacoal/RO. Lopes é avô de Giovanna, Alícia, e Victor Filho, todos nascidos em Porto Velho, com mais uma netinha para nascer em julho.

No ano de 1978 assumiu a titularidade do PIC GPN (Executor), cargo que desempenhou até o ano de 1982, quando se afastou para concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia – 1ª legislatura, não logrando eleger-se.

Em Lopes 1983 foi designado para coordenar a implantação do recém-criado Projeto de Assentamento Machadinho – PAMDO, localizado, à época, nos Municípios de Ariquemes e Jarú, em território totalmente florestado, desabitado, onde antes imperou o extrativismo da borracha, próximo da região estanífera da mineração Oriente Novo.

Lá, ele encontrou muitas colocações de seringueiros abandonadas. E iniciou o processo com vistas a colonização daquele território, pelo INCRA; desta feita ancorado no Projeto de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil – o POLONOROESTE, financiado pelo Banco Mundial, na ação denominada COLONIZAÇÃO DE NOVAS ÁREAS. Essa era a participação do INCRA no POLONOROESTE.

No PAMDO laborou de 1983 a 1985, deixando assentadas quase 3.000 (três mil) famílias no território rural, e mais de 1.000 famílias na área Urbana do Núcleo Principal, onde nasceu a cidade de Machadinho D’Oeste.

Nesse curto período da fase de implantação do PAMDO, além de ciceronear ilustres visitantes (muitas visitas de consultores do Banco Mundial e técnicos do POLONOROESTE), coordenava a demarcação topográfica dos lotes, o acompanhamento dos estudos de solo, a construção de centenas de quilômetros de estradas, o assentamento rural a partir de maio de 1984, a implantação do Núcleo Urbano Principal (cujo assentamento urbano foi inaugurado no início do ano de 1985), importando no nascimento da cidade Machadinho D’Oeste.

No referido Núcleo Urbano, através do INCRA realizou-se, inicialmente, o desmatamento de 20 hectares; fez-se arruamento e loteamento, a construção da sede administrativa, residências e alojamentos do INCRA, mais um complexo de infraestrutura típica dos Núcleos Urbanos de Apoio Rural, NUAR, para a instalação de outros órgãos públicos (administração do NUAR, EMBRAPA, EMATER, SECRETARIA DE AGRICULTURA, SUCAM, Escola de 1º grau, Posto de Saúde, casa de transito, etc.).

Construiu-se, ainda: Rede elétrica; Rede Hidráulica; Pista de Pouso; e, em alguns Núcleos Urbanos Secundários, foram construídos Escolas e Postos de Saúde Rural; etc.

Na época, o Projeto de Assentamento Machadinho era um enorme canteiro de obras, onde, quase ao mesmo tempo, operavam o 5º BEC que inaugurou a construção das primeiras estradas de acesso e da Malha Coletora Principal, e de duas pontes sobre o Rio Machadinho.

Tinham duas firmas de topografia promovendo a demarcação do loteamento rural (BASEVI e EMPROTO). O RADAM Brasil executando estudos de solos. A Empresa Industrial Técnica – EIT (que acabara de concluir um lote de asfaltamento da BR-364 na região de Vilhena), construiu dezenas de quilômetros de estradas Alimentadoras e de Penetração no PA Machadinho.

A empresa TRIUNFO executou as obras de construção civil no interior do Núcleo Urbano principal e a TOPOSERVICE e a INCOBRASIL e realizaram outras obras no Núcleo Urbano Principal.

Com todo esse esforço concentrado e coordenando uma ínfima equipe de abnegados servidores do INCRA, povoou-se rapidamente um enorme território rural com o assentamento rural iniciado em 1984; construiu-se uma cidade com a distribuição de lotes urbanos iniciada em 1985, transformando-se na sede do Município de Machadinho D’Oeste, criado em 1988.

Assim, um território de um Projeto de Assentamento Rural criado em 1983, em terras 100% florestadas, desocupadas, cinco anos após a criação formal do PA, transformou-se em Município (1988), quando completara apenas quatro anos de início do assentamento rural (1984) e três anos de inaugurado o assentamento urbano (1985). Ainda cedeu parte do seu território para outros dois Municípios, criados posteriormente (CUJUBIM e VALE DO ANARI).

O Projeto de Assentamento Machadinho, dentre os grandes Projetos de Colonização do INCRA, foi o mais estudado, pesquisado, acompanhado desde o Planejamento inicial, existindo dezenas de trabalhos científicos publicados por estudiosos de várias áreas, ante as fenomenais características inovadoras do mesmo comparado com os anteriores (PIC’s e PAD’s).

Embora o PA MACHADINHO não se situasse em solos de boa fertilidade natural, isso não foi empecilho para o desenvolvimento sócio econômico daquela região, apesar do enorme surto de malária nos primeiros anos. “Tenho muito orgulho dessa empreitada pioneira naquela região”, afirma o destemido pioneiro.

Em 1986 encerrou o seu oficio exclusivo no interior do Estado. Passou a laborar na sede da Superintendência Regional do INCRA, na cidade de Porto Velho, onde ocupou vários cargos, dentre eles: Chefe da Divisão Técnica e Superintendente Regional Adjunto.

Na elaboração da segunda aproximação do Zoneamento Sócio Econômico e Ecológico participou ativamente, tanto na Comissão Estadual do Zoneamento, representando o INCRA, como na Comissão Técnica, encarregado da temática de estrutura fundiária.

Mais uma vez integrou-se às ações de mais um financiamento do Banco Mundial, desta feita no programa denominado PLANAFLORO.

Em 2008 bacharelou-se em Direito e em 2009 passou a integrar os quadros da OAB/RO.

Em 2010 publicou o livro “RONDÔNIA – Geopolítica e Estrutura Fundiária”, em homenagem aos 40 (quarenta) anos de criação do INCRA.

Em 2011 aposentou como Engenheiro Agrônomo do INCRA e hoje labora, com moderado esforço, como Advogado em Porto Velho/RO.

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